Solo Negro com Marcapasso com Suelen Sampaio até 25/06

Projeto Solo Negro apresenta programação gratuita presencial 

O projeto Solo Negro vai apresentar ao público espetáculos de teatro, dança e circo de artistas negras e negros de Belo Horizonte, até o dia 25 de junho. Este é o quinto ano da mostra, que tem previstos em 2022  programação gratuita e aberta ao público. Depois de dois anos de programação online, em acordo com medidas vigentes para proteção contra a propagação da covid-19, Solo Negro volta a ser realizado de forma presencial celebrando a possibilidade do reencontro com segurança. As apresentações serão realizadas em vários espaços culturais da cidade. “Marcapasso”, com Suelen Sampaio, será no próximo sábado (21/05), às 19h30, Centro Cultural Lindeia Regina – Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445 – Regina; “Aborto Meu/Duas”, com Marilda Cordeiro, será no sábado (28/5), às 20h, na Mimulus Cia. de Dança – R. Ituiutaba, 325 – Prado; “Brado”, com Priscila Rezende, na sexta (10/6), às 15h30, no Centro Cultural Venda Nova – R. José Ferreira dos Santos, 184 – Jardim dos Comerciários; e “Récita 1”, com JOSY.ANNE, no sábado (25/6), às 20h; no Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/ Teatro Raul Belém Machado  – R. Leonil Prata, s/n – Alípio de Melo.

Idealizado pela  Cia Burlantins e com curadoria de Julia Tizumba, Solo Negro se propõe a criar um espaço de difusão do trabalho de artistas negros da capital mineira, reunindo espetáculos que dialogam com a cultura afro-brasileira contemporânea ou tradicional. “A valorização da cultura e dos indivíduos afro-brasileiros e a presença do corpo negro em cena são base fundamental do projeto Solo Negro. Nesta edição, diálogos marcam a cena: múltiplas estéticas, narrativas diversas e diferentes gerações do Teatro Negro belohorizontino, que reverberam a interlocução entre ancestralidade e atualidade”, afirma Júlia.

Esta edição do projeto é viabilizada por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte.

PROGRAMAÇÃO  E SERVIÇO

MARCAPASSO, com Suelen Sampaio

21.05 . sábado . 19h30

27 min . LIVRE . TEATRO

Centro Cultural Lindeia Regina – Rua Aristolino Basílio de Oliveira, 445 – Regina

O primeiro impulso foi criar um trabalho solo de Suellen Sampaio. O primeiro material foi a música Peau de Chagrin – Bleu de Nuit, de Baloji, um rapper belga de origem congolesa. A letra da música fala de amor, um amor diaspórico. O segundo passo do  processo foi o recolhimento de depoimentos de mulheres negras. A pergunta feita para estas  mulheres: o que é o amor para você? A continuidade da criação se deu em ensaios abertos, conversas e leituras de textos de bell hooks. O experimento teve sua primeira apresentação na 8ª temporada da segundaPRETA e, em seguida, no FAN – Festival de Arte Negra. Em 2020, recebeu o prêmio Leda Maria Martins, na categoria CORPO ADEREÇO e participou do mOno_festival – segunda edição/SP. Em 2021,  fez uma apresentação no Centro Cultural Barravento, em Manaus. 

Atriz: Suellen Sampaio / Direção: Alexandre de Sena / Luz: Tainá Rosa / Produção: Aristeo Serranegra 

ABORTO MEU / DUAS, com Marilda Cordeiro

28.05 . sábado . 20h

25 min . LIVRE . DANÇA

Mimulus Cia. de Dança – R. Ituiutaba, 325 – Prado

ABORTO MEU | O solo é uma homenagem às mulheres negras que, por vários motivos, situações e condições, são levadas a tentar ou cometer o aborto. O aborto das mulheres negras escravizadas não era somente para livrar seus filhos do cativeiro, mas também uma forma de recusarem a reposição da mão-de-obra escravizada. O aborto das mulheres negras após a escravidão e até hoje é também uma maneira dessas mulheres livrarem seus filhos e filhas da violência, da fome, do preconceito, da injustiça social, do racismo. Com a leveza de sua dança e do movimento corporal, Marilda Cordeiro expressa em “Aborto Meu”, a dor e a beleza de ser Mulher Negra.

