Música fala do encantamento da artista pelo rio, despertado durante pesquisa realizada sobre os processos migratórios de famílias negras do sertão da Bahia para Minas Gerais. O trabalho estará disponível nas plataformas de streaming e também no formato audiovisual no YouTube.
A cantora e compositora Adriana Chaves lança, em outubro, o seu segundo single, “São Francisco”, em parceria com o produtor musical Leandro Cesar. A música carrega suas referências sonoras e poéticas, resultado do trabalho de investigação de sonoridades, improvisação e performance vocal, voltado para a experimentação estética e para o diálogo entre música, teatro e performance. O single será lançado no dia 2 de outubro nas plataformas de streaming – Spotify, Tidal, Deezer, Apple Music, Amazon Music e YouTube Music. Já o clipe estará disponível no canal no YouTube da cantora, a partir do dia 3.10.
“São Francisco” caminha junto com o documentário “As pedras sempre se encontram“, produzido e protagonizado por Adriana (lançado em junho deste ano), e que resgata e documenta a história de sua avó, Ana Francisca, uma mulher afro-indígena, em meados do século XX, que migra do sertão de Umburanas, na Bahia, para a cidade de Sabará, em Minas Gerais. A música nasceu durante a primeira viagem de Adriana, de carro, até a Bahia, quando viu o Rio São Francisco pela primeira vez. “Depois disso, quando eu já residia na Bahia e estava nesse processo de busca pelo território da minha avó, me encantei com a beleza do rio e por sua longa trajetória”, conta a artista.
A canção tornou-se para Adriana um gesto de reverência à beleza e à potência do rio — que nasce em Minas Gerais, atravessa diferentes estados e desemboca no mar de Alagoas. “O que me inspirou a pensar no trajeto migratório da minha avó e o meu próprio. É isso que a música fala, sobre o meu encanto e a minha reverência ao rio.” Assim, “São Francisco” fala de encantamento, memória e vitalidade, evocando a força de um rio “que não se pode segurar”, define Adriana.
Adriana Chaves é cantora, compositora e atriz, nascida em Sabará. Com 12 anos de carreira, a artista vem construindo um trabalho marcado pela investigação de sonoridades, improvisação e performance vocal, voltada para a experimentação estética e para o diálogo entre música, teatro e performance. Sua pesquisa artística busca explorar a voz como território de memória, invenção e afeto, atravessando referências da cultura afro-diaspórica, das músicas populares e das práticas contemporâneas de criação. A canção “São Francisco” é resultado desse trabalho da artista, que apresenta uma sonoridade mais madura e sedimentada, revelando caminhos para o seu futuro disco. “A composição contempla mistério e memória em sua melodia, aliada a uma engenhosa construção rítmica que explora timbres instrumentais e vocais, em uma atmosfera inventiva e sensível”, explica a Adriana.
Mais do que uma canção ou produto cinematográfico, o single “São Francisco” – assim como o documentário “As pedras sempre se encontram” – é, para Adriana Chaves, um trabalho de pesquisa e de adentramento estético e ético sobre memórias culturais e vivências afro indígenas, na perspectiva de Adriana Chaves. A artista diz que acredita no poder do audiovisual e da música de enunciar memórias de forma sensível e inventiva. “Para mim, ambas são linguagens que permitem a construção e a enunciação de uma narrativa, e nelas nossas formas de sentir e perceber nossas histórias podem ganhar a dimensão que desejarmos”, destaca.
Sobre o documentário
Em meados do século XX, Ana Francisca, uma mulher afro-indígena, migra do sertão de Umburanas, na Bahia, para a cidade de Sabará, em Minas Gerais. Décadas depois, sua neta decide visitar a terra natal da família, a fim de resgatar e documentar a história dos seus familiares e concretizar o sonho não realizado da avó, já falecida, de um dia retornar ao local em que viveu. O instrumento que marca essa proposta do retorno às origens é uma fotografia impressa da avó, que a neta leva consigo até as margens do Rio Brumado, cujo traçado corta os fundos das casas de seus parentes maternos, o povoado dos Caetanos uma comunidade tradicional que reside no território a mais de 200 anos numa área conhecida como Umburanas velha. Esse é o ponto de partida para o documentário “As pedras sempre se encontram“, lançado por Adriana Chaves em junho deste ano.
Na obra, a Adriana Chaves – que assina a produção e protagoniza o retorno ficcionado de sua avó, Ana Francisca, nessa viagem ao passado – percebe a migração de sua avó como um evento relacionado às experiências coletivas de populações negras no Brasil. “O documentário brinca e mescla a linguagem documental com a linguagem da ficção, evidenciando a possibilidade de reelaborar os fatos e reinventar uma história que sofreu apagamentos, como forma de ir contra a ausência de arquivos e registros dessas memórias”, explica Adriana.
Com filmagens em Umburanas e Sabará, onde a família da artista ainda reside, a paisagem ganha destaque na estética do documentário. Além de serem as cidades de deslocamento de Ana Francisca, os locais partilham aspectos em comum, como a existência de um rio próximo à casa dos familiares e de uma linha de trem. “A ruína da estação ferroviária Leste Brasileiro instalada durante o século XX e o Rio Brumado, em Umburanas, assim como a linha ferroviária e o Rio das Velhas, em Sabará, são espaços percebidos através de ângulos e fotografias semelhantes. As imagens são interpostas por relações estéticas, temporais e geográficas que discorrem sobre uma possível reterritorialização da família materna”, avança a diretora.
Sobre o produtor musical Leandro Cesar
Leandro César é um músico, produtor musical, compositor e multi-instrumentista cuja trajetória é marcada pela fusão entre a pesquisa de culturas tradicionais e a inovação sonora. Trabalhou junto do lendário Grupo UAKTI por seis anos. Sua expertise técnica e artística é a base de um trabalho refinado na produção musical. À frente de discos essenciais, dirigiu musicalmente e produziu obras de artistas como Irene Bertachini (“Revoada” – 2017) e o grupo Ilumiara, com quem realizou uma turnê de 110 shows pelo Sonora Brasil/SESC. Sua produção se estende a trabalhos com artistas além de trabalhos profundos com comunidades, como a produção musical do álbum “Korin Irê” do Ilê Wopo Olojukan e do documentário sonoro do Quilombo Mato do Tição. Sua atuação singular como luthier e criador de instrumentos e esculturas sonoras agrega uma camada única de texturas e possibilidades às suas produções.
Ficha Técnica
Composição: Adriana Chaves
Intérprete: Adriana Chaves
Produção musical: Leandro César
Arranjo: Felipe Rocha e Leandro César
Percussão: Pedro Ramalho
Vibrafone: Leandro César
Guitarra e Violão 7 cordas: Felipe Rocha
Edição, Mixagem e Masterização – Rafa Dutra
Produção: Adriana Chaves
Direção Criativa: Rhuama e Agnes Antônia
Roteiro: Rhuama
Direção de fotografia e captação: Rhuama
Assistente de câmera: Yago Marra
Direção: Rhuama
Direção de Arte: Agnes Antônia
Figurinista: Agnes Antônia
Cabelo: Thayi Bunny
Maquiagem: Maroca Ferreira
Fotografia: Yago Marra
Edição e cor: Rhuama
Assistente de produção de set: Lê Góis
Assistência de objetos de arte: Lê Gois
Arte da capa do single: Lê Gois
Financiamento: Lei Paulo Gustado – Secretaria Municipal de Sabará
Lançamento Single
“São Francisco“, de Adriana Chaves
Plataformas de streaming: dia 02.10
Youtube: dia 03.10
Adicionar Comentários