Festival Sarará amplia debate sobre diversidade e acessibilidade
Como fazer um festival realmente inclusivo? A partir desta pergunta, A Macaco e a Híbrido Comunicação e Cultura começaram a desenvolver a ideia de como seria o Sarará 2019, a ser realizado no dia 31 de agosto. O festival tem desenvolvido campanhas de conscientização e planos de ação que efetivamente farão do festival um ambiente mais acolhedor e inclusivo. As ações de inclusão desenvolvidas pelo festival contarão com colaboradores e consultores que são especialistas nessas questões. As pessoas convidadas para a construção dessas ações são: Anne Magalhães, intérprete de libras e produtora audiovisual, de São Paulo; David César, cadeirante, palestrante e contador de histórias; Hélio Alves, surdo, arte educador e instrutor de libras; e Flávio Teixeira, intérprete de libras e Coda (filho de surdos).
Diversidade ampliada
Como em sua quinta edição, o Sarará terá equipe formada por pessoas trans. A intenção é oferecer oportunidades para pessoas que ainda têm dificuldades de conseguir espaço no mercado de trabalho. “É um trabalho que realizamos há algum tempo. Contratar transexuais é uma maneira de mostrar que somos todos bem-vindos em qualquer atividade. É a forma que encontramos de combater o quadro de exclusão enfrentado por esta parcela da população”, explica Bell Magalhães, idealizadora do festival. A Macaco também oferece um curso de capacitação para estas pessoas com o intuito de preparar os profissionais para o trabalho e também os emprega em outros eventos da produtora.
Ao propor um cuidado no olhar que direcionamos para o outro, o Sarará pretende estimular em seu público o sentimento de empatia. Dessa forma, promove um grande encontro musical ao mesmo tempo em que afirma a importância da cultura na construção de uma sociedade mais justa. Além de uma campanha direcionada a estas questões (como o vídeo promocional), o festival formou uma equipe diversa para conseguir transformar o conceito em ação. “É o momento de olhar para o lado e buscar entender, acolher, conectar e conviver com as diferenças. Precisamos ser empáticos na tentativa de viver em um mundo mais justo. O Sarará é um festival de sentir e sem barreiras”, reflete Bell Magalhães.
O Festival Sarará será realizado no dia 31 de agosto, na Esplanada do Mineirão, e traz na programação atrações como Gilberto Gil, Duda Beat convida Pabllo Vittar, Baco Exu do Blues, Djonga convida Mano Brown, BaianaSystem, Lagum convida Iza, Silva e Letrux convida Marina Lima, Alta Fidelidade, Noite Maravilhosa, Lá da Favelinha e 1010.
Música para surdos
O trabalho de Anne Magalhães tem chegado a cada vez mais pessoas. Com 28 anos e formada em artes visuais em São Paulo, a intérprete de libras começou a traduzir músicas em linguagem de sinais e postar os vídeos em seu perfil do Instagram. Entre os artistas escolhidos estão nomes como Emicida, Elza Soares, Karol Conka, Childish Gambino e Rincon Sapiência. A partir de pesquisas sobre rima visual e expressão corporal, Anne começou a desenvolver o trabalho, que tem a intenção de aproximar deficientes auditivos do mundo da música.
Nos últimos meses, Anne também tem interpretado músicas em apresentações ao vivo. No Sarará, ela se junta aos mineiros Hélio Alves e Flávio Teixeira para fazer os shows do festival serem mais acessíveis para pessoas surdas. O trabalho que os intérpretes vão apresentar nos palcos é criativo: em performances expressivas, dançantes, eles traduzem com o corpo não apenas as letras das músicas, mas a poesia, o ritmo, a pulsação.
Acessibilidade
Para entender as demandas e pensar coletivamente as ações necessárias, o festival convidou pessoas com deficiência para formar uma equipe de consultores. Um deles é o carioca Marcos Lima, jornalista, palestrante e criador do canal “Histórias de Cego” no Youtube. Ele falou com o Sarará sobre sua experiência e apresentou propostas para que o festival seja mais inclusivo. Marcos explicou que, além da acessibilidade física, como banheiro e cardápio em braile, é muito importante refletir sobre o que ele chama de acessibilidade atitudinal. Isso inclui o treinamento da equipe, para que esta saiba atender às pessoas com deficiência, fazendo com que elas se sintam bem naquele ambiente.
“A gente precisa ver o outro, o que é diferente da gente, como algo bom. Isso não é só sobre pessoas com deficiência, é sobre orientação sexual, religião, cor da pele ou história de vida diferente. Se as pessoas não encararem a diversidade como algo positivo, eu não tenho chance na sociedade, ainda mais numa sociedade tão visual. Mas e se a gente procurar aprender com o outro? Quando a gente olha de cima pra baixo como se a gente fosse melhor porque se considera mais “normal”, deixamos de aprender e excluímos pessoas”, afirma Marcos.
O Sarará também convidou o cadeirante David César, para propor ações que contribuam para informar e estimular as pessoas a agir com empatia. Palestrante profissional, ele desenvolve trabalho sobre o protagonismo da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e participou do vídeo promocional do festival. David conta que ainda enfrenta dificuldades em eventos culturais, que nem sempre têm caixas acessíveis ou alguém preparado para “atender um cadeirante que por ventura esteja sozinho e precise de inclinar a cadeira de rodas num local mais complicado”.
“A Bell aproximou de mim e falou que a proposta do Sarará é a diversidade, o encontro de todos os corpos. Ela queria desenvolver comigo um projeto para pessoas com deficiência. Como existe muita desinformação, as pessoas não se aproximam por não saberem como lidar com as diferenças. Acho que falta vivência. Por isso que eu acho essa frase muito legal: ‘nada sobre nós, sem nós’. A gente só vai saber mesmo se a gente conviver com o outro”, pondera David.
Informações: www.festivalsarara.com.br; facebook.com/festivalsarara e @festivalsarara
Festival Sarará
Data: 31 de agosto
Horário: 12h
Programação: Gilberto Gil, Duda Beat convida Pabllo Vittar, Baco Exu do Blues, Djonga convida Mano Brown, BaianaSystem, Lagum convida Iza, Silva e Letrux convida Marina Lima, Alta Fidelidade, Noite Maravilhosa, Lá da Favelinha, 1010
Ingressos: 1º lote: Pista: R$ 50,00 (meia-entrada) e R$ 100,00 (inteira); Pista Premium: R$ 90,00 (meia-entrada) e R$ 180,00 (inteira); Área Open Bar: R$ 240,00
Vendas: bit.ly/IngressoSarará2019 e lojas Lojas Chilli Beans (BH Shopping, Pátio Savassi, Diamond Mall)
Local: Esplanada do Mineirão – Avenida Antônio Abrahão Caram, 1001, São José
Outras informações: www.festivalsarara.com.br |www.facebook.com/festivalsarara | @festivalsarara
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