Programação gratuita reúne 9 longas-metragens feitos nas décadas de 1970, 1980 e 1990 pelo cineasta, considerado um dos principais expoentes do chamado Novo Cinema Alemão
O dia 14 de agosto de 2025 marca os 80 anos de Wim Wenders, diretor alemão amplamente premiado e reconhecido. Com cerca de 5 décadas de carreira e mais de 30 filmes no currículo, o cineasta é tema de uma mostra no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. O “Ciclo Wim Wenders” exibirá 9 obras dirigidas por ele, com destaque para títulos como “Alice nas Cidades” (1974), “O Amigo Americano” (1977), “O Estado das Coisas” (1982), “Paris, Texas” (1984) e “Asas do Desejo” (1987). A mostra acontece de 6 de agosto a 21 de setembro, às quartas-feiras nas primeiras cinco semanas (6/8, 13/8, 20/8. 27/8 e 3/9), e de quinta a domingo na última (18/9 a 21/9). A curadoria inclui obras ficcionais e documentários feitos nos anos 1970, 1980 e 1990, e que reafirmam a importância do realizador no contexto do cinema europeu contemporâneo. A mostra tem entrada gratuita, e a retirada de até 1 par de ingressos por CPF pode ser feita exclusivamente pela plataforma Eventim, a partir de 1 hora antes de cada sessão.
Nascido em Düsseldorf, na Alemanha – poucos meses após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa –, Wim Wenders foi atraído ainda na juventude pela possibilidade de investigar a figura do ser humano por meio da produção cinematográfica, e ingressou na Escola Superior de Televisão e Cinema de Munique no final dos anos 60. Desde então, o realizador divide seu tempo entre o cinema e a pintura, sua outra paixão, e coleciona prêmios e indicações nos Festivais de Cannes, Berlim e Veneza, além de ser lembrado frequentemente pelo Oscar. O cinema de Wim Wenders, feito em diversas partes do mundo, está alinhado com algumas das principais mudanças da segunda metade do século XX, época tomada pelo clima da Guerra Fria, que impactou especialmente a Alemanha com a divisão do país e de sua capital, Berlim. Ao lado de Rainer Werner Fassbinder e Werner Herzog, Wim Wenders é considerado um dos principais diretores do Novo Cinema Alemão, movimento que pregava o confronto, tanto temático quanto estético, ao trauma do fascismo e seu legado de violência antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Dentre esses cineastas, Wim Wenders se destaca por ser igualmente fascinado pela amplitude das paisagens e pela geografia do rosto humano: sua obra é movida por uma melancolia que deixa também transparecer algo de esperança.
A mostra “Ciclo Wim Wenders” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.
Imagens forjadas na vida — Organizado em torno de títulos fundamentais, o Ciclo “Wim Wenders” apresenta um recorte vigoroso da arte produzida por esse cineasta. A programação vai além da exibição de filmes, propondo uma experiência de reflexão. Nesse sentido, as sessões comentadas — de “Alice nas Cidades” (dia 6/8), “O Amigo Americano” (13/8) e “Asas do Desejo” (3/9) — funcionam como dispositivos de mediação.
Talvez nem sempre haja uma chave de interpretação disponível para a obra de Wenders, mas certamente seu cinema, principalmente quando pensado em público, expande-se com a força interpretativa de cada olhar. É o que defende Vitor Miranda, curador da mostra e Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado. “Os filmes de Wim Wenders poderiam ser caracterizados como um ‘cinema movimento’, encantado e absorvido pelo fluxo das imagens, dos sons, dos personagens, das histórias e da própria vida. Ao mesmo tempo, sua obra também é sobre aquilo que permanece quando tudo já se moveu. Sobre os resíduos que constituem uma certa essência. E justamente por isso, é um diretor que oferece inúmeras possibilidades de debate e elaboração, especialmente em conjunto, que é o que propomos na sessões comentadas”, destaca.
A mostra exibe tanto os filmes mais aclamados do cineasta quanto outros, menos conhecidos, mas igualmente significativos em sua carreira, como: “No Decurso do Tempo” (1976), “Um Filme Para Nick” (1980), “Até o fim do mundo” (1991) e “Um truque de Luz” (1995). Mais do que qualquer outro diretor de sua geração, Wenders construiu uma obra que pensa o espaço, a paisagem e o corpo como superfícies carregadas de sentido e como elementos vivos que se atravessam, produzindo uma matéria estética carregada do mundo. Vitor Miranda complementa: “Eu arrisco dizer que a importância de uma mostra como esta reside, em grande parte, no gesto de desaceleração que os filmes desse diretor convocam. Nesse sentido, a escolha de exibirmos um filme por semana no início da mostra é proposital, para que a gente tenha tempo de digerir cada obra e no final ainda ter a oportunidade de revê-las, pois crescem muito em uma revisão. Em tempos de imagens descartáveis e artificiais, o cinema de Wenders nos lembra de que há ainda imagens que exigem tempo, que são forjadas na vida. Imagens que não se prestam à distração. Que resistem. Seus filmes nos devolvem a experiência de ver como quem pensa — e de pensar com e através da arte”, resume o curador.
Mostra “Ciclo Wim Wenders”
Datas: De 6 de agosto a 21 de setembro
Horários: Variáveis
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro – Belo Horizonte)
Classificações indicativas: Variáveis
Entrada gratuita; retirada de até 1 par de ingressos por CPF, exclusivamente pela plataforma Eventim, a partir de 1 hora antes de cada sessão
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