Sem agrotóxicos e com rastreabilidade: a produção cuidadosa por trás da cachaça orgânica

Estado conta com quatro cachaças cujo processo de produção não envolve uso de agrotóxicos e aditivos na lavoura de cana de açúcar; uma delas, a Flor das Gerais, em Felixlândia, foi a primeira do estado a obter a chancela

O segmento de bebidas alcoólicas orgânicas no Brasil está em crescimento, impulsionado por uma maior conscientização dos consumidores sobre saúde e sustentabilidade, além de investimentos em produtos premium e artesanais. Empresas brasileiras têm investido em bebidas alcoólicas orgânicas, vinhos  e cachaças.

Apesar de Minas Gerais liderar o ranking de cachaças registradas no país, em 2024, com 2492 produtos, segundo o Anuário da Cachaça 2025, divulgado recentemente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a produção orgânica por aqui ainda é modesta. De acordo com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o estado tem apenas quatro marcas que produzem em conformidade com as premissas de sustentabilidade características deste método produtivo, uma delas a Flor das Gerais, de Felixlândia, região Central de Minas.

Responsável técnico da marca, o engenheiro agrônomo Daniel Duarte conta que a transição da produção convencional para a orgânica teve início em 2006, mas só em 2009 a empresa procurou o IMA e aderiu ao Certifica Minas. “A principal diferença entre ambas [cachaça convencional e orgânica] é que a cana-de-açúcar usada como matéria-prima é proveniente de práticas de cultivo, sem nenhum tipo de agrotóxico ou produtos transgêneros na lavoura”. Além disso, segundo o produtor, todas as etapas produtivas são devidamente registradas, proporcionando rastreabilidade e controle de qualidade eficientes. “Nenhum aditivo é acrescentado ao fermento durante a fermentação e todos os resíduos e subprodutos gerados recebem um destino tecnológico que favorece a preservação do ecossistema local”, explica.

Ainda de acordo com Duarte, é fundamental que a empresa portadora de uma certificação orgânica cumpra medidas socioeconômicas que impactem positivamente a vida dos colaboradores, como por exemplo só trabalhar com profissionais devidamente registrados e investir em treinamento. “O plano de manejo exige um manual de boas práticas de produção da cachaça, com cumprimento de protocolos operacionais padrão”.

Daniel Duarte afirma que a certificação orgânica da Flor das Gerais é obtida e mantida por meio de auditorias anuais realizadas pelos técnicos do IMA. Desde 2009, quando a empresa foi certificada, ela nunca perdeu o título, sendo a primeira cachaça do estado a obter a chancela e a que está há mais tempo com o selo. “Para nós a certificação é importante, primeiro porque este é um sistema produtivo implementado, consolidado e que funciona bem. Hoje não faz sentido perdermos esse reconhecimento, que também corrobora para um diferencial competitivo. Fornecemos, por exemplo, para lugares exclusivamente adeptos de produtos orgânicos, ou seja, conseguimos penetrar em um mercado onde nossas concorrentes não têm acesso. Isso sem falar que as pessoas estão bebendo menos, mas bebendo melhor. Nesse sentido, o mercado de orgânicos – que ano a ano vem crescendo – vai ao encontro às perspectivas dos consumidores por apresentar produtos de qualidade.”

O engenheiro agrônomo destaca ainda que o fato de a Flor das Gerais ser reconhecida como uma empresa atenta às práticas sustentáveis, também ratifica a preocupação com aqueles que estão inseridos na cadeia produtiva. “Hoje, por exemplo, eu não tenho o receio que tinha em 2005 com o uso de agrotóxicos ou produtos fora de um controle agronômico.”

Expansão não é um desejo

Com apenas cinco rótulos e produção de 10 mil litros/safra, a Flor das Gerais, segundo enfatiza Duarte, vai sempre optar por uma operação segura, sem se deixar dominar pelo crescimento a qualquer preço. “Quando a gente fala de cachaças premium e extra premium, hoje o nosso foco de produção, as expansões ocorrem de forma muito lenta. Ficamos, obviamente, de olho na necessidade de crescimento, mas tratamos o assunto com extrema cautela. Temos um empenho maior em desenvolver outros produtos com qualidade superior do que pensar em uma produção de aumento de litros/dia”.

É ouro

A cachaça Flor das Gerais Dorna Única, envelhecida por quatro anos em amburana, ganhou, recentemente, medalha de ouro no Concours International Des Produits Biologiques, prestigiada competição francesa que premia as melhores bebidas orgânicos do mundo. A medalha para a Flor das Gerais Dorna Única até então era inédita para o Brasil. Certificado pela ISO 9001, o prêmio destaca bebidas com excelência sensorial combinada a práticas de produção sustentáveis ​​e éticas. Nessa edição, 500 bebidas de 18 países, dentre elas vinhos, cervejas e destilados, participaram. Na categoria de destilados foram 56 inscritos e apenas 13 receberam medalhas de ouro e prata.

A Flor das Gerais lançou em maio, a Reserva – Porto Douro, envelhecida por 10 anos em tonéis de carvalho europeu. Trata-se de um blend que incluí barris utilizados para armazenamento de vinho do porto, cujo rótulo faz parte da linha extra premium da destilaria, e antes mesmo de chegar oficialmente ao mercado, já foi premiado com a medalha de mérito sensorial na categoria Safras Especiais do concurso promovido pela Expocachaça – o New Spirits 2025. Essa cachaça será lançada presencialmente em Belo Horizonte no dia 17 de junho, em um evento na Casa Alvorada, reduto da cachaça na capital mineira.

Flor das Gerais | Rodovia BR 040 – Km 369 – Felixlândia – MG

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