Mutações – Dissonâncias do Progresso é uma realização da Artepensamento, com patrocínio do BDMG Cultural nas itinerâncias de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília, do BDMG e do Governo de Minas Gerais, e conta com apoio da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura/Fundação Municipal de Cultura e Belotur, e da Associação Pró-Cultura Promoção das Artes – APPA e do Institut Français.
Conferências
Civilização, des-civilização e violência
Para o filósofo Marcelo Jasmin, relacionar o tema da violência com o da civilização é inscrevê-lo num contexto moderno. “No mais das vezes Ocidental, sobretudo no que tange às suas origens, e remetê-lo às crenças iluministas que, desde finais do século 17, e especialmente nos séculos 18 e 19, postularam que a violência física, inclusive a guerra, eram fenômenos associados à barbárie ou à selvageria dos costumes, destinados ao desaparecimento na medida do progresso das luzes, da ciência, da urbanidade e do comércio”. Ele comenta que essa relação também remete ao oposto, à descrença difundida desde a Primeira Guerra Mundial e “à desilusão com o tipo de humanismo progressista que caracterizara os séculos anteriores, agora denunciado em sua ingenuidade – psicológica, sociológica, histórica”.
Jasmin questiona se ainda há sentido em se falar em “civilização” e se um investimento na perspectiva civilizadora pode ser pensado como antídoto, ainda que precário, contra a violência que grassa desde o início do século passado e que não arrefece apesar de tão conhecidos os horrores da experiência vivida e transmitida.
Sem fatos, sem política, sem imprensa
Segundo o jornalista Eugênio Bucci, uma das presunções deletérias do século 20 foi a promessa dos jornais de entregar a seus leitores nada menos do que a verdade. Entretanto, para ele, a imprensa não tem como entregar a verdade a ninguém. “Quando muito, o jornalismo pode pretender estimular um ambiente de debate público em que os fatos de interesse geral fiquem mais acessíveis à inteligência dos cidadãos”, explica, dizendo também que “nem imprensa lidam exatamente com a verdade; ambas lidam com fatos em disputa ou, menos ainda, com um tipo menor de verdade, que é a verdade factual”.
Bucci completa lembrando que com o advento das tecnologias ultrapotentes das redes interconectadas da era digital deformam o espaço público na democracia. “Ao mesmo tempo em que máquinas engolfam a humanidade feito uma sucuri de silício, ondas invisíveis, a política, a imprensa e a própria democracia perdem o pé – e o fôlego. Dá-se, então, conta de que, antes da civilização propriamente dita, quem pode cessar de existir, seja como projeto, seja como vivência, seja ainda como fato, é a democracia”, destaca.
“Não-lugar, cidade genérica, paisagem transgênica”
De acordo com o arquiteto Guilherme Wisnik, o não-lugar e o espaço lixo podem ser vistos como o ponto terminal de um processo que começou na segunda metade do século 19, com a grande descoberta do urbano na Paris dos impressionistas e de Baudelaire. “O grande caldeirão onde se fermentava a modernidade, num ambiente de excitação, libertação, alteridade e contradição. Vive-se hoje, portanto, o polo oposto a isso, sendo a ascensão do espaço lixo um sinal indelével da morte do urbano. Eis aí uma sinistra caracterização dos resultados daquilo que se imaginou ser o progresso tempos atrás”, ressalta e questiona: “O que fazer diante dessa realidade decaída?”.
Próximos Conferencistas e temas
Data | Conferencista | Tema da Palestra |
03/10/2017 | Marcelo Jasmim | Civilização, des-civilização e violência |
04/10/2017 | Eugênio Bucci | Sem fatos, sem política, sem imprensa |
05/10/2017 | Guilherme Wisnik | Não-lugar, cidade genérica, paisagem transgênica |
10/10/2017 | Jorge Coli | Entre desilusões e crenças |
11/10/2017 | Antonio Cícero | Caminhos da razão e do progresso |
18/10/2017 | Franklin Leopoldo e Silva | Muitas expectativas, poucas esperanças |
23/10/2017 | Renato Lessa | A vertigem da autonomia: diferenciação e fragmentação na experiência dos humanos |
Ciclo de Conferências Mutações – Dissonâncias do Progresso
Curadoria: Adauto Novaes
Belo Horizonte- – BDMG Cultural
Período: 20 de setembro a 23 de outubro de 2017
Horário: 19h
Local: Auditório do BDMG Cultural – Rua Bernardo Guimarães, nº 1.600 (entre a Rua Espírito Santo e a Rua da Bahia).
Terceira semana Ciclo Mutações
Dia 3 de outubro – Marcelo Jasmin
Dia 4 de outubro – Eugênio Bucci
Dia 5 de outubro – Guilherme Wisnik
Inscrições:
Em Belo Horizonte, as inscrições para o ciclo de conferências Mutações podem ser feitas pelo site: www.mutacoes.com.br
Investimento Ciclo Completo: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Conferências avulsas: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
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