Sérgio Pererê lança disco cantando músicas de Milton Nascimento nas plataformas digitais neste Natal

Álbum “Canto Negro para Milton Nascimento” foi gravado em 2021, em show realizado em Belo Horizonte, e chega agora às plataformas de streaming

Não é segredo que Sérgio Pererê tem em Milton Nascimento umas de suas grandes referências musicais. Mais que isso, Bituca guarda importância singular na trilha sonora biográfica do multiartista mineiro. Homenageá-lo, então, foi algo natural para Pererê, que em 2021, durante o período de isolamento social da pandemia da Covid-19, realizou o espetáculo “Canto Negro para Milton Nascimento”, com banda e dez convidados, e transmitido pelo YouTube. Agora, no dia de Natal, 25/12, Sérgio Pererê lança o álbum que ressalta a africanidade da obra de Bituca.

“Milton faz parte da minha vida há muito tempo. Da minha vida pessoal e também da minha família. E, claro, da minha carreira. Tive a oportunidade de cantar com ele no Lincoln Center, em Nova Iorque, em 2006. Nesse mesmo ano, fiz a peça ‘Bituca – O Vendedor de Sonhos’, que apresentamos no Rio de Janeiro’, e Milton foi assistir. Foram momentos emocionantes, que só aumentaram sua importância para mim”, diz Pererê, que gravou uma versão de “Promessas do Sol” em seu mais recente álbum, “História do Mundo” (2023).

O músico ressalta que a ideia, agora, é que o disco seja um presente de fim de ano para os ouvintes, celebrando o Natal e as festas de Ano Novo. “Fiz algumas coisas neste formato, por conta da pandemia, gravadas com teatro vazio e transmitidas pela internet. São materiais que acabaram não circulando de verdade e que, por isso, não criamos intimidade no palco. Fazer este lançamento agora é importante para mim, para os músicos e, principalmente, para o público”, afirma.

“Esse disco é quase como dizer: ‘Milton Nascimento, presente’. Estamos dando de presente a nossa leitura de parte da obra dele. Para mim,  também foi um presente imenso receber essas 10 participações no álbum, cada uma com uma energia, uma força e um talento”, complementa o artista mineiro.

“Canto Negro para Milton Nascimento” reúne a participação de 10 artistas de peso da música brasileira. Todas as músicas são versões que Sérgio Pererê desenvolveu ao lado de uma competente banda, em arranjos repletos de percussão, cânticos e brasilidades. 

A produção e a direção musical são assinadas por Richard Neves (tecladista da banda Pato Fu) e Pererê. A banda que o acompanha no disco conta com Acauã Rane (baixo elétrico e guitarra), Camila Rocha (baixo elétrico e baixo acústico), Débora Costa (percuteria e pad eletrônico) e André Siqueira (flautas e pífanos). Nas gravações, Pererê canta e interpreta uma série de instrumentos, como djli ngoni, ronroco, ilimba, mbria e tama.

Como o título aponta, “Canto Negro para Milton Nascimento” traz um repertório que enfoca a relação das canções de Bituca com a África – destacadas pelos novos arranjos da banda e pelas nuances vocais de Pererê. “As músicas que compõem o disco trazem essa africanidade da obra de Milton Nascimento. Ressaltam determinadas células rítmicas, revelam um caráter especial desse canto negro”, afirma Pererê. 

Na lista, entram canções como “Pai Grande”, “Cravo e Canela”, “Bola de Gude, Bola de Meia”, “Maria Maria”, “Morro Velho”, “Cio da Terra”, “Canção do Sal”, “San Vicente” e “Travessia”. “O resultado do show gravado foi tão rico que pareceu destinado a ser ressignificado e reapresentado no futuro. Por isso, o lançamento do disco agora, como presente de Natal, reforça essa ideia “, avalia Pererê. 

Entre as participações no álbum, destaque para a voz imponente de Robert Frank em “San Vicente”; e para a presença de um time competente de mulheres, fazendo jus às cantoras que sempre marcam presença nos projetos de Pererê. Entre elas, o brilho de Nath Rodrigues em uma interpretação única de “Caxangá”; a presença da jovem cantora Azulla no clássico “Maria Maria”; o flow das rappers Tamara Franklin em “A Lua Girou”, e Ohanna em “Notícias do Brasil”; e a singularidade de Jéssica Gaspar em “Canoa Canoa”.

A gravação foi realizada ao vivo, em maio de 2021, durante uma série de quatro dias, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, em Belo Horizonte. A mixagem e masterização foram realizadas no Estúdio Engenho, na capital, sob a batuta André Cabelo.

Sobre Sérgio Pererê

Sérgio Pererê é cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e diretor musical. Seu trabalho é reconhecido pelo diálogo que estabelece entre a tradição e a experimentação, pela profusão de sonoridades – com destaque para referências afro-latinas –, e pelo timbre peculiar de sua voz. Sua poesia entrelaça temas cotidianos a enunciados metafísicos e elementos do sagrado de matriz africana, como o culto à ancestralidade e aos orixás. Fez apresentações em várias regiões do Brasil e em países como Canadá, Áustria, Espanha, Moçambique, China e Argentina. Sérgio Pererê considera-se amadrinhado pelas raízes banto de Minas.