Bella la Pierre celebra 20 anos de arte drag expandindo fronteiras e reinventando a cena mineira.
Festa acontece no dia 10 de dezembro no Baixaria com discotecagem, minidoc, pocket show e exposição fotográfica. Entrada gratuita.
Ser artista é reinventar o próprio tempo, e Bella la Pierre tem feito isso há vinte anos. Ícone da cena queer de Belo Horizonte, visualmente arrebatadora e dona de uma energia criativa sagaz, Bella transformou sua presença em linguagem e destacou-se por seu pioneirismo em assumir-se como uma drag mulher em uma época que quase não havia referências do tipo no Brasil. Bella nasceu do ímpeto de ocupar um espaço que parecia interditado.
A celebração de seus 20 anos de carreira acontece no dia 10 de dezembro, a partir das 19h30, no Baixaria, com exposição fotográfica, discotecagem, exibição de minidocumentário e o pocket show Bella a la Carte. Mais do que um aniversário, o evento marca a consolidação de uma artista que questionou fronteiras, fundou linguagens e expandiu a arte drag para muito além do ambiente noturno. A entrada é gratuita.
“Quando eu criei a Bella, eu queria expressar em mim, como mulher cis, os elementos que a arte drag exaltava. Minhas referências iniciais eram figuras como a Cher e depois, quando fui conhecendo mais a cena passaram a ser Elke Maravilha, Maria Alcina, eu queria ser elas. No início eu não entendia por que não existiam várias mulheres fazendo isso. Eu tinha 18 anos na minha primeira montação” afirma Gabriela Dominguez, atriz e maquiadora que dá vida à personagem.
A criação de sua persona drag gerou estranhamento, mas Gabriela transformou esses olhares quando começou a movimentar a cena para além do espaço da boate, sua presença atravessou palcos, festivais, sets de gravação, projetos educativos e até festas infantis. “Hoje eu entendo que Drag é expressão artística, é linguagem. Ela já ganhou autonomia para existir em muitos lugares, para além da noite. Hoje temos drags fazendo cinema, política, música, comédia. E eu mesma sou chamada para trabalhos em áreas diversas. A arte drag continua se expandindo”, conta.
Sua trajetória também dialoga com a história recente da cena drag belo-horizontina, marcada pelo incentivo de artistas como Ed Luiz (Festa @absurda), pelo surgimento do coletivo Montarya e pela criação de espaços de acolhimento e formação para novas drags na cidade. Mas foi ao transbordar da noite para o mundo que Bella consolidou seu lugar como artista múltipla e atemporal. Hoje, Bella é vocalista de banda e de bloco de carnaval, mestre de cerimônia em diversos eventos e criadora de conteúdo, integrando a TEIA (agência social de comunicação). Já sua intérprete, Gabriela, segue como atriz, diretora de arte, maquiadora e cantora.
Aos 20 anos de carreira, a drag prepara novos voos: o desenvolvimento de um espetáculo autoral que una teatro, música e performance que dialogue com ícones que a inspiraram como Elke Maravilha e Maria Alcina. “Eu não sou muito de planejar, mas o destino sempre foi generoso comigo. Meu plano agora é seguir com coragem, criar meu espetáculo e continuar fazendo festa com o que a vida me der. Eu não vou parar de ser drag tão cedo. Vou seguir me divertindo o quanto puder, com o que eu tiver. É isso.”
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