Maldita Cia. estreia espetáculo “Capítulo 3: nem meu nome eu falo hoje” – 15 a 18/05

Montagem joga luz em informações da Comissão da Verdade com relatos de ex-presa política mineira, a partir de pesquisa da companhia sobre história e memória das ditaduras na América Latina. A peça irá ocupar o Viaduto das Artes, em apresentações gratuitas, entre 15 e 18 de maio.

No calor dos 40 anos de redemocratização no Brasil, completados no dia 15 de março de 2025, e no ensejo de uma série de movimentos, sociais e culturais que relembram os horrores ainda obscuros da ditadura militar no país, a Maldita Cia. de Investigação Teatral resgata e dá vida ao tema nos palcos de Belo Horizonte. O grupo estreia no dia 15 de maio, no Viaduto das Artes, a peça “Capítulo 3: nem meu nome eu falo hoje”, uma travessia pelo Relatório da Comissão da Verdade em Minas Gerais, com relatos biográficos da ex-presa política mineira e ativista dos direitos humanos Emely Vieira e dos artistas do coletivo.

Protagonizada por Elba Rocha Vieira e Lenine Martins, além de Emely Vieira, “Capítulo 3: nem meu nome eu falo hoje” fará apresentações nos dias 15 de maio, às 20h; 17/05, às 11h e às 17h; e 18/05, às 17h. Toda a programação acontece no Viaduto das Artes (Av. Olinto Meireles, 45, Barreiro). Os ingressos são gratuitos e retirados pelo site Sympla a partir do dia 1º de maio ou 1 hora antes de cada sessão.   Informações: @malditacia e https://www.malditacia.com/.

Este projeto é realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo – Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

De caráter documental, a obra é resultado dos processos investigativos da Maldita Cia. sobre história e memória da ditadura em Minas Gerais, iniciados no começo da década de 2000 e intensificados ao longo dos anos. Em 2018, a companhia organizou uma residência artística no antigo prédio do DOPS – Departamento de Ordem Política e Social, construído em 1958, configurado como um dos principais centros de detenção e tortura do estado -, localizado na avenida Afonso Pena, 2351, em Belo Horizonte. Nessa ocasião, o grupo conheceu membros da Comissão da Verdade em MG e teve acesso a diversas fontes e documentos que relatam as barbáries que eram praticadas pela ditadura brasileira.

Sete anos depois, o edifício, que é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), vem sendo novamente ocupado, dessa vez por manifestantes que reivindicam o cumprimento de um projeto para transformar o espaço num memorial de Direitos Humanos na capital mineira. “O trabalho da Maldita Cia. está pautado nas pesquisas e em experimentos artísticos em torno de documentos que são citados no Relatório Final da COVEMG e em relatos de pessoas que foram presas políticas na capital mineira durante a ditadura militar”, explica Amaury Borges, fundador da companhia e diretor da peça.

A participação de Emely Vieira, membro da Comissão da Verdade e orientadora do capítulo 3 do Relatório, é emblemática. Além de atuar e cantar na peça, Emely é parceira no trabalho de pesquisa realizado pela Maldita Cia., e seus depoimentos sobre como enfrentou a tortura e os torturadores contribuíram para embasar a dramaturgia do espetáculo.

Amaury Borges explica que a peça segue os princípios do teatro de ocupação, instalando-se no local da apresentação, adaptando-se e dialogando com a arquitetura e a relação palco-plateia de cada espaço. “É um trabalho que intensifica a relação de diálogo com a realidade da cidade, e também tem a perspectiva de abrir diálogo com grupos teatrais e de direitos humanos de Belo Horizonte e de outros estados e países da América Latina”, afirma ele. “É um convite para estar diante de um muro e pensar sobre o Brasil, dentro de uma sala escura, em plena luz do dia”, completa.
É esse muro o cenário que intensifica o roteiro e a interpretação dos artistas, mesclando a leitura de trechos do capítulo 3 do Relatório Final da COVEMG com depoimentos que permeiam a trajetória da convidada especial, Emely Vieira. “Demorou, mas os relatórios das comissões da verdade deram acesso a informações até então silenciadas. A existência das comissões é portanto um dos pontos de partida para a produção desse texto”, confirma Elba Rocha.

Um espetáculo embalado por música e cantoria. “O desafio é contar uma história permeada de violência, mas sem reproduzir a violência. Então, nós cantamos muito junto com a Emely, que foi cantora na era do rádio”, conta Elba Rocha.

“Capítulo 3: nem meu nome eu falo hoje” é uma encenação construída dentro de um projeto maior de experimentação dos princípios da criação colaborativa, o Cena 3×4. O projeto surgiu com a fundação da Maldita Cia., em 2002, como fruto de uma parceria entre o grupo teatral e o Galpão Cine Horto, com o objetivo de promover o encontro e a experimentação entre coletivos das artes cênicas.

Ficha técnica
Atuantes: Elba Rocha Vieira e Lenine Martins . Atuante convidada: Emely Vieira Salazar . Direção: Amaury Borges . Dramaturgia: Anderson Feliciano e Elba Rocha . Pesquisa documental: Elba Rocha . Assessoria histórica: Natália Barud . Trilha sonora: Javier Galindo Musicistas: Alexandre Salles, Rita Silva, Pedro de Filippis, Admar Fernandes . Câmera ao vivo e audiovisual: Davi Fuzari . Sonorização: Rafael Dutra . Iluminação: Juliano Coelho . Coordenação de produção: Ricelli Piva . Produção executiva: Vinícius Bicalho . Gestão da Maldita Cia: Elba Rocha e Ricelli Piva . Cenografia: Maldita Cia e Morgana Mafra . Assistente de cenografia: Julia Fontes . Concepção de figurinos: Maldita Cia, Victor Medeiros e Marie Mendes .

Maldita Cia. de Investigação Teatral
Estreia espetáculo “Capítulo 3: nem meu nome eu falo hoje”
Dia 15 de maio, às 20h; dia 17, às 11h e às 17h; dia 18, às 17h 
Local: Viaduto das Artes – Av. Olinto Meireles, 45, Barreiro – BH/MG Entrada gratuita

Ingressos retirados pelo site Sympla a partir do dia 1º de maio ou 1 hora antes de cada sessão  https://www.sympla.com.br/evento/capitulo-3-nem-meu-nome-eu-falo-hoje/2919753

Duração: 75 min | Classificação: 14 anos
Informações: @malditacia | https://www.malditacia.com