Projeto Zona de Riso – Aula aberto com grupo de Palhaças 13/12 a 16/12

Grupo de Palhaças fortalece autoestima de mulheres vítimas de violência

Idealizado pela Cia Caxangá, projeto Zona de Riso – realizado durante o ano de 2022 -, tem encerramento com aulas de palhaçaria e teatro, e ainda intervenções artísticas. A programação é aberta a mulheres (cis, trans e pessoas NB) de todas as idades e ocorre em três Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) de Belo Horizonte. Por meio de práticas artísticas, a iniciativa promove reflexão sobre temáticas do feminino, sobretudo, a agressão contra a mulher.

Nos últimos anos cresceram os casos de violência contra a mulher dentro de casa, sobretudo na pandemia. O projeto Zona de Riso – que durante o ano de 2022 realizou diversas atividades artísticas com mulheres que sofreram agressão – encerra nos dias 13 e 15 de dezembro, das 14h às 16h, e no dia 14 de dezembro, das 16h às 18h, com uma programação de conscientização sobre o tema, aberta a todas as mulheres interessadas, independentemente da idade. Os encontros ocorrem nos Centros de Referência e Assistência Social de Belo Horizonte dos bairros Alto Vera Cruz, Granja de Freitas e Vila Cemig. O acesso é gratuito. O projeto Zona de Riso é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, através da modalidade de incentivo fiscal com o patrocínio da Supermix.

“Nesses dias vamos propor uma aula aberta com alguns exercícios trabalhados ao longo dos meses, mas são práticas simples de expressão corporal, desinibição e conexão, algo que todas possam fazer. A gente adapta os exercícios à situação física e cognitiva de cada uma. Não precisa de inscrição prévia e não tem limite de idade. O foco são mulheres, cis e trans ou pessoas não-binárias: meninas, idosas, adolescentes. A idade mínima indicada é 12 anos, mas as mães que não têm com quem deixar os filhos, podem participar da atividade com as crianças. A proposta é um incentivo à prática e ao desenvolvimento da expressão artística de cada uma, reforçando a autonomia delas, reafirmando que podem ser o que quiserem”, explica a idealizadora e coordenadora do projeto, a palhaça Lori Moreira (Cia Caxangá).

Lori conta que o Zona de Riso foi criado com o objetivo de fortalecer mulheres, sobretudo as que vivenciaram algum tipo de violência, por meio da palhaçaria, teatro e música. “É preciso falar da violência que existe e consome a vida de diversas mulheres com o respaldo do silêncio, que é um dos maiores mecanismos de perpetuação da violência. É esperado de nós, mulheres e outras pessoas com corpos dissidentes, que a gente sofra em silêncio. A vergonha, a culpa, o julgamento social que recai sobre a vítima nessas situações é um pouco o motivo que nos move no esforço de mudar esse padrão”, afirma.

Desde maio de 2022 as atividades do projeto são realizadas na ONG Mulheres das Gerais, Casa Tina Martins, e nos CRAS’s Vila Cemig, Granja de Freitas e Alto Vera Cruz. Até agora o projeto contemplou cerca de 400 mulheres. “Temos grupos com adolescentes e idosas em que trabalhamos abordagens diferentes. As adolescentes, muitas vezes, sofrem a violência, mas não têm consciência disso. Já o grupo de senhoras consegue apontar e nomear as formas de agressão e isso nos faz buscar, nas aulas de palhaçaria e nas intervenções, outras formas de tocar no tema”, conta.

Toda semana o grupo de palhaças da Cia Caxangá visita as mulheres que sofreram violência e estão abrigadas pela ONG Mulheres das Gerais. De acordo com Lori Moreira, as vivências trabalham o lúdico, a leveza, a bobagem, com o intuito de conectar e dar voz às mulheres. “A gente procura reforçar a identidade individual de cada uma, para que elas se reconheçam e sejam acolhidas, com afeto, respeito e brincadeira. Por que o riso, nesse caso, é uma ferramenta maravilhosa de transformação, de catarse mesmo”, destaca.

Por ser uma casa de passagem, Lori explica que nem sempre o grupo de mulheres é o mesmo em todos os encontros. “Algumas ficam dias, outras, meses. Esse tempo impacta diretamente na conexão com as palhaças e as vivências. A gente percebe que a relação com as que permanecem mais tempo na casa, cresce de forma potente. Normalmente começam mais tímidas, observadoras, e, em pouco tempo, o riso chega. Às vezes vira gargalhada, às vezes, lágrima. Porque a emoção também vem pelo riso. E ali é um espaço de confiança e de reverberar o sentir”, conta.

Para a palhaça, um dos maiores desafios dessas mulheres que sofreram agressão, é a sociedade. “A mulher vítima de violência passa por diversas situações de preconceito, como se entrasse numa inquisição. Por isso a grande dificuldade delas em expressar isso. Muitas vezes não têm a quem recorrer, porque ajuda também não é tão simples. A experiência de buscar ajuda pode ser tão violenta quanto a própria violência. Todas nós sofremos. Alguma coisa tem que mudar e é para ontem”, afirma.

ZONA DE RISO

= programação de encerramento do projeto 2022 =

CRAS Alto Vera Cruz

Oficinas quinzenais de maio a dezembro de 2022
13/12 – aula aberta + apresentação de palhaças – Horário: 14h às 16h


CRAS Granja de Freitas

Oficinas quinzenais de maio a dezembro de 2022
14/12 – aula aberta + apresentação de palhaças – Horário: 16h às 18h

CRAS Vila Cemig

Oficinas quinzenais de maio a dezembro de 2022
15 e 16/12 – aula aberta + apresentação de palhaças – Horário: 14h às 16h

ONG Mulheres das Gerais – ações fechadas

Intervenções semanais de maio a dezembro de 2022

Total de mulheres contempladas por esta ação até outubro: 394