Nos dias 11 e 12 de setembro, às 20h30, na Sala Minas Gerais, a Filarmônica de Minas Gerais apresenta um programa dançante, ao destacar quatro compositores emblemáticos da música do século XX, e recebe a pianista Erika Ribeiro para interpretar o Concerto para piano nº 1, de Guarnieri, e Variações sobre “I Got Rhythm”, deGershwin. Os brasileiros, Guarnieri e Villa-Lobos, e os norte-americanos, Gershwin e Copland, utilizam a riqueza da música de inspiração popular de seus países para manifestar uma linguagem universal da mais alta expressão. Destaque para as Bachianas Brasileiras nº 4 de Villa-Lobos, com suas referências às culturassertaneja e nordestina. A regência é do maestro associado daFilarmônica de Minas Gerais, José Soares. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais, a partir de R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia).
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Governo de Minas Gerais por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Mantenedor: Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Apoio Cultural: Inter. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Governo de Minas Gerais, Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Maestro José Soares, Regente Associado da Filarmônica de Minas Gerais
Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo atuado como Regente Assistente nas duas temporadas anteriores.
Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (2021), recebendo os prêmios do júri e do público. No Brasil, regeu a Osesp, a Sinfônica do Paraná, em colaboração com o Balé do Teatro Guaíra, a Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, a Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro, a Orquestra de Câmara de Curitiba e a Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina. No Japão, esteve à frente das orquestras NHK Symphony de Tóquio, New Japan Philharmonic, Sinfônica de Hiroshima e Filarmônica de Nagoya. Também conduziu a MÁV Symphony Orchestra de Budapeste.
José Soares é Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo. Iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos, e estudou Regência Orquestral com o maestro Claudio Cruz, em um programa regular de masterclasses promovido em parceria com a Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou, como bolsista, das edições 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, onde foi orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Liebreich. Recebeu, em 2017, o Prêmio de Regência, que lhe rendeu o convite para atuar como Regente Assistente da Osesp durante parte da temporada 2018, incluindo apresentação em um Concerto Matinal sob convite de Marin Alsop.
Foi também aluno do Laboratório de Regência da Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado por Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Ainda em 2019, participou do Festival de Música de Pärnu, na Estônia, onde teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi eLeonid Grin. Ao final de 2021, foi laureado com o Prêmio da Crítica da Revista Concerto, na categoria “Jovem Talento”.
Erika Ribeiro, piano
Erika Ribeiro é uma pianista de grande destaque no cenário musical brasileiro. Vencedora de diversos concursos nacionais de piano, entre eles o III Concurso Nelson Freire, tem se apresentado como solista e camerista nas principais salas de concerto do país. Apresentou-se também na Alemanha, Áustria e Estados Unidos, entre outros países. Seu primeiro disco solo, Erika Ribeiro: Igor Stravinsky, Hermeto Pascoal, Sofia Gubaidulina (2021), foi indicado ao Grammy Latino na categoria “Melhor disco de música clássica”. Possui ainda outros três álbuns no catálogo: Images of Brazil (2018) e Navigator of Silences (2024), ambos em parceria com a violinista Francesca Anderegg; e Entre Luas (2023), com a cantora Tatiana Parra. Paulistana radicada no Rio de Janeiro, Erika é doutora em Música pela UNIRIO e mestre em Musicologia pela USP. Desde 2013, atua como professora de Piano e Música de Câmera na UNIRIO.
Repertório
Camargo Guarnieri (Tietê, Brasil, 1907 – São Paulo, Brasil, 1993) e a obra Concerto para piano nº 1 (1931)
Em 1928, Mozart Camargo Guarnieri era um jovem professor de piano e acompanhamento no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo quando conheceu o escritor Mário de Andrade. A paixão tanto pela música de concerto como pela música de expressão popular fez com que ambos desenvolvessem de imediato uma relação de amizade e admiração mútua. Com 21 anos à época, Guarnieri apresentou ao poeta algumas de suas primeiras composições, incluindo a Dança Brasileira e a Canção Sertaneja, e Andrade logo percebeu que aquele rapaz era alguém com potencial para levar adiante seu projeto de defesa de uma música clássica com caráter tipicamente brasileiro.
Para Guarnieri, Mário de Andrade acabou se tornando não apenas um amigo, mas um verdadeiro mentor intelectual. Frequentando o círculo próximo do escritor, recebeu o incentivo para continuar o trabalho de aproximação das sonoridades orquestrais e camerísticas da rica tradição popular do nosso país, mote que levou adiante em toda a carreira. Dos seis concertos para piano que escreveu, o Primeiro, datado desse período de formação, é o que exibe sua brasilidade intrínseca com maior nitidez.
Composto em 1931, o Concerto para piano nº 1 é a primeira incursão sinfônica de Guarnieri. Seu material temático e rítmico faz referências diretas a gêneros populares do Brasil, especialmente da região Nordeste, como a embolada no terceiro movimento. O uso de instrumentos de percussão como a cuíca, o reco-reco e o chocalho também conferem à obra uma sonoridade orgulhosamente carnavalesca, que encontra espaço ao lado das melodias de inspiração clássica. Em clara verve nacionalista, o Primeiro Concerto de Guarnieri anuncia o talento e a originalidade deste grande compositor brasileiro.
George Gershwin (Brooklyn, Estados Unidos, 1898 – Hollywood, Estados Unidos, 1937) e a obra Variações sobre “I Got Rhythm” (1934). Orquestrada por William C. Schoenfeld em 1953.
