Mostra gratuita acontece entre 8/10 e 30/11, com obras dos 36 artistas do projeto “Arte nas Águas de Minas”, que propõe o diálogo entre arte urbana e conscientização ambiental; lista inclui grandes nomes do cenário nacional
Neste mês, o Palácio das Artes abre suas portas para a arte que vem das ruas: lugar de nascimento do graffiti, do muralismo, do lambe-lambe e de outras expressões cada vez mais populares no Brasil e no mundo. Celebrando o projeto “Arte nas Águas de Minas”, a exposição “_D’ÁGUA”ocupa as galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima com obras de 36 artistas, entre grandes nomes do muralismo brasileiro e artistas emergentes de Minas Gerais.
O período expositivo vai de 8/10 a 30/11, com visitação de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; e aos domingos, das 17h às 21h. A exposição tem entrada gratuita e livre a todos os públicos, com acessibilidade em Libras, audioguias, mapa tátil e piso tátil. A cerimônia de abertura acontece no dia 7/10 (terça-feira), a partir das 19h, com discotecagem de DJ Black Josie, rimadores da Batalha Griot e projeções de videomapping e luzes do VJ Homem Gaiola (Darklight Studio).
“_D’ÁGUA” integra o projeto “Arte nas Águas de Minas”, que até o final de sua realização terá percorrido 12 cidades mineiras, inaugurando imensos murais de aproximadamente 100 m² cada. Transformando sedes da Copasa em galerias de arte urbana a céu aberto, as obras propõem reflexões sobre a água e o meio ambiente a partir de distintas perspectivas e linguagens.
A exposição é uma realização do Ministério da Cultura e da APPA – Cultura & Patrimônio, com patrocínio da Copasa e apoio da Fundação Clóvis Salgado. O projeto é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. Realização: Ministério da Cultura, Governo Federal – do lado do povo brasileiro.
“Arte nas Águas de Minas”
Misturando arte urbana, mobilização social e conscientização ambiental, “Arte nas Águas de Minas” chegou à metade de sua segunda edição em setembro, com a entrega dos murais em Teófilo Otoni. As próximas cidades da rota são Frutal, Pompéu e Belo Horizonte, que encerra o projeto em dezembro. Deste outubro de 2024, o projeto já deixou grandes murais nas cidades de Divinópolis, Contagem, Araxá, Pouso Alegre, Montes Claros, Coronel Fabriciano, Alfenas e Brasília de Minas.
Dos 36 artistas participantes, 12 foram convidados pela curadoria de Juliana Flores, responsável por indicar nomes de destaque na cena do muralismo brasileiro para pintar os painéis no interior de Minas. Os nomes incluem Bicicleta Sem Freio (GO), Juliana Gontijo (MG), Ramon Martins (SP), Fênix (MG), Bozó Bacamarte (PE), Luna Bastos (SP), Rimon Guimarães (PR), Thiago Mazza (MG), Mag Magrela (SP), Ani Ganzala (BA), Bonikta (PA) e Yacumã Tuxá (BA).
Em cada uma das cidades, também foram selecionados dois artistas locais por edital público. A lista conta Mika Ribeiro e William Pinguim, de Divinópolis; Zi Reis e Rafael LaCruz, de Contagem; Matheus Black e Marlette Menezes, de Araxá; Prado Neto e Tadeo 180, de Pouso Alegre; Bela Parada e Léo Caxeta, de Montes Claros; Thiago Moska e Leonardo “Cisco” Advíncola, de Coronel Fabriciano; Cris e Desmedida, de Alfenas; PH Arts e Abias Gabriel, de Brasília de Minas; Maria Ramos Gazel e Ricardo Treze, de Teófilo Otoni; Luka Ferreira “Bão Uai” e Gustavo Queiroz, de Frutal; SNUP e SATIVA, de Pompéu; e Ed-Mun e Kakaw, de Belo Horizonte.
