Arte nas Águas de Minas entrega murais em Frutal e prepara para pinturas em Pompéu

Projeto da APPA em parceria com a Copasa chega ao Triângulo Mineiro e ao Centro-Oeste, tecendo um mosaico de cores e reflexões sobre a preservação da água; pinturas em Pompéu, penúltima cidade a receber o projeto, começam dia 3/11

Dando sequência à inauguração de galerias de arte a céu aberto pelo interior de Minas Gerais, a 2ª edição do projeto Arte nas Águas de Minas celebra a finalização das pinturas na cidade de Frutal, no Triângulo Mineiro, e se prepara para iniciar uma nova etapa. Em Pompéu, na região Centro-Oeste, os artistas locais Alan Martins (SNUP) e Sara Silva (Sativa), além do convidado Bonikta (PA), darão continuidade à travessia criativa que tem deixado um legado artístico e ambiental em Minas Gerais.

O projeto “Arte nas Águas de Minas” é realizado pelo Ministério da Cultura e pela APPA – Cultura & Patrimônio, com patrocínio da Copasa, e viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. Realização: Ministério da Cultura, Governo Federal – do lado do povo brasileiro.

Em Frutal, as grandes pinturas dos artistas Gustavo Queiroz (Monstrim) e Luka Ferreira (Bão Uai), selecionados por meio de edital, e da convidada nacional Ani Ganzala (BA), trouxeram à sede da Copasa uma riqueza de cores em diálogo com a natureza. Os trabalhos foram entregues à comunidade durante solenidade que aconteceu na última terça-feira, 21/10. Além da pintura dos murais, no dia anterior 20/10, segunda-feira, os artistas Gustavo Queiroz e Luka Ferreira ministraram uma oficina de arte urbana para recuperandos da APAC Masculina de Frutal.

Gustavo Queiroz, que atua há mais de duas décadas com graffiti, tatuagem e cenografia, é conhecido pelo olhar atento à natureza e às relações que ligam corpo, paisagem e território. Em seu mural “Gigante Rio Grande”, ele homenageia o ecossistema que cerca o principal curso d’água da região, fonte de sustento e equilíbrio ambiental, ao representar uma garça, ave comum na região, voando sobre o rio azul profundo, cercada por folhagens e flores.

Já Luka Ferreira, o Bão Uai, levou ao mural “Genoma Bão” uma leitura simbólica da perspectiva ribeirinha e da essência mineira, ao propor, nas palavras do artista, “um diálogo entre o homem, a natureza e a própria origem da vida”. Em uma composição que transita do amarelo ao azul, pescadores lançam linhas sobre uma grande hélice de DNA, onde nadam peixes e jacarés. O artista funde biologia e cultura popular para expressar o fluxo que conecta todas as formas de vida, revelando a água como memória e continuidade.

Junto a eles, a artista convidada Ani Ganzala, natural da Bahia, trouxe ao Triângulo Mineiro uma leitura que mistura ancestralidade, ecologia e espiritualidade. Afrondígena, mãe e Ìyàwó de Oxóssi, a artista criou três murais em Frutal: “A Vida É Fruição”, onde um rio sinuoso atravessa uma paisagem verdejante, celebrando o fluxo e a abundância da vida; “Cerrado”, dedicado à diversidade de um bioma que abriga animais como tamanduás e veados-campeiros; e “Tamanduá-Bandeira”, pintura monumental na fachada do reservatório da Copasa, que exalta o animal como símbolo de equilíbrio e resistência.

Pompéu

Com novos cartões postais entregues em Frutal, o Arte nas Águas de Minas segue para Pompéu, onde os artistas Alan Martins (SNUP), Sara Silva (Sativa) e o convidado Bonikta iniciam as pinturas a partir de 3/11. Como de praxe, todo o processo criativo poderá ser acompanhado diariamente pela população, que estará em pleno diálogo com os artistas enquanto as obras são criadas. A expectativa é que todos os murais estejam prontos em 14/11, data da solenidade de entrega dos projetos à população. Antes disso, no dia 13/11, Alan Martins (SNUP), Sara Silva (Sativa) ministram uma oficina de muralismo junto a estudantes de Frutal. Os detalhes serão divulgados nas redes sociais do projeto.

