Grão Discos celebra música instrumental de Minas Gerais com shows e lançamento de discos nos dias 16 e 17 de fevereiro

Programação no Teatro Raul Belém Machado, em BH, conta com divulgação de EPs, palestras e mesas de debate, além de apresentações de expoentes instrumentistas e compositores mineiros, como Camila Rocha, Luísa Mitre, Lucas Telles e Davi Fonseca

Das constantes gravações realizadas no Estúdio Macieiras, conduzido pelo flautista Alexandre Andrés em uma fazenda na pequena cidade de Entre Rios de Minas (MG), nasceu a semente do selo musical Grão Discos. Focado em ampliar a divulgação da talentosa cena instrumental mineira, a iniciativa celebra em 2024 quatro anos com muitos lançamentos. A comemoração acontece nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2024, sexta-feira e sábado, no Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado, em BH, reunindo oito shows, e posteriormente nos dias 26 e 27 de fevereiro, com uma feira inédita dedicada à música instrumental, com palestras, debates e workshops online. A entrada é gratuita para toda a programação, sem a necessidade de retirar ingressos, mas sujeita à lotação do teatro na etapa presencial.

Idealizado pelo grupo de instrumentistas, compositores e produtores Natália Mitre, Alexandre Andrés, Octávio Cardozzo, PC Guimarães e Lucca Mezzacappa, o selo Grão Discos nasceu no meio do mato, mas com a intenção de expandir horizontes e montanhas, levando a música instrumental de Minas para o Brasil e o mundo, ao produzir, registrar, distribuir e, agora, realizar um festival com artistas mineiros de destaque e em ascensão. O projeto está sendo realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Modalidade incentivo fiscal, através do patrocínio da Captamed.

“Estamos colocando no mundo trabalhos de música instrumental de altíssimo nível, que talvez não tivessem sido possíveis se não fosse o Grão Discos. Espero que esse projeto inspire outros agentes culturais a incentivar compositores da cidade a gravar suas criações, para que essas obras frutifiquem e fluam, mostrando a força coletiva da cultura mineira e brasileira”, avalia o guitarrista, compositor e arranjador PC Guimarães.

Celeiro de instrumentistas fundamentais para a história da música brasileira, como Marcus Viana, Toninho Horta, Célio Balona e tantos outros, Minas Gerais segue produzindo joias de alto nível nos mais diversos gêneros. Agora, finalmente incluindo também as mulheres, muitas delas consideradas referência nos instrumentos que conduzem.

“A presença de mais mulheres na cena instrumental, de mais pessoas negras na linha de frente de trabalhos autorais, com composições, arranjos e direções musicais, traz um frescor, uma novidade e uma riqueza muito maior à música. Inevitavelmente, a bagagem diversa dessas pessoas reflete muito na música”, avalia a percussionista, vibrafonista, baterista e compositora Natália Mitre.

Sucessos de Minas

Um desses destaques é a pianista, compositora, arranjadora e mestre em performance musical pela UFMG, Luísa Mitre. Entre muitos projetos, ela integra o tradicional grupo de choro Toca de Tatu, e o duo Mitre, com a irmã Natália Mitre. Reconhecida como prodígia do piano, a artista coleciona alguns dos principais prêmios da música instrumental, como Prêmio BDMG Instrumental, Prêmio MIMO Instrumental e I Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG).

Luísa se apresenta em um duo com Lucas Telles, professor de violão, harmonia e contraponto da UFOP, onde também coordena a tradicional Orquestra de Violões da Universidade. Considerado um dos principais talentos do violão contemporâneo, o compositor tem criações em parceria com Marku RIbas e Waldir Silva, e acumula a bagagem de ter se apresentado com medalhões da música brasileira, como Cristóvão Bastos, Juarez Moreira e Eduardo Neves.

No show, a dupla apresenta as músicas do álbum “Primavera” (2024), a ser lançado no próximo dia 17 de fevereiro pela Grão Discos. O trabalho funde harmonias de violão e piano, refletindo a parceria de uma década entre os artistas, e apresenta quatro músicas que perpassam desde o instrumental da música popular brasileira, com levadas certeiras de chorinho, até influências da música de concerto camerística.

Outro show aguardado é o da estreia fonográfica da pianista Igara. Natural de Diamantina, a jovem é a mais recente vencedora do Prêmio BDMG Instrumental, e tem entre suas inspirações o renomado Uakti — tendo realizado um show autoral com participação de Paulo Santos, ex-percussionista do grupo. O EP “O Piano, os cavalos e o mar” (2024), previsto para chegar ao mercado em 23 de fevereiro, tem referências a um dos principais grupos instrumentais do país, famoso por construir os seus próprios instrumentos. O disco, apresentado no formato de show pela primeira vez, também é carregado por uma atmosfera que dialoga com a natureza, evidenciando ritmos brasileiros.

