Em sua oitava edição, em um ano de pandemia, festival traz o amor como tema
É possível lutar pela cultura em um ano como 2020? Para nós, não só é possível, como é extremamente necessário. Quem dera pudéssemos anunciar, pelo oitavo ano seguido, um calendário “normal” da Mostra Tiradentes em Cena, que acontece na cidade de Tiradentes, em Minas Gerais. Mas a verdade é que a pandemia do Coronavírus mudou tudo e obrigou todos os setores, inclusive o cultural, a repensarem cada uma das suas atividades. A produção teatral ficou invariavelmente desfalcada e precisou migrar para o cenário online. E é justamente nesse cenário diferente, e com parte da audiência canalizada no on-line, que nossas cortinas irão se abrir.
Durante quatro dias, teremos apresentações dos mais variados gêneros. Espetáculos, música, dança, exposições, oficinas, intercâmbios e rodas de conversas que irão estimular a reflexão do pensamento e entreter o público, respeitando as normas da Organização Mundial da Saúde.
– O Tiradentes em Cena sempre acontece em maio, mas com todo esse cenário faremos em novembro. Neste momento de pandemia e isolamento, onde a classe artística foi uma das mais afetadas, faz-se necessário retomar a renda e a possibilidade de trabalho do meio artístico. Somos uma equipe formada por pessoas que acreditam na arte, na pluralidade, na diversidade e no poder de transformação e na inclusão da cultura. A produção cultural é importante para a cadeia produtiva, pois gera empregos, rendas, impostos, promove circulação de espetáculos, gera trocas. Por isso vamos resistir com AMOR – conta a idealizadora da mostra, Aline Garcia.
Atriz e fundadora do Grupo Galpão, TeudaBara, que completará 80 anos em janeiro, é a homenageada
Atriz e fundadora do Grupo Galpão, TeudaBara atuou na maior parte dos espetáculos do grupo. No início dos anos 2000 viveu entre o Quebec e Las Vegas para, a convite do renomado diretor Robert Lepage, participar do espetáculo “K.Á.”, do Cirque Du Soleil. De volta ao Brasil, em 2007, retomou sua carreira pelos palcos e ruas brasileiros, ao lado do Galpão. Estreou, em 2015, a peça “Doida”, produção independente que ela própria encabeçou e na qual divide a cena com seu filho Admar Fernandes.
Nos dias do evento, o público poderá assistir ao espetáculo solo “Luta”, que será transmitido no canal do Tiradentes em Cena no YouTube. “LUTA” é um espetáculo criado para e com TeudaBara. Visitando suas memórias, a atriz, em cena, ficcionaliza sua trajetória, cria imagens, conta casos e elege a “Luta” como alegoria para o teatro e a própria vida.
Também teremos um bate papo inédito com o escritor e jornalista João Santos sobre o livro “Comunista demais para ser Chacrete”, do qual ele é autor. O livro é uma publicação da Editora Javali e traça um perfil biográfico de Teuda.
Parcerias, ações de continuidade, estreia e debates marcam mostra
A diversidade de apresentações e o intercâmbio entre artistas locais e grandes nomes do cenário nacional sempre fizeram parte do Tiradentes em Cena. Neste ano não será diferente.
O Festival Cenas Curtas, realizado em parceria com o ator e produtor Vinícius Cristóvão, uma outra iniciativa dentro da Mostra para incentivar novos talentos, também está de cara nova. Pela natureza do momento, o fazer teatral teve que se adaptar e experimentar novas formas de continuar criando e afetando o público. A plataforma online foi o caminho encontrado por tantos artistas. Por isso, essa edição do Cenas Curtas será toda online e voltada para a experimentação desse campo artístico, no qual teatro e audiovisual se entrelaçam, criando poéticas tecnológicas. A edição do Cenas Curtas acontece em parceria com o Teatro em Movimento e o Curso de Teatro da Universidade Federal de São João del Rei (COTEA).
O Campus Cultural UFMG em Tiradentes também participa do festival com a Exposição virtual ‘Confluências’, que coloca em repasse a trajetória de João das Neves. A mostra foi montada a partir do arquivo pessoal do dramaturgo sob a guarda da Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras da Biblioteca Central da UFMG – naturalmente, parte deste acervo, que, cumpre dizer, foi doado pelo próprio João das Neves à universidade. Também teremos interações pelas redes sociais com o tema.
Os espetáculos que fazem parte da oitava edição
A programação da oitava edição da mostra vem recheada de espetáculos dos mais variados gêneros e apresentações em diferentes espaços virtuais e físicos.
O Largo do Museu de Santana será palco para a peça sobre a vida e obra de Solano Trindade, poeta e fundador do Teatro Popular Brasileiro. A dramaturgia é de Elisa Lucinda e da diretora Geovana Pires, e a interpretação de Val Perré. O sobrado Aimorés recebe “Prazer é Todo Nosso” com Juliana Martinse “Yabás e suas histórias”. A Performance 999 acontece no Beco da Igreja São João Evangelista com Carolina Correa, atriz, diretora, performer e Coordenadora Internacional do Corredor Latinoamericano de Teatro. Na dança, o Alto do São Francisco será palco para a professora Renata Mara, certificada pela DanceAbilityInternational Foundation, sendo referência em práticas e estudos ligados à arte, educação, inclusão e acessibilidade.
O Tiradentes em Cena também abrigará a estreia oficial do monólogo “Parece que foi Ontem”, da Trupe Ventania, de Passos, que acontecerá em casarão na Rua Direita. E as ruas da cidade receberão intervenções que falam desse tempo e que conscientizam para o cuidado ao próximo. Além disso, haverá palhaçaria para alegrar a criançada.
A programação permeia o tema amor e traz a tona temas como racismo, inclusão, liberdade e resistência.
Novos tempos pedem novas narrativas
O “teatro-web” veio mesmo para ficar e evoluir para camadas cada vez mais profundas, sendo assim escolhemos algumas cenas que terão destaque no Tiradentes em cena. São elas:
“Pandas ou Era uma Vez em Frankfurt”. Com texto ágil, forte e provocativo, os dois atores e o diretor dominam o jogo cênico através da web e nos conduzem a uma verdade cênica poucas vezes experimentada via Zoom,
“O Tempo”, solo deMonique Vaillé, será transmitido pelo nosso Instagram. Conta a história de uma mulher em crise existencial que reflete sobre a vida e suas escolhas, tentando priorizar seus desejos e se conectar ao tempo presente. Já”O amor faz-me fome” é um trabalho da Cia Mineira de Teatro, inspirado no livro “Jóquei”, da poeta portuguesa Matilde Campilho, e produzido durante o período de quarentena. O vídeo, com direção de Diego Matos e atuação de Júnio de Carvalho e Priscila Natany, é uma metáfora existencial dos nossos tempos.
A oitava Mostra de Artes Cênicas Tiradentes em Cena foi toda pensada de forma a garantir a segurança de técnicos, produtores, artistas e toda equipe.
De 18 a 21 de novembro
YouTube: youtube.com/tiradentesemcena
Instagram: @tiradentesemcena
Site:www.tiradentesemcena.com.br
Twitter: @Tiradentes_Cena
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