“Eu busquei trazer uma mostra da diversidade e potência da arte urbana nacional, onde a gente contempla diversas estéticas e corpos, mas sempre trazendo artistas que naturalmente se conectam com o tema das águas. E não apenas a partir da perspectiva da preservação e da água como elemento fundamental da vida, mas também da água enquanto metáfora de memória, de ancestralidade e de resistência”, avalia Juliana.
Para Cleyson Jacomini, Diretor de Clientes, Comunicação e Sustentabilidade da Copasa, a iniciativa tem fomentado o desenvolvimento artístico local e a conscientização ambiental nas cidades. “Ao apoiar o ‘Arte nas Águas de Minas’, a Copasa celebra a rica expressão da arte urbana mineira, reforça nosso compromisso com a sustentabilidade, o bem-estar das comunidades e valoriza os artistas locais, integrando a cultura como um pilar essencial para o desenvolvimento do nosso estado”, afirma.
Sobre a exposição
A curadoria geral de “_D’ÁGUA” é assinada por Flaviana Lasan e Marcel Diogo. Juntos, eles propuseram um mergulho conceitual sobre a importância da água – elemento que, assim como a arte urbana, rompe fronteiras e ocupa espaços, instaurando fluxos que desestabilizam limites e criam novas formas de convivência. E que ainda carrega significados distintos e até antagônicos para populações de Norte a Sul do estado: da abundância à ausência, do azul cristalino ao marrom turvo.
O próprio nome da exposição é inspirado na diversidade de significados sobre a água, como explica Marcel Diogo. “O nome ‘_D’ÁGUA’ surge como um sufixo fluido para várias possibilidades aquíferas presentes no estado, como lagoas, córregos, rios, água potável, ferruginosa, poluída, água da chuva e, inclusive, a escassez desse elemento vital, tendo em vista os locais do semiárido mineiro onde ocorreram pinturas do projeto ‘Arte nas Águas'”, explica o curador.
“A gente fez uma ficha com algumas perguntas para os artistas, tentando uma aproximação conceitual. Primeiro: o que significa água para eles? O que significa arte urbana? E as respostas nos trouxeram entendimentos importantes. Por exemplo, entender que a água para além da coloração azul, como comumente é apresentada, tem outras referências e colorações, a partir das regiões em que elas nascem. E entender que a água também, para além da sua abundância, é um lugar de falta”, complementa Flaviana.
Núcleos conceituais
Para representar a multiplicidade de relações com a água, a mostra valoriza a variedade estética e simbólica de linguagens da arte urbana, com expografia assinada pelo arquiteto e artista visual Marcus Deusdedit. Assim, “_D’ÁGUA” é dividida em quatro núcleos conceituais: “Sopa de Letras”, “Crews”, “Lambes” e “Bandeiras”, identificando artistas com linguagens similares e revelando as distintas cosmovisões que eles têm sobre a água, a partir de suas vivências e origens.
O núcleo “Sopa de Letras” evidencia a tradição do grafite tipográfico, com composições que transformam letras em campos abstratos, desafiando os limites entre palavra e imagem. Um dos destaques do núcleo é Ed-Mun, artista de Belo Horizonte com trajetória marcada pela pintura em larga escala, a partir de uma técnica que reproduz imagens abstratas e grafismos variados com altíssimo realismo em 3D. Ele é autor do imenso mural inspirado pela arte indígena marajoara, em uma empena de 246,2 m², no centro de Belo Horizonte.
Em “Crews”, a ideia é representar o espírito coletivo das equipes de grafiteiros, que se unem para criar obras colaborativas, refletindo sobre a arte como prática comunitária. Dois expoentes das crews presentes na exposição são Douglas de Castro e Renato Pereira, da dupla Bicicleta Sem Freio, reconhecida internacionalmente por seus murais vibrantes imersos em influências do neo-tropicalismo, da iconografia pop e da psicodelia. Naturais de Goiânia (GO), os artistas levaram suas obras a cidades como Londres, Berlim, Miami e Los Angeles. Pelo “Arte nas Águas de Minas”, em Divinópolis, eles assinam os painéis “Deságua”, “Sagui” e “Tucano”, ao lado dos artistas locais Mika Ribeiro e William Pinguim.
