No dia 29 de novembro, às 18h, na Sala Minas Gerais, a Filarmônica de Minas Gerais encerra a série “Fora de Série” deste ano, com algumas das composições mais celebradas e relevantes da história do balé universal. Exemplo máximo do balé clássico, o adorado O lago dos cisnes de Tchaikovsky, estabelece um expressivo contraste com a forma dramática com a qual Stravinsky expandiu o gênero nas primeiras décadas do século XX, com O pássaro de fogo. Completa o programa a leitura de Villa-Lobos para a história do confronto entre um marinheiro e um cisne negro em um mar febril, em o Naufrágio de Kleônicos. A regência é do maestro José Soares, Regente Associado da Filarmônica. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala, a partir de R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia). O concerto terá transmissão ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube e pela Rádio MEC FM (87,1 BH e Brasília/99,3 RJ).
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Codemge por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Mantenedor: Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Patrocínio: Pottencial Seguradora. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Governo de Minas Gerais, Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Maestro José Soares, Regente Associado da Filarmônica de Minas Gerais
Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo atuado como Regente Assistente nas duas temporadas anteriores.
Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (2021), recebendo os prêmios do júri e do público. No Brasil, regeu a Osesp, a Sinfônica do Paraná, em colaboração com o Balé do Teatro Guaíra, a Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, a Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro, a Orquestra de Câmara de Curitiba e a Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina. No Japão, esteve à frente das orquestras NHK Symphony de Tóquio, New Japan Philharmonic, Sinfônica de Hiroshima e Filarmônica de Nagoya. Também conduziu a MÁV Symphony Orchestra de Budapeste.
José Soares é Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo. Iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos, e estudou Regência Orquestral com o maestro Claudio Cruz, em um programa regular de masterclasses promovido em parceria com a Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou, como bolsista, das edições 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, onde foi orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Liebreich. Recebeu, em 2017, o Prêmio de Regência, que lhe rendeu o convite para atuar como Regente Assistente da Osesp durante parte da temporada 2018, incluindo apresentação em um Concerto Matinal sob convite de Marin Alsop.
Foi também aluno do Laboratório de Regência da Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado por Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Ainda em 2019, participou do Festival de Música de Pärnu, na Estônia, onde teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi eLeonid Grin. Ao final de 2021, foi laureado com o Prêmio da Crítica da Revista Concerto, na categoria “Jovem Talento”.
Repertório
Piotr Ilitch Tchaikovsky (Votkinsk, Rússia, 1840 – São Petersburgo, Rússia, 1893) e a obra O lago dos cisnes: Suíte, op. 20a (1875-1876)
Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, Brasil, 1887-1959) e a obra Naufrágio de Kleônicos (1916)
Igor Stravinsky (São Petersburgo, Rússia, 1882 – Nova York, Estados Unidos, 1971) e a obra O pássaro de fogo: Suíte (versão 1919) (1909-1910. Rev. 1919)
O último concerto Fora de Série de 2025 oferece um vislumbre dessa conexão ancestral que une dança, música e mito. Sem a pretensão de esgotar o tema, vamos fixar o nosso olhar em uma forma específica, cuja arte reside justamente na capacidade de construir narrativas sem recorrer ao verbo: o balé.
Em três histórias fantásticas protagonizadas por aves mitológicas, temos um programa que nos convida a visualizar uma dança mágica nos céus. Abrimos com aquele que é considerado por muitos o exemplo máximo do balé clássico. O Lago dos Cisnes foi uma encomenda dos Teatros Imperiais para Tchaikovsky, que já possuía alguma familiaridade com a história, tendo composto um breve divertimento sobre ela durante umas férias que passou com a irmã, em 1871. Para criar o balé completo – seu primeiro trabalho do gênero –, Tchaikovsky se dedicou com afinco entre maio de 1875 e abril de 1876.
Considerando o posto cativo que O Lago dos Cisnes ocupa no cânone hoje, pode causar estranhamento o fato de que a sua estreia, em março de 1877, no Teatro Bolshoi, foi um imenso fiasco. As críticas da época não foram nada gentis com a coreografia e a produção, mas reconheceram imediatamente a beleza romântica da partitura de Tchaikovsky, repleta de danças memoráveis, tingidas com o brilho fantasioso que o compositor executa tão bem. Na Suíte extraída do balé, encontramos alguns excertos exemplares, como a “Valsa” do primeiro ato e a bela “Dança dos cisnes”.
