Um grão de domingo – 11/07 até 21/09

Exposição individual de Cao Guimarães propõe temporalidades dilatadas

O conceito benjaminiano de que “um grão de domingo” pode se esconder nos demais dias da semana – possibilitando, assim, a existência de momentos de ócio, de criatividade e de observação – norteia a próxima exposição da Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, aberta para visitação a partir de 11/7. O cineasta e artista visual Cao Guimarães volta à cidade natal com a exposição “Um grão de domingo”, com curadoria de Luisa Duarte e Lucas Alberto.

“Partimos de um território poético, na tentativa de trazer um olhar que mira o avesso do espetacular”, afirma Cao. A mostra, para ele, traz experimentações do tempo e “tece uma temporalidade dilatada”. Aqui, o tempo mais lento e menos útil é, portanto, o fio condutor da exposição.

A seleção de obras expostas em “Um grão de domingo” traça um panorama histórico da trajetória de Cao Guimarães, com algumas de suas obras mais conhecidas, como Gambiarra – esta com uma importante adição –  e Plano de Voo. A mostra traz, também, três trabalhos inéditos: Guardião do Tempo, Rolezinho e Clinamen. O denominador de todos, é claro, é o tempo – a repetição, como a observação e o movimento constante são temáticas recorrentes. São cerca de quinze obras do artista em distintos suportes, com ênfase na fotografia, contemplando também vídeo e instalação.

“Com tanta velocidade, as pessoas pararam de ‘perder tempo’ – temática que trago neste projeto e no meu trabalho em geral. Eu acredito que o ‘grão de domingo’, isto é, estar neste lugar alheio ao funcional e ao produtivo, é fundamental para a arte e para a vida”, conta o artista. “Vivemos em uma sociedade que vincula todo mundo à sensação de utilidade, onde perdem-se outras temporalidades e, em suma, a beleza do mundo”, conclui.

Sobre o artista

Cao Guimarães é cineasta e artista plástico, nasceu em 1965 em Belo Horizonte. Atua no cruzamento entre o cinema e as artes visuais. Com produção intensa desde o final dos anos 1980, o artista tem suas obras em numerosas coleções prestigiadas como a Tate Modern (Reino Unido), o MoMA e o Museu Guggenheim (EUA), Fondation Cartier (França), Colección Jumex (México), Inhotim (Brasil), Museu Thyssen-Bornemisza (Espanha), entre outras.

Participou de importantes exposições como XXV e XXVII Bienal Internacional de São Paulo, Brasil; Insite Biennial 2005, México; Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, EUA; Tropicália: The 60s in Brazil, Áustria; Sharjah Biennial 11 Film Programme, Emirados Árabes Unidos e Ver é Uma Fábula, Brasil, uma retrospectiva com grande parte das obras do artista expostas no Itaú Cultural, em São Paulo.

Realizou doze longas-metragens: Amizade (2023), Santino (2023), Espera (2018), O Homem das Multidões (2013), Otto (2012), Elvira Lorelay Alma de Dragón (2012), Ex Isto (2010), Andarilho (2007), Acidente (2006), Alma do Osso (2004), Rua de Mão-Dupla (2002) e o Fim do Sem Fim (2001), que participaram de renomados festivais internacionais como Cannes, Locarno, Sundance, Veneza, Berlim e Rotterdam.

Ganhou retrospectivas de seus filmes no MoMA em 2011, Itaú Cultural em 2013, BAFICI (Argentina) e Cinemateca do México em 2014, EDOC (Equador) em 2024. Em setembro de 2017, inaugurou a maior exposição e retrospectiva acerca de sua obra em território europeu, no Eye Filmmuseum, em Amsterdã.

Sobre os curadores

Luisa Duarte é crítica de arte, curadora e pesquisadora. Mestre em filosofia pela PUC-SP (2011). Doutora pelo Instituto de Arte da UERJ (2019). Foi por nove anos crítica de arte do jornal O Globo (2009/2017), curadora do programa Rumos Artes Visuais, Instituto Itaú Cultural (2005/2006) e organizou publicações e fez curadorias de exposições de arte contemporânea.

Lucas Alberto atua na área de pesquisa, curadoria e produção de exposições de arte. Graduado em artes (2018) e em filosofia (2021) pela UFF, realizou mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes no PPGCA-UFF. Vinculado à produtora Automatica, produziu mostras em diferentes instituições culturais. Ao lado de Luisa Duarte, realizou assistência de curadoria para a mostra “Rio: a medida da terra” (2024), que inaugurou a galeria Flexa. Desde 2022, realiza propostas de curadoria independente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 22 anos em 2025 e conta com o apoio de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente, através de projetos patrocinados em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura.

Exposição Um grão de domingo, de Cao GuimarãesCuradoria: Luisa Duarte e Lucas Alberto
Período expositivo: 11/7 a 21/9/25
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas – Rua da Bahia, 2.244
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h
Entrada gratuita