Completando a exposição, o núcleo “Lambes” tensiona os limites entre o popular e o institucional, ao levar para dentro da galeria a linguagem política dos cartazes originalmente feitos para serem colados nas ruas, como um gesto de objeção, informação e resistência frente aos padrões vigentes das sociedades. Já em “Bandeiras”, as obras ressignificam o símbolo do territorialismo e do poder, transformando-os em expressão sensível sobre as águas, os ecossistemas e toda a sociedade.
“Os lambes, no universo artístico, são obras feitas em papel geralmente coladas em muros, postes, viadutos ou qualquer outro suporte das vias urbanas. Na mostra, uma grande estrutura retangular apresenta trabalhos de artistas que trazem imagens relacionadas ao mundo vegetal”, adianta Marcel.
“Já as bandeiras, objetos historicamente associados à ideia de território, pertencimento e poder, na mostra ‘_D’ÁGUA’ são ressignificadas como meios de expressão subjetiva, política e poética. Seja por meio da reflexão sobre as águas, a maternidade, divindades e seres fantásticos, cada trabalho exposto propõe outras percepções sobre o que significa erguer, hastear, carregar uma bandeira”, completa o curador.
APPA – Cultura & Patrimônio
A APPA – Cultura & Patrimônio é uma associação cultural, sediada em Belo Horizonte, de fins não lucrativos, que tem como principal objetivo a promoção de iniciativas artísticas, culturais e patrimoniais que favoreçam o desenvolvimento socioeconômico.
Em mais de 30 anos, a APPA desenvolveu, gerenciou e executou, com sucesso, mais de 240 projetos aprovados em diversos mecanismos de financiamento cultural, como leis de incentivo à cultura e fundos culturais, além do gerenciamento e execução de convênios, termos de parceria, contratos de gestão, termos de ajustamento de conduta, patrocínios não incentivados, entre outros.
Artistas da exposição”_D’ÁGUA”
Divinópolis – Bicicleta Sem Freio; William Pinguim; Mika Ribeiro
Contagem – Juliana Gontijo; Rafael Lacruz; Zi Reis
Araxá – Ramon Martins; Matheus Black; Marlette Menezes
Pouso Alegre – Fênix; Prado Neto; Tadeo 180
Montes Claros – Bozó Bacamarte; Bela Parada; Léo Caxeta
Coronel Fabriciano – Luna Bastos; Thiago Moska; Leonardo “Cisco” Advíncola
Alfenas – Rimon Guimarães; Cris; Karine Pimenta (Desmedida)
Brasília de Minas – Thiago Mazza; Abias Gabriel; PH Arts
Teófilo Otoni – Mag Magrela; Ricardo Treze; Mariana Ramos Gazel
Frutal – Ani Ganzala; Gustavo Queiroz; Luka Ferreira (Bão Uai)
Pompéu – Bonikta; Alan Martins (SNUP); Sara Silva (SATIVA)
Belo Horizonte – Yacunã Tuxá; ED-Mun; KaKaw
** Frutal, Pompéu e Belo Horizonte em andamento
Exposição “_D’ÁGUA”
Quando. Abertura: 7/10, terça-feira, às 19h, na Galeria Aberta Amílcar de Castro e nas áreas externas; Visitação: 8/10 a 30/11, de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h; e aos domingos, das 17h às 21h.
Onde. Palácio das Artes – Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima (Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro)
Quanto. Entrada gratuita
Mais. A exposição tem classificação livre e conta com intérprete de Libras, audioguias, mapa tátil e piso tátil
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