Mostra “Quando eu sou o outro: duplos, espelhos e imitações” tem programação que vai de 14 de agosto a 6 de setembro e conta com filmes como “Cidade dos Sonhos”, “Gêmeos – Mórbida Semelhança” e “Noite de Estreia”
De gêmeos contrastantes a sósias monstruosos, passando por espelhos simbólicos e versões distorcidas de si mesmo, a mostra “Quando eu sou o outro: duplos, espelhos e imitações” propõe uma jornada por narrativas cinematográficas que exploram o fascinante tema do “duplo”. Com curadoria convidada de Luiz Fernando Coutinho, a programação, que vai de 14 de agosto a 6 de setembro no Cine Humberto Mauro, reúne obras das décadas de 1930 a 2020, de diversos gêneros, como drama psicológico, ficção científica, suspense, terror e comédia. Inspirada pela tradição literária que vai de Machado de Assis a Oscar Wilde, a mostra lança luz sobre como o cinema vem abordando, desde os truques de Georges Méliès até os recursos digitais atuais, os desdobramentos simbólicos, identitários e emocionais do “eu que é outro”. A seleção propõe uma imersão no espelho estilhaçado do “eu” e conta com mais de 30 filmes, incluindo títulos como “Persona” (1966), de Ingmar Bergman; “Noite de Estreia” (1977), de John Cassavetes; “Gêmeos – Mórbida Semelhança” (1988), de David Cronenberg; “De Salto Alto” (1991), de Pedro Almodóvar; e “Cidade dos Sonhos” (2001), de David Lynch. A mostra tem entrada gratuita, e a retirada de até 1 par de ingressos por CPF pode ser feita exclusivamente pela plataforma Eventim, a partir de 1 hora antes de cada sessão.
A programação inclui também a “Sessão da Meia-Noite”, que exibirá “Donnie Darko” (2001) de sexta-feira para sábado no dia 16 de agosto. Haverá, ainda, sessões comentadas ao longo da mostra. Também em 16 de agosto, o curador Luiz Fernando Coutinho comentará “Psicose” (1998), remake de Gus Van Sant do clássico de Alfred Hitchcock. Já no dia 21 de agosto, Bruno Hilário fará os comentários na sessão de “Parceiros da Noite” (1980), de William Friedkin, no qual Al Pacino atua como um policial à paisana que investiga uma série de assassinatos brutais. Por fim, no dia 28 de agosto, será exibido, com comentários de Juliana Gusman, “Baise-moi” (2000), de Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi. A obra conta a história de duas jovens mulheres que, após passarem por situações traumáticas, provocam cenas controversas pelas estradas da França.
A mostra “Quando eu sou o outro: duplos, espelhos e imitações” é realizada peloMinistério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo Fredizak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.
Espelhamentos do conceito de duplo — Luiz Fernando Coutinho, que, além de curador da mostra, é pesquisador, crítico de cinema e editor da Revista Madonna, conta que a ideia para a programação surgiu como desdobramento de dois trabalhos anteriores. O tema aparece em uma mostra paralela organizada por ele e Mariana Mól no 25º FestCurtasBH (2023), na qual foram programados curtas-metragens de diferentes países que trabalhavam a questão do “duplo” tanto no eixo formal quanto temático.
Além disso, segundo Coutinho, noções como espelhamento, assombração ou espectro, inseridas no tema amplo do “duplo”, foram norteadoras de sua pesquisa de doutorado, defendida no início deste ano. “Na tese, analisei o filme ‘Rebecca’ (1940), de Alfred Hitchcock, e o coloquei em diálogo com obras que, nas décadas seguintes, retomaram e subverteram imagens, símbolos ou estratégias formais do filme. Para a mostra, escolhi não programar ‘Rebecca’, mas encontramos na curadoria três filmes que, na minha visão, são assombrados por ele, como se o filme de Hitchcock atuasse como o ‘duplo’ destes filmes que vieram depois: ‘Fedora’ (1978), de Billy Wilder, ‘Noite de Estreia’ e ‘De Salto Alto'”, explica o pesquisador.
Em relação ao processo de curadoria, Coutinho conta que o primeiro critério consistiu justamente em preservar o caráter vasto e multifacetado do conceito de “duplo”. Isto significou reunir filmes que trabalhassem com o tema de maneiras variadas, a nível temático e formal. “Muitos são os filmes que, por exemplo, recorrem a narrativas divididas ao meio ou que encontram diferentes formas de representar este ‘duplo’ que assombra os personagens principais. Quando pensamos em histórias de ‘duplos’, um dos exemplos mais famosos que nos vêm à cabeça é o livro de Robert Stevenson, ‘O Médico e o Monstro’, no qual um advogado respeitável desenvolve uma poção que o transforma em uma versão sombria de si mesmo. Entre muitas adaptações interessantes, escolhi programar o genial ‘O Professor Aloprado’ (1963), de Jerry Lewis, que opera uma torção na história original pela via da comédia. Na intenção de preservar essa multiplicidade de abordagens e de caminhos possíveis para o tema do ‘duplo’, optei por reunir filmes de diferentes gêneros cinematográficos. Queria que o ‘duplo’ fosse visto como esse conceito que, mais do que afunilar as possibilidades de invenção no cinema, expandisse-as”, conta o curador.
CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todas as pessoas.
Mostra “Quando eu sou o outro: duplos, espelhos e imitações”
Data: 14 de agosto (quinta-feira) a 6 de setembro de 2025 (sábado)
Horários: Variados
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro)
Classificações indicativas: Variadas
Entrada gratuita; retirada de até 1 par de ingressos por CPF, exclusivamente pela plataforma Eventim, a partir de 1 hora antes de cada sessão
Informações para o público: (31) 3236-7307 / www.fcs.mg.gov.br
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