Em Pompéu, os artistas regionais selecionados por edital transitam por diferentes caminhos da arte urbana mineira. Alan Martins (SNUP), designer gráfico e muralista, é conhecido por mesclar o gesto rápido do spray com a textura do pincel, além de transitar por estilos variados de grafismos, criando composições de forte dinamismo visual. Já Sara Silva (Sativa), por sua vez, se dedica ao grafite há quase 10 anos e consolida uma identidade marcada pela linguagem das ruas, abarcada por referências urbanas e reflexões afetivas.

Completando o trio, Caio Aguiar (Bonikta), natural de Ourém, no Pará, assina sua produção artística sob o nome “Bonikta”, referência às máscaras boniktas, desenvolvidas e nomeadas por ele, e que representam um vasto universo do imaginário da cultura e do folclore amazonense. A obra de Bonikta se manifesta em diversas linguagens, como ilustração, grafite, pintura, fotografia, vídeo, animação, tatuagem e confecção de máscaras. Seus trabalhos foram expostos na Bienal do Mercosul, na Bienal do Amazonas e na São Paulo Fashion Week (SPFW).

Arte nas Águas de Minas

Na segunda edição do projeto, estão contempladas as cidades de Alfenas, Brasília de Minas, Teófilo Otoni, Frutal e Pompéu. Em dezembro, após as entregas dos murais em Pompéu, o projeto desembarca em Belo Horizonte para sua etapa final. No total, esta edição reúne 18 artistas, sendo seis nacionais, escolhidos pela curadoria de Juliana Flores, e 12 artistas locais, selecionados por edital público aberto nas cidades participantes.

Para a coordenadora do Arte nas Águas de Minas, Luciana Veloso, as entregas de obras artísticas pelo interior de Minas Gerais materializam o principal objetivo do projeto: modificar a rotina dos moradores do interior, levando reflexões sobre sustentabilidade e pertencimento por meio da arte.

“O Arte nas Águas é sobre transformar o que parecia invisível em algo que salta aos olhos. Trazer beleza, reflexão e, principalmente, pertencimento aos cidadãos. A arte urbana tem essa força bonita a mais porque ela fica no caminho das pessoas. E transforma o dia a dia de todos. Por que o que antes parecia comum, agora promove beleza, reflexão e críticas. E esse é o poder da arte”, avalia Luciana.

Toda essa pluralidade de expressões democratiza o acesso à arte e cria pontes para engajar as comunidades em torno de um tema urgente: a preservação da água, como reforça Cleyson Jacomini, Diretor de Clientes, Comunicação e Sustentabilidade da Copasa.

“A arte tem o poder de comunicar de forma universal. Ao apoiar suas diversas linguagens, amplificamos a mensagem de que a água é um bem coletivo, mas finito. Esses murais são mais do que intervenções estéticas; são ferramentas de educação ambiental que reforçam nosso vínculo com as comunidades. A nossa atuação vem no sentido de aliar impacto visual e conteúdo transformador, tornando os reservatórios espaços vivos de diálogo sobre a sustentabilidade”, conclui.

Histórico

Na primeira edição, entre outubro de 2024 e março de 2025, o Arte nas Águas de Minas entregou murais em outras seis cidades mineiras, assinados pelos artistas Bicicleta Sem Freio, Pinguim e Mika (Divinópolis); Juliana Gontijo, Rafael Lacruz e Zi Reis (Contagem); Ramon Martins, Matheus Black e Marlette Menezes (Araxá); Fênix, Prado Neto e Tadeo 180 (Pouso Alegre); Bozó Bacamarte, Bela Parada e Léo Caxeta (Montes Claros); e Luna Bastos, Thiago Moska e Leonardo “Cisco” Advíncola (Coronel Fabriciano).

APPA – Cultura & Patrimônio

A APPA – Cultura & Patrimônio é uma associação cultural, sediada em Belo Horizonte, sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo a promoção de iniciativas artísticas, culturais e patrimoniais que favoreçam o desenvolvimento socioeconômico.

Em mais de 30 anos de atuação, a APPA desenvolveu, gerenciou e executou com sucesso mais de 240 projetos aprovados em diferentes mecanismos de financiamento cultural — incluindo leis de incentivo, fundos culturais, convênios, termos de parceria e contratos de gestão. A instituição é referência na criação e execução de políticas culturais que fortalecem o diálogo entre arte, sociedade e sustentabilidade.