Grupo Teatro Diadokai apresenta espetáculo “O amor possível” – 18, 25/8 e 1/9

Peça inspirada em romance de José Saramago será apresentada em instituições públicas e privadas da capital, estreitando vínculos entre o público da terceira idade e o teatro; solo da atriz Priscilla Duarte enfoca história do oleiro Cipriano

Na última semana, o grupo Teatro Diadokai iniciou a segunda e última etapa da circulação do espetáculo “O amor possível” em Belo Horizonte. Neste novo ciclo, que sucede uma série de apresentações em centros culturais municipais da capital, a peça será mostrada exclusivamente para moradores de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) da cidade.

Fechada ao público externo, a programação vai até dia 1º de setembro e está descrita ao final do release. A próxima apresentação acontece no dia 18 de agosto, na instituição Alma Senior, no Bairro Bandeirantes, na Região da Pampulha.

Realizada no Lar de Idosos Recanto da Saudade, no Bairro Salgado Filho, no dia 4 de agosto, a primeira apresentação desta etapa do projeto foi “uma das experiências mais fortes da história do espetáculo”, de acordo com a atriz Priscilla Duarte. “Foi um daqueles momentos inesquecíveis, que dão sentido à nossa existência como artistas”, afirma a artista, que conduz o solo.

“Apresentar um espetáculo na casa de alguém é muito diferente do que apresentar no espaço teatral. No teatro, os anfitriões somos nós, artistas, que recebemos os espectadores na nossa casa. Na casa de alguém, a situação se inverte: o morador nos recebe em seu lar”, continua. “Então, de repente, a obra teatral transforma aquele lugar, atravessa a rotina e os corações, transportando os moradores para outros mundos, outros tempos”. 

A história

“O amor possível” é inspirado no romance “A caverna” (2000), de José Saramago, único autor da língua portuguesa a receber um Prêmio Nobel na história, até o momento. Em formato de solo, Priscilla Duarte encarna o oleiro e viúvo Cipriano Algor e todos os demais personagens, além de fazer o papel de narradora da história de um homem que, de repente, se vê diante de uma drástica mudança socioeconômica e cultural: o desprestígio do barro, matéria prima de uma vida inteira, subitamente trocado pela tecnicidade do plástico.

Inicia-se, a partir de uma reflexão sobre utilidades, obsolescências e radicalizações impostas em nome do falso progresso, a saga de Cipriano para reinventar-se como ser humano, em busca de um lugar possível no mundo. Neste percurso áspero, ele encontra o amor, na companhia da vizinha, a também viúva Isaura Madruga, e desenvolve uma relação de lealdade e amizade com o cão Achado. Esse pano de fundo, simultaneamente singelo e profundo, resgata as bases das relações afetivas, e mantém atualizada a crítica social tão legítima sobre a modernidade presente na escrita de Saramago.

“O espetáculo propõe vários desafios à nossa atenção, cada vez mais dispersa, bombardeada por tantos estímulos sonoros e visuais. Estamos constantemente rolando imagens no celular, ouvindo música, podcasts, notícias, etc. Como diz Saramago, a contemporaneidade nos aprisiona a todos, como se estivéssemos na caverna de Platão. O espetáculo oferece uma possibilidade para que os espectadores possam dar um passo atrás, desacelerar o ritmo da contemporaneidade, abrindo espaço para identificar-se com esses personagens que poderiam ser qualquer um de nós”, contextualiza Priscilla.

Circulação

A circulação de “O amor possível” em Belo Horizonte contou com três apresentações e duas oficinas de artes cênicas realizadas em junho e julho deste ano, nos centros culturais Jardim Guanabara, Urucuia e Bairro das Indústrias. O projeto dá continuidade à difusão iniciada em 2024, quando o espetáculo estreou em Minas Gerais e o grupo realizou oficinas e bate-papos, em parceria com grupos de mulheres ceramistas na comunidade quilombola de Olaria, em Cônego Marinho, e nas cidades de Januária, Pedro Leopoldo e Lagoa Santa. A intenção foi levar a peça a pessoas que têm pouco ou nenhum contato com o teatro e marcar a importância da cerâmica como arte milenar em Minas. O espetáculo também já esteve em curta temporada no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte.

“Para este novo projeto, quisemos levar o espetáculo ao público periférico de Belo Horizonte, em regiões pouco atendidas pela circulação de bens culturais. Além disso, atingir o público idoso, apresentando o espetáculo nos locais onde essas pessoas moram, significa não apenas levar a elas a possibilidade de fruição de um espetáculo teatral, mas de tocá-las com a história de um personagem que, aos 64 anos, encontra o amor com uma vizinha, a amizade com um cachorro e reinventa a si mesmo”, justifica a atriz Priscilla Duarte.

Este projeto é viabilizado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, com patrocínio da CAPTAMED.

Teatro Diadokai – “O amor possível” nas ILPIs

Apresentações fechadas para o público externo

Quando. 18/8, segunda-feira, às 15h

Onde. Alma Senior (Av. Otacílio Negrão de Lima, 5450 – Bandeirantes)

Quando. 25/8/25, segunda-feira, às 15h

Onde. Lar Dona Paula (R. Henrique Gorceix, 315 – Padre Eustáquio)

Quando. 1/9, segunda-feira, às 15h

Onde. Instituto Geriátrico Santa Casa (R. Domingos Vieira, 586 – Santa Efigênia)

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