Coreografia: Marilda Cordeiro / Dançarina: Marilda Cordeiro / Música: “Lamento dos povos esquecidos” – Marcos Viana e Sergio Pererê

DUAS | Débora Costa, 31 anos, brasileira artista visual, e Marilda Cordeiro, 54 anos, brasileira performer, são companheiras de vida e luta e pretendem unir o audiovisual e a performance como estratégia de valorizar a arte negra feminina em território mineiro. Duas surge em uma perspectiva de vivenciar e experimentar imagens dos corpos negros e lésbicos. Busca evidenciar e interrogar a presença/falta de corpos diversos e, principalmente, negros em espaços artísticos, desaguando desejos, expressões e frustrações através de movimentos corporais. Nessa videoperformance, o corpo assume o papel de suporte do artista visual, tornando o processo artístico mais humano. A performance é também estratégia que possibilita o artista visual trabalhar sem a individualidade dele e vivenciar a arte visual ao mesmo tempo que a arte corporal. Duas mulheres. Duas linguagens artísticas. Duas forças femininas negras.

Dançarina: Marilda Cordeiro / Direção, produção e filmagem: Débora Costa 

BRADO, com Priscila Rezende

10.06 . sexta. 15h30

20min . LIVRE . PERFORMANCE

Centro Cultural Venda Nova – R. José Ferreira dos Santos, 184 – Jardim dos Comerciários

Anestesiar a crueldade, o sofrimento, a dor que assola cada vida negra que se vai vítima da violência, da injustiça e do racismo é com certeza um desejo constante. Mas, ao mesmo tempo, é necessário não deixar que estes fatos caiam no esquecimento, não deixar que essas vidas sejam enterradas fisicamente e também no tempo, tornando-se apenas mais um número na estatística. Assim, a artista enuncia seus nomes para que não sejam apagados. Declara suas vidas e suas mortes para dar significado à essa memória e torná-la presente e simbolicamente vivente. Na performance Brado, ao som de batidas do coração e tiros, a artista caminha e enuncia repetidamente o nome de diversas pessoas vítimas da violência policial e racial no Brasil, ao mesmo tempo em que carrega e distribui 111 rosas. 

RÉCITA 1, com JOSY.ANNE

25.06 . sábado . 20h

40min . LIVRE . TEATRO

Espaço Cênico Yoshifumi Yag i/ Teatro Raul Belém Machado  – R. Leonil Prata, s/n – Alípio de Melo

Sons de renascimento, sons de vida e morte e vocalidades complexas contam a história de uma civilização que é perseguida por um bicho invisível, que quando se aloja no interior do indivíduo ele é movido pelo metabolismo da ganância. Movimento, continuidade, autofecundação e, em consequência, eterno retorno. Esses são um dos significados do símbolo do ouroboros: a serpente que come o próprio rabo serpenteia a dramaturgia cíclica da cena curta apresentando línguas criadas pelas artistas, cacofonias e silêncios que tensionam a ideia de exploração e desenvolvimento, devastação e civilização, consumo com existência. trazendo assim um espaço sonoro de reflexão. 

Concepção e criação : Josy.Anne  / Texto : Maré de Matos 

O projeto Solo Negro contou também com a Intervenção Makamba Brincante: Circo E Brincadeira, com o Grupo Makamba Brincante, realizado no dia 14 de maio,  sábado, às 13h, no Centro Cultural Alto Vera Cruz – R. Padre Júlio Maria, 1577 – Alto Vera Cruz.