Um manto de 800 anos, com três metros de comprimento, feito de linho bordado com fios de ouro e prata e pedras preciosas sob encomenda de reis e rainhas. Assim era o manto de Saint Louis D’Anjou, relíquia preservada na basílica de Saint Marie Madeleine, na cidade de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume, na França.
Partes do manto não existem mais, e, para resgatar essa história e reconstruir um manto idêntico ao original foram contratadas as bordadeiras mineiras do Grupo de Estudo do Memorial do Bordado Maria Arte e Ofício.
Elas receberam a missão de começar a recriar a peça quase milenar e assim fizeram dois de seus medalhões, de 38 centímetros de diâmetro cada um, da maneira mais fiel possível. Esta história será contada no dia 8 de agosto, quinta-feira, às 19 horas, no Memorial Minas Gerais Vale, em cerimônia especial de apresentação do trabalho finalizado e única oportunidade de vê-lo, pois, em seguida, será levado para a França.
Após a apresentação, haverá um bate-papo com as bordadeiras, conduzido pela especialista em bordados, Isabella Brandão. A entrada é gratuita, sujeita a lotação. O Memorial Vale fica na Praça da Liberdade, 640, esquina com Gonçalves Dias.
A ideia de recriar o manto bordado veio após um encontro na França da advogada mineira Christiana Mota com Françoise Sur, autora do livro La Chape de Saint Louis D’Anjou, publicação que conta toda a história dessa peça histórica. Com a ajuda de Françoise, Christiana teve a oportunidade de ver a peça de perto, e ficou tão impressionada que encomendou o trabalho ao grupo Maria Arte e Ofício.
Assim e, desde o final do ano passado, as bordadeiras têm estudado a técnica pela qual foi feito o manto original: Opus Anglicanum, conhecida como bordado medieval, exclusivo dos mantos que cobriam reis. É um bordado da Inglaterra medieval, período entre os anos 1100-1350, executado sobre o tecido de linho, usando fios de ouro e prata, fios de seda, de linho e de algodão.
O trabalho desta capa, assim como era comum na época, foi solicitado por um patrocinador, que pagou pela sua execução, matérias-primas, segurança do atelier e definiu ainda o artista responsável pelo desenho e o tema a ser por ele desenvolvido. O ouro foi usado em grandes extensões como pano de fundo para figuras bordadas em sedas coloridas.
Maria do Carmo Guimarães Pereira, coordenadora do Grupo Maria Arte e Ofício, conta que o manto original está muito deteriorado e, por isso, nem está disponível para visitação pública. Daí a necessidade de criar uma réplica quase perfeita, para que possa ser apreciada. “Uma versão foi encomendada uma vez na Rússia, mas, como foi um bordado feito à máquina, não ficou próximo do que era.
A proposta de agora é que, a partir desses dois medalhões iniciais que fizemos e que serão levados para a Europa, outras bordadeiras mundo afora continuem, até completar o manto de acordo com o que ele era originalmente, inclusive com o capuz, que não existe mais”, diz Maria do Carmo.
Maria do Carmo, além de bordadeira e professora dessa arte, é pesquisadora da história do bordado e tem um projeto de mestrado nessa área com o tema: O Bordado; um percurso na história e na cultura.
Bordadeiras do Grupo de Estudo do Memorial do Bordado Maria Arte e Ofício, que participaram do trabalho:
1. Maria do Carmo Guimarães Pereira
2. Maria Regina Massara Rocha
3. Natália Foscarini de Almeida
4. Maria Flor Kalil Massara
5. Rosilene Clemente
6. Rose Marie Naufel
7. Janete Schimidt de Novaes
8. Maria Luiza B. Azeredo
9. Nísia Duarte Werneck
10. Maristela Barriento Peron
Dia 8 de agosto (quinta-feira)
Horário: 19 horas
Local: Memorial Vale, Praça da Liberdade, 640, esquina com Gonçalves Dias.
Entrada gratuita, sujeita à lotação.
MEMORIAL MINAS GERAIS VALE
Endereço: Praça da Liberdade, 640, esq. Gonçalves Dias
Horário de funcionamento: terças, quartas, sextas e sábados, das 10h às 17h30, com permanência até 18h. Quintas, das 10h às 21h30, com permanência até 22h. Domingos, das 10h às 15h30, com permanência até 16h.
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