Nos dias 6 e 7 de novembro de 2025, na Sala Minas Gerais, às 20h30, a Filarmônica de Minas Gerais apresenta um par de obras que marcam os anos de passagem para o século XX na música europeia. Primeiro, a exótica interpretação de Ravel para a clássica personagem em Sheherazade; e, na sequência, a magnífica Quarta Sinfonia de Mahler, que terá participação da soprano Raquel Paulin. A Quarta de Mahlerserá gravada pela Orquestra, dentro do projeto de gravação das sinfonias do compositor, realizado desde 2017. Ainda no repertório dos dois dias, Parade, de Erick Satie. A regência é do maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais, a partir de R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia). O concerto do dia 6 de novembro, quinta-feira, terá transmissão ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube e pela Rádio MEC FM (87,1 BH e Brasília/99,3 RJ).
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Governo de Minas Gerais por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Mantenedor: Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Patrocínio: Itaú Unibanco. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Governo de Minas Gerais, Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro.
Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville por quatorze anos (1999–2014), tendo recebido o título de Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular das orquestras sinfônicas de Syracuse (1992–1999) e de Spokane (1993–2004), nesta última atuando como Regente Laureado. Em 2014, tornou-se o primeiro maestro brasileiro a assumir a Regência Titular de uma orquestra asiática, ao aceitar o convite da Orquestra Filarmônica da Malásia, onde permaneceu por dois anos.
Ainda nos Estados Unidos, atuou como Regente Associado de Mstislav Rostropovich, na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com a qual se apresentou no Kennedy Center e no Capitólio. Foi também Regente Residente da Orquestra Sinfônica de San Diego. Estreou no Carnegie Hall, em Nova York, conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey, e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É presença constante nos festivais de verão nos Estados Unidos, como os de Grant Park, em Chicago, e Chautauqua, em Nova York.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti rege regularmente na Escandinávia, com destaque para a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a Orquestra de Helsingborg, na Suécia. Na Finlândia, dirigiu a Filarmônica de Tampere; na Itália, a Orquestra Sinfônica de Roma e a Orquestra do Ateneo, em Milão; na Dinamarca, a Filarmônica de Odense; na Escócia, a BBC Scottish Symphony; além de ter conduzido a Sinfônica Nacional da Colômbia e estreado no Festival Casals com a Sinfônica de Porto Rico. Na Argentina, rege regularmente a Filarmônica do Teatro Colón.
No Brasil, tem sido convidado a reger a Osesp, a Sinfônica Brasileira, as orquestras municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro, a Sinfônica do Paraná, a Petrobrás Sinfônica, entre outras. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Antonio Meneses, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie e Kathleen Battle, entre outros.
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School de Nova York.
Raquel Paulin, soprano
Com sua voz soprano coloratura, Raquel Paulin tem se estabelecido como um dos principais nomes da atual geração de cantoras líricas brasileiras. Formada pela Escola Municipal de Música de São Paulo, iniciou a carreira no teatro musical, atuando por dez anos em espetáculos de sucesso. Entre 2016 e 2018, integrou o elenco da Academia de Ópera do Theatro São Pedro, com o qual se apresentou diversas vezes como solista. Em 2020, foi premiada nos concursos de canto Maria Callas e Linus Lerner. Mais recentemente, realizou concertos com algumas das principais orquestras do país e participou da produção de Cartas Portuguesas (J.G. Ripper), sob direção de Jorge Takla e regência de Roberto Tibiriçá, além de ter cantado Cecília em O Guarani (Carlos Gomes), Lauretta em Gianni Schicchi (Puccini), Adina em O Elixir do Amor (Donizetti) e Lucy em O Telefone (Menotti). Raquel fez sua estreia com a Filarmônica de Minas Gerais em 2024, cantando Glória de Poulenc e o Réquiem de Fauré.
Repertório
Erik Satie (Honfleur, França, 1866 – Paris, França, 1925) e a obra Parade: Balé realista sobre um tema de Jean Cocteau (1916-1917. Rev. 1919).
O Erik Satie das eternas Gymnopédies e Gnossiennes não revela um décimo desse músico estranho que ajudou a fazer a virada do século XIX para o XX. Contemporâneo de Debussy e de Ravel, em muitos aspectos parece mais jovem e mais arrojado que eles, e sua obra gera polarizações extremas: de um lado, há quem o julgue um grande precursor; de outro, há quem o considere um farsante revestido de ironia. “Vim ao mundo muito jovem, em um tempo muito velho”, foi como ele próprio se definiu. Essa postura, ao mesmo tempo subversiva e sarcástica, fez de Satie um artista que sempre se recusou, por princípio, a vender o peixe.
Parade é, sem dúvida, a sua partitura mais importante. Esse balé em um ato, com argumento de Jean Cocteau, cenários e figurinos desenhados por Pablo Picasso e coreografia de Léonide Massine, foi escrito para os Ballets Russes de Sergei Diaghilev, que o estrearam no Théâtre du Châtelet, em Paris, no dia 18 de maio de 1917, sob a batuta de Ernest Ansermet.
