Toda gravada e arranjada pelo artista, single conta com violão, percussão nas águas, guitarras e caixa de folia; disco chega às principais plataformas digitais de streaming no dia 22/8, com 12 arranjos inéditos de Vissungos
Foi ao ar na última sexta-feira, 8/8, o segundo single do álbum “Vissungos – Dos cantos para as cordas”, do violonista Felipe Mancini. Disponível nas principais plataformas de streaming, a faixa “Jamba” precede o lançamento do disco, que chega no dia 22/8, reunindo 12 arranjos inéditos em violão para ressaltar, preservar e dar brilho e vida nova às melodias de Vissungos históricos entoados pelo povo Bantu, escravizado por mais de 300 anos no Brasil.
“Eu fiz esse arranjo todo na viola caipira, afinado em ré, e depois transferi esse arranjo para o violão e reafinei o violão exatamente como a viola caipira. Depois eu inseri uma percussão nas águas, feita no Rio das Velhas, no ritmo Barravento”, conta o artista, que também gravou caixas de folia e guitarras com pegada do centro-oeste africano.
Felipe conta que o Vissungo foi registrado nos anos 30, mas não teve nenhum tradução até hoje. “Dando uma olhada no dicionário Kimbundu-Português, relacionei algumas corruptelas possíveis. E Jamba pode ser Njanja, que significa peixe pequeno do rio. Então, esse Vissungo diria que o rio nos dá de presente esse peixe pequeno como fonte de alimento. Daí, a ideia de gravar a percussão no Rio das Velhas”.
A faixa teve mixagem e masterização de Iran Ribas, do Veredas Estúdio, e abre caminhos para o disco – pioneiro em transpor as melodias dos Vissungos para a linguagem do violão instrumental. Comumente atrelados às tradições fúnebres, os Vissungos são canções entoadas pelo povo Bantu para preservar parte de uma cultura dilacerada pela escravidão — incluindo aí cantos para enterrar entes queridos, mas também para suportar o trabalho pesado de extração de ouro e diamante nas minas ou até brincar e celebrar alguma rara vitória.
O projeto “Vissungos – Dos cantos para as Cordas” é viabilizado pelo edital Rumos Itaú Cultural (2023-2024).
Sobre Felipe Mancini
Felipe Mancini é multi-instrumentista, compositor, arranjador e produtor, formado em violão pela Escola de Música do Estado de São Paulo. Em 2024, foi premiado pelo edital Rumos, do Itaú Cultural para gravar o disco “Vissungos – dos Cantos para as Cordas”. O disco traz os primeiros arranjos instrumentais para os cantos Vissungos (expressão cultural afro-brasileira exercida durante os tempos do trabalho escravizado na extração de diamante e ouro).
Em 2023, fez uma tunê pela Europa tocando em diversos países. Entre eles, passou pela Bélgica, onde gravou o disco “Ao Vivo no Jacklogy Studio”. Em 2019, gravou e produziu seu primeiro trabalho solo, “Passagem”, fazendo diversas apresentações no Brasil. Compôs trilhas sonoras para filmes, curtas de animação, séries e instalações audiovisuais. Entre eles o curta de Sergio Utsch, “The Boy Who Made a Museum” (Inglaterra/Brasil, 2017), que ganhou o prémio de melhor documentário do público no “RiverFilm Festival”, em Pádua, na Itália, e o prémio da Associação de Correspondentes Estrangeiros, em Londres, na Inglaterra.
Foi diretor e compositor do projeto Espaço Retrato, contemplado pelo PROAC 2015 e realizado em 2016, em São Paulo. Integrou importantes projetos musicais como Rodamundo, vencedor do concurso da revista “Época” e “Trama Musical”, em 2009. Leciona violão brasileiro e guitarra há 15 anos, com foco no estudo de harmonia, improvisação e composição.
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