Estreia do espetáculo Arquivo_O Somos 01/07 a 03/07

Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, apresenta: “Arquivo_O Somos”

Novo trabalho do grupo “O Somos” aborda a solidão do mundo virtual, o machismo na construção dos softwares das inteligências artificiais e as identidades de gênero, em espetáculo que reúne dança, tecnologia, artes visuais e cinema. Estreia será no dia 24 de junho, na Funarte-MG.

Reflexões sobre o relacionamento no ciberespaço, a solidão contemporânea e a construção de gênero não só de sujeitos, mas também de inteligências artificiais. Essa é a tônica do espetáculo “Arquivo_O Somos”, novo trabalho do grupo “O Somos”, dirigido, coreografado e concebido pelo Sul Fluminense Túlio Cássio, que faz estreia na Funarte-MG, com temporada nos dias 24, 25 e 26 de junho e 1, 2 e 3 de julho (sextas e sábados, às 20h, domingo, às 18h).

 O “O Somos” nasceu há nove anos, a partir da união de artistas-criadores, que têm o intuito de investigar as multiplicidades do corpo e do movimento por meio de trabalhos em dança, artes visuais, teatro, fotografia e audiovisual, com temáticas que discorrem sobre a tecnologia e a contemporaneidade. O diretor Túlio Cássio explica que o ponto de partida para o grupo foi a sua mudança do interior do Rio para BH, em 2013. “Na época, me vi muito sozinho, um artista de outra cidade tentando se recolocar na área profissional e na sociedade. Um amigo havia produzido umas máscaras em uma aula com Júlia Panadés, inspiradas no cartunista Saul Steinberg, que são face solitárias muito expressivas. Foi então que resolvemos montar uma performance e saímos pela cidade com as máscaras, o que chamou muito a atenção das pessoas nas ruas. E eu percebi que a partir do momento em que me escondi por trás das máscaras, passei a ser percebido”, relembra o diretor Túlio Cássio.

Desde então, “O Somos” já montou diversos espetáculos, sempre mesclando a dança urbana à novas expressões de artes e à tecnologia, para abordar temas em torno das formas de relacionar. A estreia de “Arquivo_O Somos” reforça essa característica do grupo, conforme explica Túlio Cássio. “Esse trabalho se desdobra a partir da construção do ser e da sua relação com o espaço e com outro. É um roteiro que vem sendo desenvolvido há mais de cinco anos, a partir das vivências de cada integrante, e das experiências em outros projetos de cenas curtas, que ganharam uma nova roupagem dramatúrgica”, diz.

Em cena, os bailarinos, bailarinas e bailarines do grupo, Elisa Righetto, Deborah Lopes, Luciana Laper, Túlio Cássio e Zadô Luz, o artista visual convidado Sandro Miccolli, ao som da trilha sonora original do carioca Júlio Santa Cecília, retratam a solidão do mundo virtual, o machismo na construção dos softwares das para as inteligências artificiais e as identidades de gênero por meio da representação da dança, tecnologia, das artes visuais e do cinema.  

Com cocriação e coreografia de Elisa Righetto e a iluminação e direção gráfico-digital de Rafo Barbosa, “Arquivo_O Somos” se passa em uma cidade, projetada em tempo real pelo artista Sandro Miccoli, por meio de recursos de live coding visuals. Durante 60 minutos, quatro atos são apresentados. Ato 1. A concepção: um arquiteto cria uma cidade virtual, uma matrix, para ser habitada por seres humanos. Ato 2. Boot, um processo de inicialização forçada: o arquiteto percebe que os seres ganham vida, mas que as coisas não estão acontecendo como ele esperava e terá que reiniciar. Aborda-se o masculino e o feminino (o binarismo) e como a sociedade trata os gêneros, questionando as formas geométricas: por que o círculo é historicamente ligado ao feminino e o quadrado ao masculino? Nesse ato, acontece a cena Trans Vitruviana, que reconstrói a obra O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, em que os artistas refazem a obra em dois corpos, refletindo sobre o masculino e feminino “Para essa cena, o grupo buscou referência na filósofa Judith Butler, que fala sobre o fardo binário:  a pessoa que nasce com o órgão masculino ou com órgão feminino, a sociedade já coloca esse fardo em cima desse corpo. Segundo a Judith, tudo é performance. Então, aqui, queremos mostrar como performamos o gênero”, explica Túlio Cássio. 

Ato 03. Looping, uma repetição de comportamentos: o grupo questiona os gêneros nas inteligências artificiais que estão atribuídas a voz feminina. Túlio conta que esse ato reflete sobre o machismo estrutural, em que a mulher foi feita para servir. “Por que não é uma voz robótica, que tira o gênero? Por que as inteligências artificias vem de fábrica com uma voz feminina? É o fardo que o gênero feminino carrega na sociedade. São preconceitos codificados pela tecnologia. O machismo está em looping”, questiona Túlio, que completa: “A Unesco publicou recentemente um trabalho sobre como as assistentes de voz perpetuam preconceitos contra a mulher, e sobre a importância de se redefinir as visões de gênero da tecnologia. Isso precisa ser reforçado.”

Ato 4. Bug, o incômodo no sistema: como os seres estão se relacionando com o outro, nessa cidade e espaço, onde tudo já foi construído, está de pé e foi codificado. “Aqui, falamos de solidão, do encontro, de como buscamos o amor, dos aplicativos de relacionamento.  Questionamos o ser nesse espaço, como ele se relaciona com o outro. Essa é questão central. O mundo está cada vez mais conectado, mas, ao mesmo tempo, machista, preconceituoso e solitário”, finaliza Túlio. 

Estreia do espetáculo “Arquivo_O Somos”

Grupo “O Somos”

Dias 1, 2 e 3 de julho 

sextas e sábados, às 20h, domingo, às 18h

Funarte-MG (Rua Januária, 68, Centro – BH/MG)

Duração:  60 minutos 

Classificação: 14 anos

INGRESSOS: R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia

Vendas pela Sympla: https://www.sympla.com.br/produtor/osomos

Este espetáculo é apresentado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, com apoio da Funarte-MG, HIATO Artemovimenta e Centro de Arte e Cultura Brigitte Bacha.