Oficina Pelas Bandas do Paraopeba celebra o rico legado da região de Brumadinho, dentro do projeto realizado pela ONG Contato, cujo objetivo é promover formação e inclusão por meio da arte
Nos dias 4 e 5 de outubro de 2025, sábado e domingo, o Anagama – Arte, Inclusão e Sustentabilidade – está de volta. Para abrir em grande estilo e com muita música, a iniciativa movimenta a cultura de Brumadinho com a oficina Pelas Bandas do Paraopeba. O encontro com grandes mestres e musicistas das bandas da região mantém viva e renovada uma tradição que atravessa os tempos. As atividades da segunda edição são gratuitas e começam à partir deste sábado, dia 04 de outubro de 2025. Para acompanhar a programação e as novidades, acesse: https://www.instagram.com/projetoanagama
“Desde que o projeto surgiu, foram dois anos muito intensos e, agora, a gente conseguiu a renovação de mais um ciclo. Estamos ampliando as atividades, notadamente no campo da música, nesta região onde há essa tradição musical”, explica o coordenador de Mobilização e Articulação do Anagama, Vítor Santana.
A iniciativa da ONG Contato conta com apoio de associações, entidades e coletivos de artistas e ativistas sociais na cidade de Brumadinho.
“Na primeira edição, o projeto estava formatado e a gente tinha que cumprir aquilo que estava dentro dele. Mas havia um espaço para fazer algumas inovações e a gente buscou trazer uma maior variedade de atividades. Tudo começou com a cerâmica, que é muito forte na região. Fizemos também as oficinas de áudio, vídeo, gambiologia, moda e música. Nesse período, realizamos uma pesquisa sobre os hábitos de consumo cultural no município e a música se destacava”, conta o coordenador-geral do Anagama, Carlos Nagib.
A força das bandas e da música
“Em Brumadinho, quando pensamos em música, é impossível não mencionar a família Bibiano, que descende do pioneirismo de José Maria Bibiano”, diz Vítor Santana.Bibiano foi um músico autodidata, originário do Quilombo do Sapé. Ele foi convidado pelo maestro da Banda São Sebastião para participar da Corporação Musical, passando a viver na sede do município nos anos 1950. Referência em Brumadinho, ele deu início à Guarda de Moçambique da região. Além da influência artística, sua contribuição para valorizar raízes e ancestralidade da cultura afro-brasileira atravessaram gerações.
Seu neto, Aldo Bibiano, é uma de suas várias sementes. O músico é tubista, professor universitário e Mestre em Música. Atua como tuba solo, na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. A experiência com a música erudita convive com o DNA popular de forma harmônica. Aldo também é capitão regente da Guarda de Moçambique no Município. Ele assina a direção artística do projeto e é um dos educadores da oficina “Pelas Bandas do Paraopeba”, que abre esta segunda edição do projeto, com atividades até 2027.
“Fala-se muito sobre a importância da construção cultural de Brumadinho a partir da chegada do meu avô para cá. As manifestações que ainda persistem hoje, diretamente ou indiretamente, foram criadas por ele. Eu tento passar isso para a nova geração. O Pelas Bandas do Paraopeba busca muito isso: aproximar a nova geração desse universo. As pessoas estão se comunicando por mensagem e nem batem mais na porta uma da outra”, explica o músico. O que o projeto proporciona é abrir as portas. “Manda mensagem para o grupo da família e vem”, brinca Aldo.
“Quando pensamos na ideia desse congraçamento, é muito isso. Primeiro, reunir pessoas a partir de algo que é positivo, que é a música, que é a arte. Segundo, a possibilidade de crescimento que todos nós teremos, com professores(as) que já trilharam o mesmo caminho que o nosso e conseguiram conquistar uma carreira na música. E, por fim, trazer um novo nicho, um novo olhar mercadológico para a juventude de Brumadinho”, completa.
A oficina Pelas Bandas do Paraopeba terá um elenco de peso. Além de Aldo Bibiano estão: Maestro Joanir Oliveira, fundador e coordenador-geral do projeto Música de Sarzedo, Maestro da Banda Municipal Sarzedense, ele guiará os participantes na modalidade Regência e Prática de Bandas; Mestre João Paulo Santos Corrêa, trompetista, professor e pesquisador musical, vai mostrar a potência do naipe; já no trombone, está o talento de Doutor Jonatha Maximiano, que é professor e integra o coletivo Babadan Banda de Rua. Mestre Edvaldo de Oliveira vem com o clarinete e a experiência de dar aulas para público infantojuvenil. Mestre Sandra Alves, primeira flauta na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, é especialista em Educação Musical; Mestre César Baracho é professor e saxofonista; completa o time, Jonas Henrique, na percussão, que atua como professor e chefe de naipe de percussão no projeto Música de Sarzedo.
Marcam presença no projeto as bandas: Corporação Musical Santa Efigênia, Banda São José, Corporação Musical Santo Antônio de Suzana – Lira Suzanense, Corporação Musical Nossa Senhora da Conceição e Corporação Musical Banda São Sebastião.
“Estamos bastante animados com essa ampliação do Anagama por meio dessas oficinas de música. Mantivemos a lógica dos pontos de cultura, sem inventar a roda. Isso significa pegar as atividades que já existem na comunidade e potencializá-las. Eu estive com os maestros de cada banda, conversei muito, porque os projetos da Contato envolvem o trabalho de base, construído junto à comunidade para que funcione. Sobretudo uma comunidade que foi atravessada por um crime ambiental e sofreu um grande impacto”, pondera Vítor Santana.
O Anagama – Arte, Inclusão e Sustentabilidade
O projeto é uma realização da ONG Contato, referência em formação artística para jovens há 23 anos em Minas Gerais, e foi desenvolvido logo após o crime ambiental que atingiu em cheio Brumadinho e região. Foi aprovado pelo Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo, composto pela AVABRUM – Associação dos familiares de vítimas e atingidos pelo rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho – Minas Gerais e Tribunal Regional do Trabalho -3a região.
A primeira edição, em 2023, foi lançada nos distritos de Suzana e Piedade do Paraopeba, no mês de maio. As atividades contemplaram Casa Branca, São José do Paraopeba e Quilombo dos Rodrigues, tendo Brumadinho como sede. Com a cerâmica e o artesanato como fios-condutores das interações com a população, as oficinas de formação e capacitação artística abrangeram diversos segmentos, além da criação de núcleos comunitários de ceramistas visando a geração de renda para as populações atingidas pela tragédia nestas localidades. Mais de 350 pessoas foram diretamente contempladas com o Anagama.
ANAGAMA – ARTE, INCLUSÃO E SUSTENTABILIDADE
LANÇAMENTO SEGUNDA EDIÇÃO
DIA 4 DE OUTUBRO, A PARTIR DAS 09 HORAS, EM BRUMADINHO – OFICINA PELAS BANDAS DO PARAOPEBA: destinada à Corporação Musical Santa Efigênia e Banda São José.
DIA 05 DE OUTUBRO, A PARTIR DAS 9HS, NA COMUNIDADE DE SUZANA – OFICINA PELAS BANDAS DO PARAOPEBA: destinada à Corporação Musical Santo Antônio de Suzana – Lira Suzanense.
Adicionar Comentários