3º Encontro de Arte Mineira acontece no Sou Café 13/02

Coletivo de arte e artesanato convida para evento especial em BH

3º Encontro de Arte Mineira acontece no Sou Café, no Centro Cultural Banco do Brasil, em 13 de fevereiro, com a essência do feito à mão

Pensar em arte e artesanato é pensar em histórias de vida. É pensar que, por trás de cada obra, há identidade, contornos de uma raiz. Ao contrário da produção industrializada, em série, que se engessa em comandos e padrões, o feito à mão é dotado da beleza de ser e pertencer. Quando mentes criativas empenham em objetos únicos suas habilidades e personalidade, a manifestação manual conquista uma fluidez que é seu próprio modo de significar.

Minas Gerais é celeiro de grandes nomes quando o assunto é o fazer artístico e artesanal. “São artistas que fazem peças lindas, estimadas até fora do Brasil, mas enfrentam dificuldades na comercialização, principalmente por causa dos atravessadores. Dessa forma, acabam não sendo reconhecidos e ficam sem o retorno desse esforço todo. E a maioria dos artesãos dedica a vida a isso”, critica Cynthia Rabello, coordenadora do projeto Beagá Arte -Valorizando Quem Faz, um coletivo de artesãos e artistas plásticos mineiros. 

É para mudar esse cenário que, já há algum tempo, ela vem promovendo a reunião entre atores dessa cadeia em eventos especiais, voltados para enaltecer e fazer acessível ao público a produção de cada um. Desde o início tímido na garagem de casa, Cynthia comemora quase cinco anos de projeto. “Pretendemos promover a união entre os atores da cadeia da arte e do artesanato. Convocamos o público para prestigiar a produção em Minas, valorizar o que a gente tem e faz”, salienta. 

Nesta toada, Cynthia convida para o 3º Encontro de Arte Mineira, que será realizado no próximo dia 13 de fevereiro, entre 15h e 21h, no Sou Café, dentro do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Estarão reunidos expositores que vão apresentar diversas opções para uso pessoal, para enfeitar o lar e de gastronomia, com a assinatura de marcas locais. 

A partir das 19h, a casa abre as portas para o bate-papo literário com o artista plástico e escritor Estevão Machado, que irá discorrer sobre o premiado livro O Rio no Bolso e o Quintal Amarelo. Na publicação, poemas e desenhos cheios de afetividade e lirismo que levam o autor de volta à infância – o enredo parte de uma referência poética sobre o trabalho de seu avô materno, o escritor Aníbal Machado. A obra foi a vencedora entre 1,7 mil inscritos no Concurso Nacional de Literatura, Prêmio Cidade de Belo Horizonte, no ano de 2014. 

Em 1967, no texto de despedida a Guimarães Rosa, Um chamado João, Carlos Drummond de Andrade constrói metáforas intensas e uma delas tocou Estevão de maneira especial: “João (…) guardava rios no bolso, cada qual com a cor de suas águas”. Três anos antes, quando da morte de Aníbal, o poeta itabirano escreveu, em Balada em Prosa de Aníbal Machado: “Recebeu a morte como recebia amigos, (…) animadamente conversaram; noites e noites. Falaram do Rio das Velhas, que ele trazia no bolso”. 

Um rio guardado no bolso, para Estevão, lembra uma meninice que se leva para a vida toda. “Escolhi essa imagem para me guiar por esse trabalho. Uma bússola afetiva. São poemas que há muito não fiz, poemas tardios que só brotam a uma certa distância da infância. É quando nos é permitido avistar um largo relevo, um certo vento ou mesmo uma gaveta. Acredito que o mundo anda precisando dessa geografia”, escreve.