Em cartaz no Museu Mineiro até 18 de janeiro de 2026, a exposição Fábrica de Pedras, de Daniella Domingues e Victor Galvão, apresenta um conjunto inédito de esculturas, desenhos, vídeos e instalações fotográficas desenvolvidos a partir de pesquisas de campo em regiões vulcânicas e de um processo colaborativo que atravessa diferentes materialidades.
A mostra nasce quando os artistas reconhecem, em suas práticas individuais, um interesse comum pelos vulcões e pelos processos geológicos como forças de criação, destruição e reorganização da matéria. A partir desse encontro, filmes, amostras, fotografias, rochas e anotações acumulados ao longo de anos foram editados em conjunto, dando origem a obras que tratam a ação geológica como gesto, metáfora e experimentação.
O título da exposição parte da observação direta dos vulcões. Para Victor Galvão, eles funcionam como estruturas que “criam camadas novas de matéria e transformam completamente o território, reorganizando tudo o que existia ali antes”. Essa lógica orienta a construção das obras, que exploram tanto processos naturais quanto ações humanas sobre a matéria.
As peças da exposição formam uma paisagem em camadas. Impressões fotográficas em tecidos e papéis de diferentes texturas convivem com desenhos criados por meio de cianotipia e com objetos que articulam moldagem, modelagem e assemblage. O enxofre — elemento diretamente relacionado à atividade vulcânica — aparece nas imagens e também integra a composição de algumas esculturas, que combinam gesso, poliuretano, seda, rochas e cera de abelha.
Para Daniella Domingues, “cada peça nasce de uma referência geológica, mas não se limita a ela — há sempre um deslocamento para outras materialidades, um contraste entre o acidental e o intencional, entre a forma natural e o gesto humano”. A artista descreve parte do processo como uma ação quase ritual, um modo de aproximar o corpo dos ritmos de transformação da Terra.
Grande parte dos materiais reunidos na exposição foi coletada durante a residência realizada pelos artistas em junho de 2025 na Cittadellarte / Fundação Pistoletto, na Itália, que incluiu pesquisas no Vesúvio, em Campi Flegrei e no Etna. Experiências anteriores de viagens também reverberam no projeto, como a passagem de Victor pelo Cotopaxi e por Galápagos, em 2017, e a pesquisa de Daniella no Popocatépetl, no México, em 2024.
A parceria entre os dois segue uma lógica de expansão. “Somos muito parecidos nos interesses e na curiosidade. Trabalhar junto torna tudo mais ágil e mais livre — uma ideia puxa outra, sem hierarquia”, afirma Victor. Daniella completa: “editar e desenvolver o que o outro começa é natural. Isso nos incentiva a testar materiais e processos que talvez não experimentaríamos sozinhos”.
Segundo os artistas, Fábrica de Pedras busca provocar no público o mesmo assombro que acompanha os encontros com a força geológica da Terra. “As escalas de tempo e transformação ultrapassam a experiência humana e nos lembram que também somos matéria em mudança”, diz Daniella.
Fábrica de Pedras — Daniella Domingues e Victor Galvão
Em cartaz até: 18 de janeiro de 2026
Local: Museu Mineiro
Endereço: Av. João Pinheiro, 342, Funcionários — Belo Horizonte
Visitação: terça a sábado, das 10h às 17h
Entrada gratuita




Adicionar Comentários