“Casarona” recebe almoço coletivo, roda de capoeira e apresentação da Belina Orkestar; 12º Festival de Primavera também tem programação durante a semana
O Espaço Comum Luiz Estrela completa, em outubro de 2025, 12 anos de existência, resistência e criação coletiva. Reconhecido como Ponto de Cultura, Museu de Território, Sítio Arqueológico e Território Educativo, o Estrela se consolida como um dos mais importantes espaços autogeridos de arte e educação do país, um organismo vivo que pulsa entre ruínas, memórias e sonhos de transformação.
Durante todo o mês de outubro, o coletivo vem celebrando esse marco com uma programação intensa e diversa, tendo como ponto alto o já tradicional Festival de Primavera, que encerra sua programação no próprio dia do aniversário da ocupação: este domingo, 26 de outubro. O evento é gratuito e acontece das 10h às 17h, com almoço coletivo, roda de capoeira angola com Grupo Candeia e fechamento com apresentação da Belina Orkestar.
O projeto “Manutenção Espaço Comum Luiz Estrela 2025” é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
12º Festival de Primavera
Neste ano, o Festival de Primavera ganhou um tom especial: além de celebrar a ocupação da histórica “Casarona”, marca o início de um novo ciclo de experiências educativas, afetivas e de cuidado compartilhado. As ações da Escola Comum com as crianças da EM Maria das Neves, as parcerias com a UFMG e a presença próxima do Serviço Residencial Terapêutico Meninos de Oliveira (SRT) são o coração desta edição: expressões vivas da pedagogia do comum que orienta o Estrela desde 2013.
A programação, que começou no dia 11 de outubro, contou manhãs de convivência com os moradores do Serviço Residencial Terapêutico Meninos de Oliveira, encontros de café e conversa que reafirmam o vínculo entre vizinhança, memória e cuidado coletivo.
Outro ponto alto foi a roda “Construção do Museu Estelar”, no dia 16 de outubro, conduzida por estudantes de Museologia da UFMG sob coordenação do professor Felipe Hoffman, que propõe uma reflexão sobre curadoria compartilhada e memória viva da ocupação. A partir dela, será construída uma exposição coletiva narrando a história do Estrela através das vozes e acervos afetivos do próprio coletivo.
No campo da educação, o Núcleo de Professores da Escola Comum realiza, nesta terça-feira, 21 de outubro, às 19h, a roda de conversa “Pedagogias das Infâncias dentro do Espaço Comum Luiz Estrela”, reunindo educadoras, artistas e pedagogos para refletir sobre corpo, arte, infância e território, especialmente diante da história da casa, que abrigou por décadas um hospital psiquiátrico infantil.
Na sexta-feira, dia 24, a casa abre as portas para o espetáculo “Antrópodes”, obra criada com apoio do Fundo Iberescena pelos bailarinos Luciana Lanza e Fábio Costa numa co-produção entre o Espaço Comum Luiz Estrela e o centro cultural La Futileria de Bogotá, Colômbia.
Já no dia 25, sábado, além do Almoço Comum com Silvia Herval, acontece o Ensaio aberto do Grupo Afre-Belô, e a Roda de Choro do grupo “Cadê o Pano?” conduzida po Helio Martins e produzida por Houssam Zaradhine. O grupo “Cadê o Pano?” foi criado em 2013 por estudantes do Choro com o objetivo de estudar, pesquisar e divulgar este rico gênero musical, além de promover encontros e confraternizações entre os músicos e admiradores do estilo. Desde então vem se apresentando em bares, praças e eventos em Belo Horizonte e no interior de Minas Gerais.
Espaço Comum Luiz Estrela
Esta é de fato uma celebração merecida após um período de desafios — quando o espaço enfrentou, em setembro, três roubos seguidos de sua fiação elétrica —, o Estrela renasce com ainda mais força. O restabelecimento da energia, conquistado através de campanhas solidárias e apoio comunitário, simboliza o que sempre sustentou o projeto: a força do comum, da autogestão e da solidariedade.
Doze anos depois da ocupação da Casarona, em 26 de outubro de 2013, o Espaço Comum Luiz Estrela segue sendo um território educativo vivo, em permanente restauração e criação. Um museu de território em movimento, onde arte, memória, afeto e luta se entrelaçam para sustentar a utopia de uma cidade mais solidária, criativa e inclusiva.
Nestes doze anos, o Estrela firmou-se como um espaço de encontro entre artistas, pesquisadores, vizinhos e educadores, que juntos constroem um projeto contínuo de convivência, criação e aprendizado. Hoje, suas salas e jardins estão vivos diariamente com atividades abertas à comunidade: de manhã e à tarde, o casarão abriga aulas de arte para as crianças das Escolas Integradas de BH, em parceria com a Escola Municipal Maria das Neves, dentro do projeto Escola Comum. À noite e nos fins de semana, o espaço é tomado por aulas e práticas artísticas em dança contemporânea, capoeira, dança afro-contemporânea, yoga, teatro e palhaçaria, conduzidas por artistas que integram o coletivo.
A casa também se tornou um laboratório de pesquisa e experimentação: grupos de estudantes e professores da UFMG, especialmente das áreas de Museologia, Arqueologia, Arquitetura e Artes, desenvolvem ali projetos que cruzam memória, educação e curadoria compartilhada. No campo da convivência, os almoços comunitários de sábado, conduzidos por Sílvia Herval, já se tornaram ponto turístico e afetivo da cidade, reunindo vizinhos, visitantes e artistas ao som da Roda de Choro, da Feirinha Estelar, dos saraus e encontros musicais que mantêm viva a alma coletiva do espaço.
12º Festival de Primavera do Espaço Comum Luiz Estrela
Quando. Até domingo, 26 de outubro de 2025
Onde. Espaço Comum Luiz Estrela(Rua Manaus, 348, Santa Efigênia)
Quanto. Entrada gratuita
Mais. Programação completa no Instagram
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