Com talento para combinar influências distintas e excepcional sensibilidade melódica, George Gershwin foi uma figura central na música estadunidense durante as primeiras décadas do século XX. Ainda adolescente, começou a trabalhar como pianista e compositor nas editoras do Tin Pan Alley e, antes de completar 20 anos, já estava escrevendo canções para musicais da Broadway. Em 1924, criou aquela que se tornaria sua obra mais célebre: concebida como um “concerto de jazz”, Rhapsody in Blue logo se tornaria um marco da fusão entre a música popular e a música orquestral, alavancando ainda mais a carreira do jovem compositor.
Dez anos mais tarde, a fim de celebrar a primeira década de seu maior sucesso, Gershwin decidiu realizar uma turnê comemorativa pelos Estados Unidos. O repertório incluía a Rhapsody in Blue, obviamente, e uma nova peça para piano e orquestra, composta especialmente para a ocasião. Essa nova obra tomava como base outro grande sucesso seu, I Got Rhythm, canção escrita em parceria com o irmão e letrista Ira Gershwin para o musical Girl Crazy, estreado em 1930, na Broadway.
As Variações sobre “I Got Rhythm” são mais um exemplo de como Gershwin era capaz de aproximar as sonoridades modernas do teatro musical e a escrita concertante de seu tempo. Partindo do tema principal, piano e orquestra exploram variações inspiradas em estilos clássicos e contemporâneos, como a valsa e o jazz, arriscando-se também por influências chinesas e acenos ao atonalismo da música de vanguarda do início do século XX. O resultado é uma música dançante, envolvente, que combina o pleno domínio de Gershwin das suas origens com os aprendizados recentes de suas incursões sinfônicas.
Aaron Copland (Nova York, Estados Unidos, 1900 – 1990) e a obra An Outdoor Overture (1938)
Em 1938, Aaron Copland trabalhava na partitura daquele que seria o primeiro de seus três grandes balés inspirados pelo folclore norte-americano, Billy the Kid, quando recebeu uma comissão do diretor musical da High School of Music and Art de Nova York, Alexander Richter. O pedido envolvia a criação de uma peça alegre e otimista, capaz de representar o espírito entusiástico de seus jovens estudantes. Copland aceitou a comissão de imediato e finalizou a obra em poucas semanas. A estreia aconteceu em 18 de dezembro do mesmo ano, com a orquestra da escola sob a batuta do próprio Richter.
An Outdoor Overture (“Uma abertura ao ar livre”) pode ser vista como uma espécie de marco inaugural de uma das fases mais criativas da carreira de Copland. Sua linguagem acessível e descomplicada demonstra o interesse do compositor em estreitar relações como público, investindo em trabalhos que guardam certo teor formativo, sem permitir que haja penalizações ao valor artístico. Nesse sentido, a obra é representativa também de uma nova visão assumida por Copland em relação ao próprio ofício ao longo da década de 1930, na qual defendia uma participação mais atenta e ativa do compositor na sociedade.
Ainda que de forma concisa, as mesmas influências da música folclórica estadunidense que marcam os trabalhos mais aclamados de Copland podem ser percebidas em An Outdoor Overture. Sua vivacidade parece capturar algo do ímpeto desbravador que define o sentimento aventureiro das histórias de conquista do Oeste, realizando ao pé da letra os desejos de otimismo da comissão que lhe deu origem.
Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, Brasil, 1887- 1959) e a obra Bachianas Brasileiras nº 4 (1930-1941)
O fascínio de Villa-Lobos pela música de Johann Sebastian Bach vem desde a infância, quando sentava para ouvir a sua Tia Zizinha tocar trechos de O Cravo Bem Temperado ao piano. Suas Bachianas Brasileiras são, como o nome indica, uma expressão transparente – e também muito original – dessa admiração que lhe foi tão formativa. Ao todo, constituem um conjunto de nove suítes, escritas entre os anos de 1930 e 1945, que combinam o exercício dos procedimentos composicionais típicos do Barroco ao desejo de experimentar com os ritmos folclóricos do Brasil.
Nesse projeto pessoal de colocar em diálogo a música de Bach com a música brasileira, Villa-Lobos se deu bastante liberdade para compor usando o instrumento ou a formação que lhe fosse mais conveniente. As Bachianas Brasileiras nº 4 foram escritas primeiro para piano solo, e de maneira intervalar: o último movimento veio primeiro, em 1930; o terceiro é de 1935; e os dois primeiros foram finalizados apenas em 1941, mesmo ano em que o próprio Villa-Lobos preparou a versão orquestrada da obra.
As Bachianas nº 4 abrem de forma meditativa, apenas nas cordas, com o “Prelúdio (Introdução)”. O “Coral (Canto do Sertão)” marca a entrada das influências brasileiras, aludindo ao canto estridente da araponga, para depois se encerrar como um dos corais luteranos de Bach. Em “Ária (Cantiga)”, Villa-Lobos celebra a cultura nordestina com uma linda melodia popular, que dá um tom nostálgico ao movimento. A obra se encerra em clima de samba com “Dança (Miudinho)”, na qual o andamento rápido e as repetições insistentes, ao estilo de um moto perpetuo, asseguram um fechamento repleto de energia e dinamismo.
Filarmônica de Minas Gerais
Série Allegro
11 de setembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Vivace
12 de setembro – 20h30
Sala Minas Gerais
José Soares, regente
Erika Ribeiro, piano
GUARNIERI Concerto para piano nº 1
GERSHWIN/Schoenfeld Variações sobre “I Got Rhythm”
COPLAND An Outdoor Overture
VILLA-LOBOS Bachianas Brasileiras nº 4
INGRESSOS:
R$ 39,60 (Mezanino), R$ 54 (Coro), R$ 54 (Terraço), R$ 78 (Balcão Palco), R$ 98 (Balcão Lateral), R$ 133 (Plateia Central), R$ 172 (Balcão Principal) e R$ 193 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras Elo, Mastercard e Visa
- Pix
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