Sobre a obra, Jean Cocteau escreveu que se tratava de “uma trupe repleta de sonhos”. O próprio Satie, com ironia e falsa modéstia, a declarou “somente um pano de fundo com certos barulhos que Cocteau julga indispensáveis”. O poeta Guillaume Apollinaire, no texto do programa, disse que se tratava de “uma espécie de surrealismo”, empregando o termo três anos antes de o movimento surrealista surgir em Paris.
Na música de Parade, a ironia e o sempiterno espírito subversivo de Satie estão condensados. No balé, estão potencializados por Picasso e Cocteau. Na fachada bufa de Satie, porém, esconde-se uma emoção que nem sempre é bem compreendida.
Maurice Ravel (Ciboure, França, 1875 – Paris, França, 1937) e a obra Sheherazade (1898).
Em 1903, Ravel entra em contato com Tristan Klingsor, pseudônimo de Léon Leclère, que tinha acabado de publicar uma coleção de poemas inspirados em As Mil e Uma Noites e na suíte orquestral Sheherazade, composta por Rimsky-Korsakov em 1888, da qual Ravel também era um grande admirador. A partir desse contato, o compositor francês pôs-se a musicar três dos poemas de Klingsor, concebendo um ciclo breve de canções para voz soprano e orquestra, que viria a se tornar a sua própria Sheherazade.
Tomadas como conjunto, essas três canções, de caráter reflexivo, criam uma espécie de progressão, indo de um orientalismo quase voluptuoso a uma velada e terna sensualidade… como a própria personagem das Mil e uma Noites. A riqueza rítmica dos versos de Klingsor, flexíveis e não condicionados a esquemas poéticos tradicionais, aliada à intensa imagética que evocam, mostrou-se um material perfeito para um Ravel que já se encontrava descrente do sistema tonal.
Desde as exposições universais em Paris, Ravel estava fascinado pela música e pela cultura do Oriente, assim como pelo jazz e pelo blues dos Estados Unidos. Em todas essas expressões musicais, ele viu caminhos possíveis que lhe permitiriam se afastar cada vez mais da tonalidade, sem, porém, se submeter a certos academicismos da época. Nesse sentido, os orientalismos que ouvimos em Sheherazade não são, nem de longe, colorações exóticas. São caminhos de fuga, meios que permitem a Ravel o uso de dissonâncias e sonoridades muito originais.
Composta no mesmo ano que outra de suas obras-primas – o Quarteto de cordas –, Sheherazade pode não ser uma de suas peças mais populares, mas é uma das mais importantes. Ela foi estreada em 1904, na Société Nationale de Musique, cantada por Jeanne Hatto, tendo como regente ninguém menos que Alfred Cortot.
Gustav Mahler (Kaliste, Boêmia, hoje República Tcheca, 1860 – Viena, Áustria, 1911) e a obra Sinfonia nº 4 em Sol maior (1892-1900. Ver. 1901-1910).
Mahler compôs nove sinfonias e diversos esboços para uma décima. Às quatro primeiras costuma-se atribuir o nome “Sinfonias Wunderhorn”, por fazerem referência direta ou indireta a uma importante coletânea de poemas e canções populares alemãs chamada Des Knaben Wunderhorn (“A Trompa Maravilhosa do Menino”). Em 1892, o próprio Mahler compôs um ciclo homônimo de canções inspiradas nessa coletânea, no qual antecipa muitos temas que depois apareceriam em suas quatro primeiras sinfonias.
Criada entre 1899 e 1901, a Sinfonia nº 4 incorpora, em seu último movimento, uma canção deste ciclo que acabou não sendo publicada junto às demais: Das himmlische Leben (“A Vida no Paraíso”). Cantado por voz soprano, o texto descreve a visão que uma criança tem do Paraíso. Contudo, Mahler nunca abandona os contrastes que prefiguram a essência da sua linguagem, marcada por uma angústia insolúvel, perceptível, nesta mesma Sinfonia, na ternura melancólica do terceiro movimento ou na ameaça da “dança macabra” sugerida no segundo. Assim, o texto que descreve a festa preparada para os justos no Paraíso serve também para descrever o sacrifício da ovelha inocente. A canção fornece o mote (musical e ideológico) para todos os movimentos da Sinfonia, mas apenas no último ela é apresentada integralmente, operando como uma linha condutora do trabalho de composição.
Esses e outros aspectos, alguns dos quais relativos ao próprio tratamento tonal, mostram com clareza a posição limiar que Mahler ocupa na evolução da linguagem musical do Ocidente, angustiada entre uma era que expira e outra que nasce. Surgida exatamente na virada do século XIX para o XX, a Quarta Sinfonia oferece um retrato deste momento de profundas transformações estéticas e ideológicas, além de representar um ponto-chave na carreira de Mahler, sintetizando sua trajetória até então e anunciando o que estava por vir.
Filarmônica de Minas Gerais
Série Presto
6 de novembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Veloce
7 de novembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
Raquel Paulin, soprano
SATIE Parade
RAVEL Sheherazade
MAHLER Sinfonia nº 4 em Sol maior
INGRESSOS:
R$ 39,60 (Mezanino), R$ 54 (Coro), R$ 54 (Terraço), R$ 78 (Balcão Palco), R$ 98 (Balcão Lateral), R$ 133 (Plateia Central), R$ 172 (Balcão Principal) e R$ 193 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras Elo, Mastercard e Visa
- Pix




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