Manifestação retorna ao cruzamento da Avenida Afonso Pena com Brasil no dia 20 de julho; Artistas locais e nacionais se apresentam em festival inédito no dia anterior, no Parque Municipal
A Revolta de Stonewall, em Nova York, em 1969, é um dos pontos marcantes da história do movimento de luta por direitos civis da população LGBTQIA+. A partir dela, teve origem as Paradas do Orgulho como conhecemos hoje, manifestações que demarcam a resistência e a celebração de uma população marginalizada. Em Belo Horizonte, o ato acontece tradicionalmente em julho. Neste ano, o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual e Identidade de Gênero de Minas Gerais (Cellos-MG), responsável por organizar a manifestação há 23 anos, realiza a 26ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte em 20 de julho, a partir das 14h, no cruzamento da Avenida Brasil com Avenida Afonso Pena. Além disso, a instituição traz uma novidade, com o “Festival Fuzuê LGBTQIA+: Arte, celebração e luta”. O evento acontece no dia 19 de julho, de 12h às 21h, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, de 12h às 21h. A entrada é gratuita e está com ingressos disponíveis no Sympla, com espaço sujeito à lotação.
As paradas são eventos únicos, que reúnem tanto a festa quanto a manifestação política em um único contexto. Tendo o compromisso com discussões que afetam a população LGBTQIA+, a 26ª edição traz como tema “Envelhecer bem: direito às políticas públicas do bem viver, ao prazer e à cidade”. A escolha reverbera um debate nacional, já levantado por outras paradas e movimentos sociais. A proposta dá luz ao processo de envelhecimento desta parcela da população e à garantia de direitos e políticas públicas específicas voltadas para ela.
Segundo o presidente da instituição, Maicon Chaves, a escolha tem como intuito tencionar o Estado para que a população LGBTQIA+ tenha as suas necessidades e direitos atendidos em diversas etapas de sua vida. “A escolha do tema deste ano é um chamado urgente para ampliarmos o debate sobre o envelhecimento da população LGBTQIA+. Envelhecer bem é um direito que nos foi historicamente negado por políticas públicas excludentes e por uma sociedade que insiste em invisibilizar nossos corpos ao longo do tempo. Quando afirmamos o direito ao prazer, ao bem viver e à cidade, estamos exigindo mais do que sobrevivência: queremos dignidade, afeto, autonomia e permanência. A Parada e o Fuzuê celebram nossa existência, mas também denunciam os apagamentos que nos atingem em todas as fases da vida. O Estado precisa nos enxergar por inteiro”, afirma Maicon.
Assim como no ano anterior, a concentração da parada retorna para o cruzamento da Avenida Afonso Pena com Brasil. Seis trios elétricos irão se distribuir ao longo da via durante a concentração, às 14h, com DJs tocando músicas de diversos gêneros. A partir de 17h30, terá início a caminhada, em direção à Praça Sete de Setembro, no Centro. A previsão é de que a dispersão ocorra após às 20h. A alteração do trajeto anterior, em 2024, faz uma alusão à primeira edição da marcha, realizada em 1998, tendo Soraya Menezes, mulher negra, lésbica e sindicalista, como uma das figuras centrais.
A “26ª Parada do Orgulho LGTBQIAPN+ de Belo Horizonte” e o “Festival Fuzuê LGBTQIA+: Arte, celebração e luta” são realizados pelo Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual e Identidade de Gênero de Minas Gerais. Os eventos tem Patrocínio Master da Amstel, Patrocínio do Sindicato dos Bancários de BH e Região, Sindifes e Sindeess. A produção é feita pela Mobox e tem a Prefeitura de Belo Horizonte como coorganizadora.
Arte, cultura e sociabilidade LGBT – Novidade neste ano, o “Festival Fuzuê LGBTQIA+: Arte, celebração e luta” demarca o crescimento da Parada do Orgulho de Belo Horizonte. O momento é uma oportunidade para que os artistas da cena local apresentem o seu trabalho e alcance um público que talvez não seria acessado em outra oportunidade. A realização no Parque Municipal demarca o espaço como um lugar histórico de sociabilidade para pessoas LGBTQIA+, que por muito tempo era onde era permitido às pessoas serem quem elas eram. Diversas linguagens artísticas, entre elas o funk, o rap, trap e ballroom, irão dividir um espaço comum, além de atividades esportivas e de lazer. O festival também atende a outra demanda das pessoas que participam da parada, apresentações nacionais.
Na primeira edição do evento, mais de 60 artistas foram confirmados, entre apresentadoras, DJs, drag queens, cantores, grupos de dança e blocos de carnaval. O elenco, composto majoritariamente por pessoas negras, irá se dividir em dois palcos: Sissy Kelly e Nero. O palco principal foi nomeado, nesta edição, em homenagem a Sissy, travesti militante de Belo Horizonte que, em seus últimos anos de vida, lutava por políticas públicas para pessoas LGBTQIAPN+ idosas, como instituições de longa permanência e casas-abrigo. O segundo palco, onde irão se concentrar os DJs, também homenageia outra figura histórica da capital mineira. Nero se tornou uma figura famosa tanto por seu trabalho como artista na cena noturna LGBT+, quanto por sua técnica como cabeleireiro no igualmente famoso salão na Galeria do Ouvidor, onde o estabelecimento ainda permanece em ativa. No principal, duas artistas nacionais irão se apresentar, Linn da Quebrada e a DJ Má Rodrigues.
Além da valorização de personalidades LGBTQIA+ que chegaram à velhice, o festival também promove ações que enfatizam a importância da redução de impactos ambientais. Ao entrar no parque, o público receberá um copo oficial do evento com o intuito de reduzir resíduos e promover o descarte correto das latas de bebidas, que não serão entregues às pessoas presentes.
Sobre o Cellos-MG — O Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual e Identidade de Gênero de Minas Gerais (Cellos-MG) é uma Organização da Sociedade Civil (OSC), afiliada à ABGLT, que luta pelos direitos e promoção da cidadania LGBTQIA+ em Minas Gerais. A organização tem como principal objetivo a promoção da cidadania e defesa dos direitos das pessoas LGBTQIA+ no município de Belo Horizonte e em Minas Gerais, com atuação nas periferias e cidades do interior. A organização foi fundada por um pequeno grupo de ativistas sociais de Belo Horizonte, em 8 de março de 2002, motivados pelo desejo e pela necessidade de responder de forma organizada e estratégica às diversas demandas da população LGBTQIA+ na cidade e no estado. Dessa forma, o grupo surge com o intuito de trabalhar ações de conscientização da população LGBTQIA+ a respeito da defesa de seus direitos fundamentais, das estratégias de cuidado de si e da comunidade e das formas de incidência participativa que buscasse a igualdade e a justiça social, por meio da formação de militantes, organização de eventos e ações sociais e, desde 2003, a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte. Atualmente, a instituição desenvolve projetos de impacto social com parceria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e outras instituições parceiras.
26ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte
Data: 20 de julho
Horário: 14h
Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes
(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro)
Festival Fuzuê LGBTQIA+: Arte, celebração e luta
Data: 19 de julho de 2025
Horário: 12h
Local: Parque Municipal Américo Renné Giannetti
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