No próximo sábado, dia 04 de novembro, o Memorial Vale recebe o lançamento da autobiografia de Mayõ Pataxó ou Raquel dos Santos Souza, indígena da etnia Pataxó falecida em 2019. Intitulado “ARAPAINÃ – Kitok Pataxó dxa`á ariponã ́ã ábwa – A Kitok Pataxó que aprendeu a ler”, o livro infantil traz a jornada de Raquel em busca da educação e da valorização de seu povo. Na ocasião, também será lançado o livro didático “Kanã Pataxí Petoí – Txuhap Ariponã Patxôhã Hu HãHãw” – elaborado pelos professores, alunos e lideranças Pataxó e Pataxó HãHãHãe da Aldeia Katurãma, localizada em São Joaquim de Bicas. O evento será às 11h, com a participação de diversas lideranças indígenas, incluindo a cacica Angoho, o vice-cacique Hayó e o Sr. Gervásio, de 94 anos, pai da autora Raquel.
A ação integra o projeto do Memorial Vale “Gerais Culturas de Minas” e os ingressos podem ser retirados uma hora antes do evento (um por pessoa). O Memorial Vale, um dos espaços culturais do Instituto Cultural Vale, fica na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, e tem entrada gratuita. Saiba mais em https://memorialvale.com.br/pt/ .
A Kitok Pataxó que aprendeu a ler
Filha de indígenas da terra Pataxó Barra Velha, na Bahia, Raquel não teve oportunidade de estudar quando criança. Nascida no interior da Bahia, em 1961, ela trabalhou em casas de famílias desde a infância e só aprendeu escrever o próprio nome aos 15 anos de forma autodidata. Já morando no estado de Minas com a família, o sonho de ter uma educação formal a fez persistir e, com quase 30 anos concluiu o ensino médio e depois cursou magistério. Em 2007 realizou outro sonho: conseguiu um emprego como professora em Belo Horizonte.
Nas salas de aula, Raquel teve contato com a história de seu povo, os Pataxó. Nesta trajetória de autoconhecimento, se aproximou de vários parentes e, ao lado da família, se mudou para um território indígena em busca de reconexão com suas raízes. Na aldeia, passou a lecionar contribuindo com a educação de inúmeras crianças. Em 2019, faleceu vítima de um câncer, mas deixou sua história registrada. O livro se baseia nos escritos deixados por Raquel em que ela conta a história da menina Arapainã – personagem que reflete a sua própria história de luta e de vida. Os escritos deixados por Raquel foram feitos em tecido e pintados por crianças com quem conviveu.
Obra didática para fortalecimento da língua
O livro “Kanã Pataxí Petoí – Txuhap Ariponã Patxôhã Hu HãHãw” foi desenvolvida através de oficinas realizadas na Aldeia Katurãma, em 2022. Os desenhos foram ilustrados pelos alunos e professores da escola da comunidade.
A obra é um instrumento para o fortalecimento do processo de retomada da língua Patxóhã deixada pelos ancestrais e para que ela alcance seu lugar nos espaços da comunidade. A obra foi inspirada na pedagogia dos Tehey, de Liça Pataxop – conhecida educadora indígena. Através dos desenhos-narrativas, os alunos aprendem a língua por meio da pescaria do conhecimento reforçando a cultura e a trajetória de seu povo.
Feira e lançamento de livros indígenas Pataxó e Pataxó HãHãHãe
Data/horário: dia 04/11, sábado, das 11h às 15h
Retirada de ingressos uma hora antes do evento. Um ingresso por pessoa. Lugares limitados.
Memorial Minas Gerais Vale
Endereço: Praça da Liberdade, nº 640, esquina com Rua Gonçalves Dias, Savassi.
Horário de funcionamento: Terça, quarta, sexta e sábado: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h. Quinta, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h. Domingo, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h. Entrada Gratuita
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