Excesso de conectividade é prejudicial

Headhunter e CEO da Prime Talent Executive Search, David Braga fala sobre os impactos do exagero no acesso à vida digital dos profissionais e diz que, mais que nunca, a vida pede equilíbrio    


Com novas tecnologias sendo incorporadas à rotina, acesso facilitado à internet e a grande maioria das pessoas com um smartphone em mãos, estar conectado é praticamente uma condição de sobrevivência na atualidade. Os celulares se tornaram verdadeiros computadores onde as pessoas podem resolver grande parte de suas questões de vida: do acesso ao banco à uma reunião de trabalho, passando pelo recebimento de documentos à resolução de problemas. “Mas como tudo na vida, é preciso equilíbrio quando o assunto é a vida digital na palma das mãos, afinal, o excesso dessa conectividade tem gerado problemas sérios, tanto no âmbito profissional, quanto no pessoal”, alerta o headhunter e CEO da Prime Talent Executive Search, David Braga.  

Hoje, para a grande maioria da população, conviver com um bombardeio diário de informações recebidas por diferentes meios – e-mails, mensagens diretas via Whatsapp ou Telegram, mensagens via as inúmeras redes sociais (Instagram, Linkedin, Facebook), além das ligações telefônicas – se tornou corriqueiro. E, em geral, as respostas são cobradas de forma quase que imediata, o que pode impactar diretamente no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. 

Segundo Braga, o excesso de conectividade no ambiente corporativo pode atrapalhar – e muito – a produtividade. “Várias são as pesquisas que comprovam que o celular e as mensagens são os fatores que mais atrapalham o desempenho no trabalho, pois muitos ficam de olhos atentos, a todo momento, a tudo que chega na caixa de e-mails, pelo WhatsApp ou via redes sociais. E isso acaba atrapalhando a real atenção aos afazeres profissionais. Muitos profissionais têm dificuldade de concentração e foco,  e com o excesso do digital, acabam gastando muito tempo produtivo conectados aos aparelhos, desviando-se de suas tarefas”, comenta. 

Com certeza, ao longo do seu dia, você deve se deparar com pessoas que trabalham olhando toda hora para o celular ou mesmo quando conversam com os outros. No ambiente de trabalho esse tipo de comportamento não é bem visto, e no meio social também não. Demonstra pouco interesse pelo seu interlocutor e também pouca atenção às entregas que precisam ser feitas na empresa. Para o especialista em recolocação de executivos, “esse tipo de conduta é lastimável, pois gera a sensação de que a pessoa não está atenta ao que ocorre ao seu redor”. “Então, todo cuidado é pouco para não fazer isso, pois, além de ser uma falta de respeito, pode causar erros e prejuízos, já que você não estará prestando atenção ao que está sendo dito ou mesmo aos seus afazeres. Importante salientar que a conectividade em si não é ruim, mas ela precisa ser bem gerenciada”, sugere. 

Para David Braga, o excesso de tempo destinado a acompanhar as conversas ao celular, computador ou a interagir pela internet pode gerar ainda estresse e também desconforto à pessoa. Segundo ele, depois da pandemia de Covid-19, em que milhares de trabalhadores foram para o home office, o limiar entre o razoável e a extrapolação ficou ainda mais tênue. 

“Muitos profissionais reclamaram de excesso de reuniões virtuais, contatos via celular sendo feitos a qualquer hora do dia. O momento mais tenso já passou e a tendência é voltarmos ao mundo do trabalho presencial e/ ou híbrido cada vez mais. Neste cenário, acho que cabe também às lideranças respeitar a vida pessoal dos colaboradores e não pressionar por respostas imediatas, caso estejam fora do horário de trabalho. A vida, mais do que nunca, pede equilíbrio, e devemos estar atentos a isso, para não gerarmos doenças profissionais por estresse e excesso de conectividade, não é mesmo?”, acrescenta.  

* David Braga é CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent Executive Search. É também Conselheiro de Administração pela Fundação Dom Cabral (FDC) e professor convidado pela mesma instituição. Ele é autor do livro “Contratado ou Demitido – só depende de você” e atua, ainda, como conselheiro da ONG ChildFund, da ACMinas e da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG). Instagram: @davidbraga | @prime.talent. 

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