Shows inéditos

Além desses lançamentos, teremos mais três trabalhos que serão interpretados ao vivo pela primeira vez. É o caso da parceria bem sucedida entre o piano de Davi Fonseca e os violões, bandolins e o contrabaixo de Paulim Sartori. A dupla lançou um álbum homônimo em 2023, com quatro faixas que percorrem um amplo arco de referências, indo da música barroca ao jazz, com influências de gigantes da criação musical, como Naná Vasconcelos e Hermeto Pascoal.

De um lado, Davi Fonseca mistura uma bagagem robusta da música clássica, tendo trabalhos em parceria com Rafael Martini e Alexandre Andrés, e de shows e gravações com artistas populares, como Elza Soares, Otto e Luedji Luna. Na outra ponta, a pluralidade dos instrumentos de corda de Paulim Sartori acrescenta mais brilho ainda ao duo, a partir do trabalho de um artista que compõe trilhas para teatro, cinema e circo, e também tem parcerias com nomes como Lô Borges, Alceu Valença, Ceumar e Makely Ka.

Também lançado no ano passado, o disco “Rama”, da contrabaixista Camila Rocha, agora chega ao público em uma versão ao vivo. Figurinha carimbada da cena independente mineira, a artista gravou participações de contrabaixo em mais de 20 álbuns de bandas e compositores autorais de Belo Horizonte, além de ter tocado com artistas do calibre de Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Chico Amaral e Alceu Valença. “Rama” é o primeiro disco autoral de Camila Rocha, que além de passear por diversas ramificações de suas influências, da MPB ao Carnaval, apresenta o inusitado uso da voz na música instrumental.

Fechando os shows principais promovidos pela Grão Discos, o baterista Gabriel Bruce mostra as músicas do EP “Lugar Longe de Tudo” (2024). Produzido em parceria com Antonio Loureiro, dos artistas mais requisitados na cena instrumental do Brasil, e com participações de Fred Selva, Frederico Heliodoro e PC Guimarães, o álbum é uma ode à bateria, abarcada por experimentações com sintetizadores, percussões e melodias muito envolventes. Este é o terceiro álbum do artista, que tem trilhado uma sólida carreira nacional e internacional, com turnês pela Europa e América Latina, e gravações de sucesso com as bandas minerais Graveola e Zimum, além de parcerias com artistas como André Mehmari, Renato Borghetti, Samy Erick, Matéria Prima, Mariana Cavanellas, entre outros.

Sessões curtas

Para além desses shows, no dia 17 de fevereiro, o Grão Discos também promove três sessões curtas com artistas selecionados, no Teatro Raul Belém Machado, a partir das 20h. As apresentações ficam por conta de Arícia Ferigato (harpa), Daniel Faria (guitarra) e Wallace Gomes (violão). “Selecionamos três artistas de Belo Horizonte que estão crescendo. A ideia foi trazer compositores que estão gravando suas músicas agora, botando o repertório para rodar, para potencializar esses trabalhos”, diz Natália Mitre.

Feira de Música Instrumental

Em uma iniciativa inédita, a Grão Discos também irá realizar a primeira feira de música instrumental do Brasil. No dia 26 e 27 de fevereiro, segunda e terça-feira, com programação inteiramente online, haverá debates, workshops e palestras de temas como produção musical e executiva, agenciamento de shows e gestão de carreira. Entre os convidados estão Bia Nogueira (Festival Imune), João Cabral (OneRPM), Octavio Cardozzo (Peleja Lab), Eddu Porto (Agência Let’s Gig), PC Guimarães (Duo Foz) e Leo Moraes (Autêntica). A programação completa, incluindo todos os convidados e horários, bem como detalhes de inscrições, ainda será divulgada no Instagram da Grão Discos.

“A ideia da feira é trazer o debate para capacitação, tanto para os músicos quanto para os profissionais envolvidos no universo da música instrumental. Acontecem muitas feiras famosas, todas têm um público muito maior de música pop e canção. Então, decidimos fazer algo voltado para a música instrumental”, justifica Natália Mitre.

PROGRAMAÇÃO GRÃO DISCOS QUATRO ANOS

16 de fevereiro (sexta-feira), às 20h

Teatro Raul Belém Machado (R. Jauá, 80, Alípio de Melo)

Pocket shows:

Arícia Ferigato (harpa)

Daniel Faria (guitarra)

Wallace Gomes (violão)

17 de fevereiro (sábado), às 18h

Teatro Raul Belém Machado (R. Jauá, 80, Alípio de Melo)

Shows de lançamento dos EPs:

Luísa Mitre e Lucas Telles com participação de Abel Borges

Davi Fonseca e Paulim Sartori com participação de Felipe José

Gabriel Bruce com participação de Lucas de Moro

Igara com participação de Marcos Ruffato

Camila Rocha com participação de Thamiris Cunha

*A entrada para todas as apresentações e atividades é gratuita

26 e 27 de fevereiro (segunda e terça-feira)

Feira de Música Instrumental

Acompanhe o Instagram da Grão Discos para mais informações