Evento gratuito acontece dias 11 e 12 de outubro de 2025, no Quilombo do Açude, com programação diversa de cinema, música, oficinas, feira cultural e atividades para toda a família.
Festival homenageia Lázaro Ramos, Gabriel Martins e Mauricio Tizumba
O Quilombo do Açude, na Serra do Cipó, será palco de um momento histórico. Nos dias 11 e 12 de outubro de 2025, sábado e domingo, acontece a 6ª edição do Festival Cinema dos Quilombos, que pela primeira vez se realiza dentro de um território quilombola, tornando-se o primeiro festival de cinema quilombola do Brasil nesse formato. O evento gratuito ocupará o território reunindo cinema, música, gastronomia, feira de artesanato e moda africana, além de oficinas e atividades para todas as idades. Ao todo, nove filmes produzidos em Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo compõem a programação trazendo à tela histórias de resistência, ancestralidade e cotidiano quilombola. Entre os homenageados desta edição estão o ator e escritor Lázaro Ramos, o cineasta mineiro Gabriel Martins e o multiartista Maurício Tizumba.
Mais do que uma mostra cultural, o Festival Cinema dos Quilombos é um ato político, ancestral e simbólico, que reafirma a potência dos quilombos como espaços de produção de conhecimento, arte e memória. O território do Açude, eternizado na canção “Casa Aberta” (Flávio Henrique e Chico Amaral), interpretada por Milton Nascimento, se transforma em uma grande sala de cinema a céu aberto, onde o chão de terra vira tapete vermelho e o céu estrelado se torna o teto para narrativas que ecoam da ancestralidade à contemporaneidade.
Idealizador do festival, o cineasta, músico e produtor cultural quilombola Danilo Candombe destaca a importância da realização dentro do território. “Este festival é um marco. Não apenas pela programação artística, mas porque acontece dentro de um quilombo, dando visibilidade às nossas histórias contadas por nós mesmos. É um gesto de valorização, de continuidade e de futuro. Fazer cinema quilombola no quilombo é afirmar nossa existência, nossa cultura e nossa resistência como parte essencial da identidade brasileira”, afirma.
A programação vai além da tela de cinema, com feira de artesanato, moda africana, comidas típicas da culinária quilombola e shows musicais. O público poderá conferir apresentações de Ifátókí convida Sérgio Pererê, Grupo Cultural Ponto BR, Adriana Araújo e Trio Gandaiera.
No domingo, a programação será dedicada especialmente às crianças, com o Domingo Kids, que trará brinquedos e uma seleção de filmes infantis de temática quilombola, reforçando a importância da infância como guardiã das tradições.
Programação de Cinema
As exibições começam no sábado, 11 de outubro, às 17h, com a sessão que reúne três produções. “Meada Cor Kalunga”, documentário de Marta Kalunga, Alcileia Torres e Ana Luíza de Sá Reis, acompanha as comadres Marta e Dirani Kalunga no preparo das meadas e tingimento no quilombo Vão de Almas, em Goiás, revelando a força da tradição e do território.
Na sequência, o documentário “Tita – 100 anos de luta e fé”, dirigido por Danilo Candombe, apresenta a trajetória de Maria Gregório Ventura, moradora do Quilombo Morro do Santo Antônio, em Itabira, que ao completar um século de vida reafirma o valor da preservação das tradições quilombolas.
Encerrando a noite, será exibido “Nove Águas”, ficção dirigida por Gabriel Martins em parceria com o Quilombo dos Marques. O filme reconstitui a saga de descendentes de escravizados que, nos anos 1930, deixaram o Vale do Jequitinhonha rumo ao Vale do Mucuri em busca de água e terra, em uma narrativa que conecta passado e presente.
No domingo, 12 de outubro, a programação de cinema se inicia às 16h com o Domingo Kids. A seleção começa com “Disque Quilombola”, documentário de David Reeks em que crianças do Espírito Santo falam, com leveza e espontaneidade, sobre a vida em comunidades quilombolas e em morros urbanos.
Em seguida, será exibida a ficção “A mãe do meu amigo”, de Anderson Lima, ambientada no Quilombo do Manzo, em Belo Horizonte, que mostra como uma conversa entre mães durante uma noite do pijama pode abalar uma amizade infantil diante de preconceitos religiosos.
Na sequência, o documentário “Kutala”, dirigido por Fabio Martins em parceria com o Quilombo Manzo, registra as brincadeiras de crianças de terreiro e revela a transmissão do saber ancestral às novas gerações.
Também será exibida a ficção “Voa Arturos”, curta de Othon de Saboia realizado com moradores do Quilombo dos Arturos, em Contagem, que aborda, de forma lúdica, disputas nos céus da comunidade.
O público poderá conferir ainda “E o seu dia-a-dia?”, documentário feito por crianças e jovens do Quilombo do Açude durante oficina coordenada por Danilo Candombe, que retrata a rotina da comunidade a partir de olhares internos.
Encerrando a mostra, o documentário “ADOBE: habilidades tradicionais da construção Kalunga”, de Carlos Pereira, mergulha nas técnicas construtivas vernaculares da comunidade Kalunga, em Cavalcante (GO), e revela como o barro e os saberes ancestrais se transformam em casas, identidade e resistência.
Festival Cinema dos Quilombos – 6ª edição
Datas: sábado e domingo, dias 11 e 12 de outubro de 2025, das 12h às 00h
Local: Quilombo do Açude – Serra do Cipó, MG
Atividades culturais e sessões de cinema gratuitas
Realização: Cinema dos Quilombos
Apoio: Prefeitura de Jaboticatubas, Circuito Serra do Cipó, PNAB, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução
https://www.youtube.com/watch?v=Ai_CJEypa8M – “Tita – 100 anos de luta e fé”, dirigido por Danilo Candombe
https://www.youtube.com/watch?v=Wg_UMwi-4E4 – “ADOBE: habilidades tradicionais da construção Kalunga”, de Carlos Pereira
https://www.youtube.com/watch?v=oQYMF91jT8Q – “Disque Quilombola”, documentário de David Reeks
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