Brasil bate recorde de transplantes e FNE destaca papel fundamental da Enfermagem

As filas para que precisa de doação de órgão no Brasil continuam grandes, mas os últimos números divulgados sinalizam um avanço significativo de transplantes de órgãos em nosso país. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2024 o país ultrapassou, pela primeira vez, a marca de 30 mil procedimentos realizados em um único ano, estabelecendo um recorde.

Este resultado expressivo, de acordo com a presidenta da Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), Solange Caetano, só foi possível graças ao trabalho incansável da enfermagem, cuja atuação qualificada e humanizada garante o cuidado integral tanto ao doador quanto ao receptor. “Enfermeiras e enfermeiros exercem papel essencial em todas as etapas do processo: desde a identificação do potencial doador, passando pela assistência à família, até a manutenção dos órgãos em condições ideais, além do acompanhamento no pré e pós-operatório, com domínio técnico em infecções, rejeições e possíveis complicações”, ressalta.

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem papel central na condução da política pública de transplantes, sendo responsável pela oferta de medicamentos imunossupressores e da Prova Cruzada Real, exame que identifica a possibilidade de rejeição. A partir de setembro, o Brasil contará também com a inovadora Prova Virtual, que promete acelerar o processo de compatibilidade, reduzir rejeições e diminuir o tempo de espera entre a doação e a cirurgia.

Outro avanço, segundo Solange Caetano, é a implantação do Programa de Qualidade em Doação para Transplante (PRODOT), que busca capacitar ainda mais a categoria da enfermagem no acolhimento às famílias, reduzindo a recusa pela autorização de doação. O programa também contribui diretamente para garantir que os órgãos sejam captados e transportados em condições ideais, ampliando a segurança e eficiência dos transplantes.

Além dos números expressivos, o ano também foi marcado pela realização inédita de transplantes de intestino delgado e multivisceral no SUS, ampliando as possibilidades de tratamento para pacientes com falência intestinal irreversível. O Brasil segue como referência mundial por oferecer todas as etapas do processo de transplante de forma integral e gratuita.

Atualmente, cerca de 78 mil pessoas aguardam na fila por um transplante. Os órgãos mais demandados em 2024 foram: rim (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387). Já entre os transplantes realizados destacam-se: córnea (17.107), rim (6.320), medula óssea (3.743) e fígado (2.454).

A FNE reforça que a conscientização da sociedade é fundamental: cada doador pode salvar até oito vidas. Ao mesmo tempo, o fortalecimento de políticas públicas, o investimento contínuo no SUS e a valorização da enfermagem são caminhos essenciais para ampliar o acesso e reduzir o sofrimento de milhares de brasileiros que aguardam por uma segunda chance de vida.