Após esgotar os ingressos em sua última passagem por Belo Horizonte, o cantor Lô Borges volta a cidade no dia 30 de setembro no Palácio das Artes. A abertura do show contará com fortes influências do rock progressivo dos anos 70, MPB e música experimental da carioca Banda Dônica, formada pelo vocalista e pianista José Ibarra, pelo Baixista Miguel Guimarães, pelo baterista André Almeida e pelos guitarristas Lucas Nunes e Tom Veloso, filho de Caetano Veloso. Na ocasião, Lô Borges irá apresentar o álbum na íntegra, com os arranjos originais, trazendo o lirismo, a psicodelia e a atmosfera progressiva de um trabalho marcado por um mergulho completamente experimental.
Embora o Clube seja emblemático para toda a música brasileira, o primeiro disco solo de Lô Borges é único, misturando sonoridades do jazz e do rock, nas letras curtas e algumas vezes até abstratas. A crítica musical classificou o lançamento, na época, como um marco na música brasileira por apresentar experiências sonoras que outros músicos levariam anos para atingir.
No longínquo ano de 1972, Lô Borges lançou dois LPs emblemáticos e decisivos na história da discografia brasileira: ao lado de Milton Nascimento, o “Clube da Esquina”, célebre e sacramentado testemunho musical de uma geração, cuja capa trazia dois meninos em chão de terra; e o outro disco, com apenas o nome do artista e um par de tênis surrados – por este motivo é que ele ficou mais conhecido como o “Disco do Tênis”. Com apenas 20 anos de idade, e com 4 músicas já gravadas em 1970, o jovem deixaria 23 canções registradas em estúdio, apenas naquele ano.
A expressiva dicotomia que permeia os dois álbuns na construção da identidade artística de Lô é marcante: enquanto do “Clube” emergem suas canções mais reverenciadas, consagradas, regravadas e sempre presentes em suas apresentações, como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”, do seu primeiro registro solo, grande parte das canções ficaram circunscritas à enigmática trajetória cult do “Disco do Tênis”, uma pérola bastante singular da produção setentista de Lô e, também, de todo o grupo de compositores, instrumentistas e arranjadores que se firmariam como o que ficou conhecido como Clube da Esquina.
Ao contrário das canções do “Clube”, as faixas do “Tênis” são como haicais, pensamentos, devaneios, orientados por uma mesma procura, um ethos singular da personalidade do criador, conjugado com a convivência e presença decisiva e inspiradora de nomes como Beto Guedes, Toninho Horta, Nelson Ângelo, Sirlan, Flávio Venturini, Tenório Jr, Vermelho, Novelli, Robertinho Silva, Dory Caymmi, e na de seus letristas mais importantes como Ronaldo Bastos e, principalmente, o irmão Márcio Borges. É notável, contudo, como o disco soa pessoal e carrega uma forte unidade temática, alinhavando melodias sinuosas, harmonias surrealistas e letras incisivas, ilustradas por arranjos intrincados e sob uma atmosfera sonora muito peculiar da época.
O “Disco do Tênis” foi sendo redescoberto mais e mais vezes nos últimos anos, e recentemente foi incluído no livro “1.000 Recordings To Hear Before You Die” do norte-americano Tom Moon: “De longe, podemos apenas dizer que essas quinze músicas, são naturalmente belas para os ouvidos exigentes, e olhando bem de perto, elas são lindas, são pequenos universos reclusos, que representam e revelam novas dimensões a cada vez que você as ouve”.
Em 2016, Lô Borges enfim decidiu revisitar o singular território mítico do Tênis, e para isso convidou o cantor e compositor Pablo Castro para reconstituir a teia sonora do disco em um show ao vivo. Munido de todas as memórias e sensações a partir de mais de 20 anos de reverência ao LP, Pablo convidou os jovens músicos Guilherme De Marco (violão, guitarra e vocal), Marcos Danilo (violão, guitarra, percussão e vocal), Alê Fonseca (teclados), Paulim Sartori (baixo, bandolim, percussão e vocal) e D´Artganan Oliveira (bateria, percussão e vocal) para juntos apresentarem o repertório do “Disco do Tênis” na íntegra, mantendo os arranjos originais, acrescido das músicas de Lô que fazem parte do álbum “Clube da Esquina”, também em seus arranjos clássicos. Portanto o show “Tênis Original” é, além de um reencontro de Lô com um recorte muito especial de sua própria obra, também um encontro de gerações. Músicos que passaram seus anos de formação estudando discos como este, agora podem tocá-lo ao vivo, acompanhados de seu criador.
Uma obra que resiste em sua plena integridade após mais de quatro décadas, demonstrando fôlego e pertinência. Além disso, trata-se de um show que revitaliza a música, com frescor e naturalidade, resultando numa experiência única.
Data: 30/09/2017
Horário: 21h
Local: Grande Teatro Palácio das Artes
Duração: 2h
Classificação: Livre
Ingressos: www.ingressorapido.com.br
Plateia I R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia-entrada)
Plateia II R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia-entrada)
Plateia Superior R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia-entrada)
Informações para o público: (31) 3236-7400
Adicionar Comentários