Marcus Vinicius Borges estreia com mostra SOBREPESOS – 29/11/25 a 16/01/26

Exposição, que conta com nove trabalhos em tela e uma videoarte, propõe, enquanto experimentação estética, uma arqueologia do presente através da sobreposição pictórica de outros trabalhos realizados pelo artista. A abertura acontece neste sábado (29/11), às 19h30, na Galeria Olho, em Timóteo. A programação é gratuita. SOBREPESOS fica em cartaz até 16 de janeiro.

Pensada enquanto um palimpsesto existencial, a mostra SOBREPESOS, primeira individual do artista Marcus Vinicius Borges, propõe investigar os modos de duração da memória e das experiências por meio da ressignificação e dissolução de suas próprias imagens. A autofagia proposta por Borges instaura um dispositivo temporal que questiona a própria linearidade da concepção artística criada por ele. O ato de pintar sobre telas já concluídas reforçam não somente a carga temporal a recobrir as obras do artista, como também explicitam, por meio da materialidade, a reapropriação do suporte e a reconfiguração da linguagem. A abertura da mostra acontece neste sábado (29/11), às 19h30, na Galeria Olho, em Timóteo. A exposição fica em cartaz até 16 de janeiro de 2026 e a visitação será realizada por meio de agendamento. A entrada é gratuita.

Os trabalhos de SOBREPESOS não se referem a um apagamento dos vestígios e das linguagens impregnadas anteriormente no suporte, mas sim a uma estratificação, uma vez que cada gesto expresso nas camadas de tinta sobrepostas criam uma nova espessura temporal, permitindo ressignificar experiências e memórias. “As obras convocam para o diálogo o pensamento de Henry Bergson sobre memória enquanto duração. No trabalho Matéria e Memória, o filósofo francês estabelece que as reminiscências do experienciado não se reduzem à conservação canônica e imutável de passado, pois a memória pressupõe inexoravelmente sua interligação com o presente, atualizando-se e reconfigurando-se constantemente por meio das percepções da vivência presentificada”, reflete Marcus Vinicius Borges. 

Obras

As pinturas de SOBREPESOS encarnam a concepção de que superfícies se encadeiam em diferentes momentos e podem dar lugar a diferentes linguagens, onde experiências vivenciadas em temporalidades distintas negociam sua visibilidade. “A escolha de pintar sobre obras prontas não é arbitrária e responde à urgência de adequar a linguagem visual às minhas transformações existenciais e de experimentações da linguagem”, pontua Borges.

Ao invés de descartar o suporte, Borges o reconhece como testemunha e cúmplice de suas mutações subjetivas. “As obras presentes em SOBREPESOS trazem em sua materialidade as nuances e pujanças de uma história anterior. Trabalham o invisível como estruturante, pois a linguagem pregressa não desaparece completamente sob as novas camadas de tinta e se estabelece como memória incorporada”, explica o artista. A radicalidade política contida no gesto de Borges visa a negar a sacralização da obra acabada e afirmar a criação como fluxo contínuo, insurgente contra a lógica do espetacular do consumo. “Em SOBREPESOS reconheço o valor do suporte já existente para recusar a lógica do descarte, marca da contemporaneidade”, diz Marcus Vinicius Borges.

SOBREPESOS evoca que toda obra de arte carrega pesos invisíveis, memórias incorporadas que determinam suas formas visíveis. “Pintar sobre pinturas não é gesto de negação, mas de continuidade transformadora, de que toda linguagem visual emerge de linguagens anteriores que a habitam como espectros produtivos. A exposição nos convida a ver não apenas o que está diante de nós, mas a intuir as camadas soterradas, a reconhecer na superfície presente os ecos de todos os presentes que já foram”, finaliza Borges.

Videoarte

Além das nove telas dispostas no projeto expográfico, Borges traz para a mostra a videoarte “Alegorias da dissimulação espetacular”. No trabalho, o artista traz o pensamento situacionista ao piratear e sobrepor dois dos mais importantes filmes concebidos por realizadores brasileiros. A videoarte foi pensada a partir da edição e sobreposição dos filmes “Idade da Terra”, de Glauber Rocha, e “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos. As duas películas se inserem dentro do Cinema Novo e dialogam diretamente com o manifesto “Uma estética da fome”, de Rocha. “A proposta traz em seu cerne a discussão sobre uma sociedade espetacular, em que a própria separação nada mais é do que uma representação imagética capaz de promover uma unidade dentro de um todo desigual, separando o sujeito de sua própria existência, história e memória”, explica Borges. A videoarte receberá trilha concebida ao vivo por Marcus Vinicius Borges na abertura da exposição.

Expografia

A expografia de SOBREPESOS é assinada por Marcus Vinicius Borges, Talita Gomes e Teuller Aguiar.

MARCUS VINICIUS BORGES

Artista visual, músico, escritor, produtor cultural e jornalista,  Marcus Vinicius Borges nasceu em Salvador, na Bahia, e vive há 23 anos em Minas Gerais. O artista é fundador e idealizador da Casa Polifônica, galeria de arte e espaço cultural, que encerrou as atividades em 2021 devido à pandemia da Covid19. O projeto será retomada em 2026. Enquanto escritor, o artista tem no currículo o livro de contos “Devaneios em nuvens tóxicas” (Editora Letramento), lançado em junho de 2014 e o livro de poemas “Pela sujeira dos teus olhos” (Editora Letramento), lançado em março de 2024. Na música, participou de inúmeras iniciativas na capital mineira, sendo fundador e compositor das bandas “Delorean”, “Hank” e “Chinaski”. O músico ainda concebeu e lidera o projeto de improvisação musical e confluência artística “Polaroid”. O artista também é idealizador do “Sobreposições Insurgentes”, onde convida artistas do audiovisual e improvisadores para criarem trilhas sonoras ao vivo a partir de obras fílmicas concebidas para o projeto. Em ambos os trabalhos, que seguem ativos na cena cultural, Marcus Vinicius Borges ainda atua como produtor. O artista também desempenhou a função de produtor cultural do projeto “Quartas de Improviso”, que o recebeu como músico convidado em 2016 e 2023. Além disso,  Marcus Vinicius Borges atuou em trabalhos de criação de trilhas sonoras ao vivo e em projetos de artes visuais liderados pelo artista visual Froiid (ganhador do  prêmio Décio Noviello, em 2019, vencedor da Bienal de São Paulo, em 2023, e indicado diversas vezes ao prêmio Pipa). O músico concebeu, juntamente com Vinikov de Morais,  a trilha sonora da performance da mostra “Dos que Ardem”, de Marc Davi (indicado ao prêmio PIPA, de 2020). A exposição foi promovida pelo BDMG Cultural. Marcus Vinicius Borges também é jornalista e coordenou a Assessoria de Imprensa do Palácio das Artes e foi gestor de Comunicação do Circuito Liberdade.

MOSTRA SOBREPESOS, DE MARCUS VINICIUS BORGES

Datas, locais e horários:

29 de novembro de 2025 até 16 de janeiro de 2026 | Galeria Olho | Rua Ana Rafael dos Santos, 149 – Vila Santa Rita, Belo Horizonte/MG

Programação gratuita
Visitação após abertura realizada por agendamento: (31) 97230-2680