Clássicos do Cinema Japonês – Mostra On-line 18/06 a 13/07

A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, prorroga a mostra on-line Clássicos do Cinema Japonês para o dia 13 de julho de 2020 (segunda-feira). A mostra contabiliza mais de 160 mil visualizações no canal da FCS do YouTube, e a pedido do público, ficará disponível por mais um final de semana. O espectador terá a oportunidade de assistir aos três longas do diretor Yasujiro Ozu (1903-1963), três de Kenji Mizoguchi (1898-1956), três de Mikio Naruse (1905-1969), e um de Kinuyo Tanaka (1909-1977). O programa integra o projeto Palácio em Sua Companhia, e tem o objetivo de continuar garantindo ao público o repertório do Cine Humberto Mauro durante o período de isolamento social, de forma acessível e segura. Este evento possui correlização da Appa – Arte e Cultura.

As tradicionais sessões agora são realizadas na versão on-line, disponibilizadas no Site da Fundação Clóvis Salgado. A ação representa mais uma incursão do Cine Humberto Mauro na cultura nipônica, após realizar a Mostra Mizoguchi (2019), e a Mostra de Cinema Japonês (2015). A atual mostra Clássicos do Cinema Japonês cria um novo percurso a partir desses recortes, disponibilizando uma cinematografia de difícil acesso, nesse período de isolamento social.

Era de ouro do cinema japonês – A mostra conta com filmes do final dos anos 40 e início dos anos 50, após derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial e a ocupação norte-americana no país. O período representa um ciclo de mudanças significativo na sociedade japonesa. Os filmes refletem sobre o momento de transição entre a tradição e a modernidade, tratando de temáticas como a conquista de direitos pelas mulheres, o matrimônio e a vida familiar e cotidiana.

Os longas se inscrevem no período em que esta cinematografia japonesa ganhou grande repercussão internacional. É neste momento que a crítica ocidental descobre a modernidade do cinema japonês, consolidando sua importância para a história do cinema mundial. Nas palavras do crítico francês André Bazin, fundador da revista Cahiers du Cinéma, a época foi “seguramente, o acontecimento cinematográfico mais considerável desde o neorrealismo italiano”.

Os cineastas – Conhecido por examinar profundamente as situações vivenciadas pelo homem comum, principalmente a tensão entre a tradição e a modernidade, Yasujiro Ozu trata dos ciclos de nascimento e morte, a transição da infância para a idade adulta. A II Guerra Mundial também marcou profundamente a obra de Ozu, tornando-o num dos maiores cronistas das mudanças que a família e a intimidade sofreram no pós-guerra. Pessoas comuns, com imperfeições, são abordadas em longos planos fixos, intermediados por espaços vazios.

A obra de Kenji Mizoguchiestabelece profundas críticas à sociedade japonesa de sua época, principalmente ao papel das mulheres, das mais diferentes classes, na vida social. Mesmo lidando com temas históricos, Mizoguchi apreende em suas imagens a simplicidade. O cineasta revela, com isso, um novo olhar sobre os seres, a sociedade e suas complexidades.

Kinuyo Tanaka, além de exercer um papel de exímio destaque como atriz,foi a segunda mulher no Japão a atuar como diretora. Sua estreia como cineasta foi em Carta de Amor, de 1953, filme que competiu no Festival de Cannes de 1954, e será exibido na mostra. Tanaka dirigiu mais cinco longas entre 1953 e 1962, e trabalhou posteriormente com a direção de programas televisivos.

Já o roteirista e produtor japonês Mikio Naruse dirigiu cerca de 89 filmes. Dentre os cineastas japoneses, é conhecido por construir narrativas mais sombrias e dramáticas sobre a classe trabalhadora, dando destaque a protagonistas femininas. Também trabalha com o cotidiano familiar e com a interseção entre a cultura japonesa tradicional e a moderna.

Cotidiano sensível – O olhar aprofundado e minucioso para o sujeito comum e para o cotidiano é um grande destaque na filmografia apresentada. Diferentemente do cinema comercial estadunidense, que sustenta sua narrativa a partir do arquétipo do herói virtuoso e inalcançável, a era de ouro do cinema japonês trouxe o frescor do exercício contemplativo da vida ordinária, sem os estímulos excessivos de uma dramaturgia que se distancia da vida da maioria das pessoas.

A fruição desses filmes no momento atual é uma oportunidade do espectador aprofundar a relação com o gesto do olhar. São filmes que se voltam para o ordinário, para a rotina, para o banal, e revelam a beleza extraordinária do cotidiano.

Clássicos do Cinema Japonês – Mostra On-line

Prorrogada até 12h do dia 13 de julho de 2020 (segunda-feira)

Transmissão: Link no site da Fundação Clóvis Salgado (www.fcs.mg.gov.br)

Classificação Indicativa: De acordo com cada exibição (livre até 14 anos)