Baseado em uma antiga lenda germânica, O Lago dos Cisnes conta a história de amor entre o Príncipe Siegfried e a Princesa Odette, transformada em um cisne branco pelas mãos ardilosas do feiticeiro Rothbart. Durante uma caçada no bosque, Siegfried se depara com um lago cristalino repleto de cisnes. Ao anoitecer, para a sua surpresa, observa Odette assumir sua forma humana e descobre que a maldição da donzela só pode ser quebrada caso um homem apaixonado lhe jure amor eterno. Decidido a interferir nos planos do casal, Rothbart lança um feitiço sobre a própria filha, Odile, o cisne negro, conferindo a ela feições idênticas às de Odette. Confundido pela ilusão, Siegfried se declara a Odile, enquanto Odette, envolta em mágoas, decide tirar a própria vida, jogando-se nas profundezas do lago. Siegfried mergulha em busca de sua amada, e os dois se reúnem, enfim, no paraíso.
A figura do cisne também está presente na trama de Naufrágio de Kleônicos, obra de Villa-Lobos que abre a segunda parte do concerto. Da fantasia trágica de Tchaikovsky, o cenário muda agora para o velho embate entre homem e natureza. O marinheiro Kleônicos insiste em navegar pelos turbulentos mares gregos durante o outono, arriscando a travessia entre Kelessyria e Tassos. Quando um cisne negro cruza o céu e as ondas se agitam, anuncia-se um destino fatal. Ao pôr do sol, o cisne sobrevoa uma vez mais o navio, que se parte em dois, afogando toda a tripulação. Kleônicos, no mar, agarra-se a um remo. O cisne então desce em rasante contra o marinheiro, e, na luta, a ave se fere. Também atingido, Kleônicos perde as forças na imensidão azul, enquanto a ave se agita, contorce-se e entoa seu canto derradeiro.
Composto em 1916, o poema sinfônico de Villa-Lobos carrega forte influência do período romântico francês e referencia de forma explícita outro conhecido cisne da música ocidental: o de Saint-Saëns em O Carnaval dos Animais. Seu trecho final apresenta um solo de violoncelo acompanhado de arpejos que faz alusão direta ao “Cisne” de Saint-Saëns, criando um efeito que nos remete ao movimento das ondas do mar. Esse mesmo trecho acabou ganhando notoriedade graças a um arranjo para violoncelo e piano feito pelo próprio Villa-Lobos e publicado logo no ano seguinte, em 1917, com o título O Canto do Cisne Negro.
Por fim, deixemos os cisnes para admirar as chamas incandescentes de uma lendária ave do folclore russo, capaz de trazer tanto fortuna quanto miséria para aquele que a mantém aprisionada. Na Paris de 1910, a companhia de dança Ballets Russes, capitaneada por Sergei Diaghilev, começava a causar um burburinho na cena artística francesa com seus espetáculos baseados na mitologia dos países do Leste Europeu. Para seu novo balé, Diaghilev decide confiar a parte musical a um compositor ainda desconhecido, no qual via um potencial gigante. E o produtor russo, mais uma vez, não estava enganado.
Estreado em 25 de junho de 1910, na Ópera Nacional de Paris, O Pássaro de Fogo transformou Igor Stravinsky em uma estrela do dia para a noite e marcou o início de sua longa parceria com os Ballets Russes, que resultaria ainda em outras obras-primas, como A Sagração da Primavera e Pulcinella. Com efeitos orquestrais ousados e clara inspiração no estilo de seu professor Nikolai Rimsky-Korsakov, a música de Stravinsky em O Pássaro de Fogo consegue instaurar uma atmosfera de suspense e encantamento que prende o ouvinte imediatamente. O sucesso da peça fez com que o compositor criasse três suítes a partir do balé original, sendo a mais popular a que integra o programa de hoje, datada de 1919.
