Cineasta Charles Burnett comenta filme estrelado por Grande Otelo – 19/10

Premiado com um Oscar Honorário, Burnett é considerado um dos grandes diretores  do cinema mundial; realizador comentará o longa-metragem “Também somos irmãos”, em sessão com acessibilidade, fruto da parceria entre a Fundação Clóvis Salgado e o Ministério Público de Minas Gerais

Charles Burnett, cineasta estadunidense nascido no estado do Mississippi em 1944 e criado em Los Angeles, é um dos mais celebrados nomes do cenário independente, do cinema negro e da cinematografia mundial. Trabalhando desde os anos 1960 e autor de obras seminais, como “O Matador de Ovelhas” (1978) – fruto da dissertação de mestrado do cineasta na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) –, o diretor ganhou em 2017 um Oscar Honorário por seu pioneirismo. Burnett vem agora a Belo Horizonte, para a 5ª Semana de Cinema Negro, e no mesmo período participa de uma sessão especial do Cineclube Acessível no Cine Humberto Mauro, um desdobramento da mostra “Intérprete do Brasil: Uma Homenagem a Grande Otelo”. A exibição comentada do filme “Também somos irmãos” (1949), estrelado por Grande Otelo e dirigido por José Carlos Burle, acontecerá no dia 19/10 (domingo), às 17h30. A sessão do filme com audiodescrição, legenda descritiva e Libras destaca a importância da acessibilidade no cinema. A ação é fruto também da parceria entre a Fundação Clóvis Salgado (FCS) e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), no âmbito do programa antirracista “Sobre Tons”, do MPMG. A entrada no Cine Humberto Mauro é gratuita; metade dos ingressos estará disponível, de forma on-line, a partir de meio-dia do dia da sessão, no site da Eventim, e o restante será distribuído presencialmente na bilheteria do Cine Humberto Mauro, meia hora antes de cada exibição, mediante a apresentação de documento com foto.

A sessão de “Também somos irmãos” dá continuidade ao movimento de reconhecimento da trajetória de Grande Otelo e de sua centralidade na cultura cinematográfica brasileira. A obra emblemática esteve presente na mostra “Intérprete do Brasil – Uma Homenagem a Grande Otelo”, realizada em junho no próprio Cine Humberto Mauro. Se naquela ocasião buscou-se revisitar a amplitude do percurso artístico de Grande Otelo, agora o gesto ganha uma nova camada: a exibição do filme será realizada de forma acessível e inclusiva. São recursos inéditos para a obra – proporcionados especialmente pela parceria da FCS com o MPMG –, o que marca um avanço importante no projeto do “Cineclube Acessível” e reafirma o compromisso da Fundação Clóvis Salgado com a democratização do acesso ao patrimônio audiovisual brasileiro.

O “Cineclube Acessível – ‘Também somos irmãos'” é realizado pelo Governo de Minas GeraisMinistério Público de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo Fredizak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e  correalização da APPA – Cultura & Patrimônio.A ação é viabilizada pelo Programa Sobre Tons, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Fundo Especial do Ministério Público de Minas Gerais (FUNEMP/MPMG). O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo do Brasil, do lado do povo brasileiro.

Um encontro único, ao alcance de todos  — Lançado em 1949, “Também somos irmãos” é considerado um marco inaugural na representação do racismo e da luta de classes no cinema brasileiro. A narrativa acompanha a trajetória de quatro irmãos adotivos — dois brancos e dois negros — e evidencia como as desigualdades raciais se traduzem em experiências profundamente distintas no Brasil. Nesse contexto, a atuação de Grande Otelo se projeta como elemento decisivo, capaz de tensionar os limites da representação e de inscrever no filme a potência de sua presença cênica. Os comentários de Charles Burnett, cineasta norte-americano de relevância internacional, acrescentam ao filme uma perspectiva transnacional, situando Grande Otelo e o cinema brasileiro no diálogo com tradições mais amplas de resistência e afirmação cultural.

É o que reforça Vitor Miranda, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e curador do Cine Humberto Mauro, acrescentando ainda a importância deste encontro entre cinema negro brasileiro e cinema negro estadunidense acontecer no contexto do “Cineclube Acessível”. “Essa sessão é muito especial porque ela cumpre uma função tripla: estamos prolongando a mostra-homenagem a Grande Otelo com a exibição de um de seus principais filmes, celebrando o legado de um cineasta incontornável como o Charles Burnett – que estará presencialmente aqui conosco –, e consolidando o ‘Cineclube Acessível’ como espaço de experimentação e de inclusão. É uma oportunidade incrível para que todas as pessoas vejam o trabalho de um dos maiores artistas do cinema brasileiro sob a perspectiva de um dos grandes cineastas vivos, e uma felicidade imensa para o Cine Humberto Mauro, que segue reafirmando sua vocação como lugar de memória, reflexão crítica e acesso democrático à cultura”, celebra Vitor Miranda.

CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete, entre outros diversos equipamentos. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS – O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) é uma instituição responsável pela defesa dos direitos dos cidadãos e dos interesses da sociedade. Sua função é zelar pela correta aplicação da lei, pela ordem jurídica e pela democracia. Cabe a ele lutar contra as desigualdades, garantindo uma vida digna a todos os cidadãos. Com o objetivo de combater o racismo, o MPMG lançou, em 2023, o programa “Sobre Tons”, por meio da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (Ccrad) e da Assessoria de Comunicação Integrada (Asscom). No ano de seu lançamento, o programa teve como ação principal o letramento racial de seu público interno, com a divulgação periódica de conteúdo informativo. A partir de 2024, expandiu seu trabalho para toda a sociedade,  por meio de parcerias, com sessões de cinema comentadas, veiculação de vídeos em estádios de futebol e nas redes sociais, criação de um podcast, promoção de atividades culturais, entre outras ações. Em dezembro de 2024, deu origem, juntamente à Educafro Minas e à Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais, ao Projeto Tenório, que concede bolsas integrais para pessoas negras em curso preparatório para ingresso na carreira de promotor de Justiça. Também no final de 2024, firmou parceria com a Fundação Clóvis Salgado, para a multiplicação de ações culturais de enfrentamento ao racismo.

Cineclube Acessível comentado por Charles Burnett – “Também somos irmãos” (1949), de José Carlos Burle

Data: 19 de outubro de 2025 (domingo)

Horário: 17h30

Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes

(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro – Belo Horizonte)

Classificação indicativa: 12 anos

Entrada gratuita; 50% dos ingressos estarão disponíveis, de forma on-line, a partir de meio-dia do dia das sessões, no site da Eventim; o restante dos ingressos será distribuído presencialmente na bilheteria do Cine Humberto Mauro, meia hora antes de cada exibição, mediante a apresentação de documento com foto.