Nos jardins do castelo de Kastchei, o Imortal, o herói da história, Príncipe Ivan, depara-se pela primeira vez com a ave coberta de ouro e chamas. O segundo movimento apresenta o pássaro de fogo em sua dança sublime, como se a música o materializasse cintilando no ar. Ivan consegue puxar uma de suas penas douradas, mas é confrontado pelo temível Kastchei. As treze princesas encarceradas pelo vilão tentam interceder em favor do jovem príncipe, mas o esforço é em vão. Prestes a ser petrificado por um feitiço de trevas, Ivan agita a pena, e o pássaro de fogo surge radiante, confrontando os demônios de Kastchei na frenética “Dança infernal”. Derrotado, o monstro cai em um sono profundo, permitindo que Ivan destrua o ovo gigante que contém a sua alma. O balé se encerra de maneira triunfal, anunciando a chegada de um novo dia e da esperança, em uma das páginas mais exuberantes de Stravinsky.
Filarmônica de Minas Gerais
Fora de Série – A Orquestra na Dança
29 de novembro de 2025 – 18h
Sala Minas Gerais
José Soares, regente
TCHAIKOVSKY O lago dos cisnes: Suíte, op. 20a
VILLA-LOBOS Naufrágio de Kleônicos
STRAVINSKY O pássaro de fogo: Suíte (versão 1919)
INGRESSOS:
R$ 39,60 (Mezanino), R$ 54 (Coro), R$ 54 (Terraço), R$ 78 (Balcão Palco), R$ 98 (Balcão Lateral), R$ 133 (Plateia Central), R$ 172 (Balcão Principal) e R$ 193 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras Elo, Mastercard e Visa
- Pix
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi fundada em 2008 e tornou-se referência no Brasil e no mundo por sua excelência artística e vigorosa programação.
Conduzida pelo seu Diretor Artístico e Regente Titular, Fabio Mechetti, a Orquestra é composta por 90 músicos de todas as partes do Brasil, Europa, Ásia e das Américas.
O grupo recebeu numerosos menções e prêmios, sendo o mais recente o Prêmio Concerto 2024 na categoria CD/DVD/Livros, com o álbum com obras de Lorenzo Fernandez. A Orquestra já havia recebido Prêmio Concerto 2023 na categoria Música Orquestral, por duas apresentações realizadas no Festival de Inverno de Campos do Jordão, SP. o Grande Prêmio da Revista CONCERTO em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Orquestra Brasileira em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010 como o Melhor Grupo de Música Clássica do Ano.
Suas apresentações regulares acontecem na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário da música orquestral. Tendo a aproximação com novos ouvintes como um de seus nortes artísticos, a Orquestra também traz à cidade uma sólida programação gratuita – são os Concertos para a Juventude, Filarmônica na Praça, os Concertos de Câmara e os concertos de encerramento do Festival Tinta Fresca e do Laboratório de Regência. Para as crianças e adolescentes, a Filarmônica dedica os Concertos Didáticos, em que mostra os primeiros passos para apreciar a música de concerto.
A Orquestra possui 19 álbuns gravados, entre eles quatro que integram o projeto Brasil em Concerto, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty. O álbum Almeida Prado – obras para piano e orquestra, com Fabio Mechetti e Sonia Rubinsky, foi indicado ao Grammy Latino 2020.
Ainda em 2020, a Filarmônica inaugurou seu próprio estúdio de TV para a realização de transmissões ao vivo de seus concertos, totalizando hoje mais de 100 concertos transmitidos em seu canal no YouTube, onde se podem encontrar diversos outros conteúdos sobre a orquestra e a música de concerto.
A Filarmônica realiza também diversas apresentações por cidades do interior mineiro e capitais do Brasil, tendo se apresentado também na Argentina e Uruguai. Em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil, em 2022, realizou uma turnê a Portugal, apresentando-se nas principais salas de concertos do país nas cidades do Porto, Lisboa e Coimbra, além de um concerto a céu aberto, no Jardim da Torre de Belém, como parte da programação do Festival Lisboa na Rua, promovido pela Prefeitura de Lisboa.
A sede da Filarmônica, a Sala Minas Gerais, foi inaugurada em 2015, sendo uma referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico. Considerada uma das principais salas de concertos da América Latina, recebe anualmente um público médio de 100 mil pessoas.
A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala Minas Gerais e Filarmônica vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional, com reflexos positivos em outras áreas, como, por exemplo, turismo e relações de comércio internacional.




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