O escritor, pensador e líder indígena Ailton Krenak, um dos nomes mais importantes da filosofia ambiental contemporânea, participa do “Sempre um Papo – TCE Cultural”, no dia 10 de dezembro, quarta-feira, às 19h30, no auditório do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (Av. Raja Gabáglia, 1.315 – Luxemburgo), em Belo Horizonte. Krenak participa do lançamento do livro “O Encenador e a Floresta” (ACV/Relicário Edições), de João das Neves, dramaturgo, diretor e militante cultural, com quem manteve uma profunda amizade e parceria intelectual. O evento tem como tema o eixo “Justiça Climática e Territórios em Transição”, debatendo as urgências ambientais e humanas do nosso tempo. A cantora e ativista cultural Titane, organizadora do livro fará a apresentação e o evento será mediado por Afonso Borges.
O encontro encerra a temporada 2025 do “Sempre um Papo – TCE Cultural”, que apresentou, ao longo do ano, diálogos entre grandes autores e os eixos temáticos do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG). Os temas técnicos da instituição — como meio ambiente, gestão pública, educação e cidadania — foram transformados em debates culturais abertos e acessíveis à sociedade, reafirmando o compromisso do Tribunal com a transparência, o diálogo e a escuta pública.
O projeto tem patrocínio da Copasa, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e integra as comemorações dos 90 anos do TCE-MG. A entrada é gratuita, por ordem de chegada, e o estacionamento do Tribunal será franqueado ao público, no limite de 120 vagas.
Sobre o livro “O Encenador e a Floresta”
Dedicado ao período em que o dramaturgo, ator e diretor teatral João das Neves residiu no Estado do Acre, entre 1986 e 1991, o livro “O Encenador e a Floresta” (ACV/Relicário Edições, 2025) aborda as relações entre as artes cênicas e o universo indígena a partir de textos do artista, incluindo o inédito “Diário de Viagem ao Yuraiá”.O livro tem prefácio de Ailton Krenak e ilustração de capa do coletivo MAKHU – Movimento dos Artistas Huni Kuin, dois amigos que, desde os tempos do Acre, iluminam a alma indígena de João.
O posfácio de Mara Vanessa Fonseca Dutra apresenta um contexto do Acre naquele período e informa sobre a interação de João com movimentos e lideranças indígenas e ambientalistas, a criação do Grupo Poronga de teatro e sua trilogia acreana: Caderno de Acontecimentos, Tributo a Chico Mendes, Yuraiá – o rio do nosso corpo. Trata-se de texto construído a partir de entrevistas com familiares, artistas colaboradores, indígenas, indigenistas e representantes de instituições com as quais o artista interagiu.
O encontro de João das Neves com os povos indígenas, intenso e revelador, foi registrado pelo dramaturgo não somente nas peças teatrais. Esta publicação traz três de seus textos produzidos a partir de sua vida no Acre. Em todos, as relações entre as artes cênicas e o universo indígena e o impacto da floresta no seu coração brasileiro, carioca de nascimento e formação.”O Teatro e a Floresta” é um artigo cujo tema foi tratado por João também em palestras e outras publicações no Brasil, Espanha, Alemanha e México ao longo da década de 1990.
“Como os Kaxinawá descobriram o teatro” que conta a história de seu primeiro encontro com os Huni Kuin, tal qual aconteceu em Rio Branco, quando ministrava um curso de teatro na cidade. O inédito “Diário de Viagem ao Yuraiá” é uma obra que se conecta com a linhagem dos viajantes e, ao mesmo tempo, registra, de maneira profunda e minuciosa, o olhar do artista vivenciando a experiência da floresta e da convivência com o povo Huni Kuin, ao longo de três meses viajando pelo Rio Jordão.
“O Encenador e a floresta” integra uma série de iniciativas da ACV em torno do acervo João das Neves. Esta publicação foi viabilizada por meio do fomento do Programa Funarte Retomada 2023 – Teatro e a proposta é realizar o lançamento do livro neste ano de 2025.
Sobre João das Neves
Com 60 anos de atuação na cena teatral brasileira, o dramaturgo, diretor, ator e escritor João das Neves foi um artista a seu tempo. Ao longo dessas décadas, João das Neves seguiu refletindo, discutindo, propondo e realizando espetáculos, seminários, concursos, palestras; escrevendo, adaptando, dirigindo, atuando e produzindo no teatro, na música, na poesia e no cinema. Foi um artista com ampla atuação, mas, sobretudo, um homem do teatro.
Texto de Contracapa, por Ailton Krenak: Encantamento com a cultura de um povo da floresta, experiência mítica para quem ansiava outros mundos. Com seus alunos indígenas, João pôde levar ao palco seus amigos Kaxinawa, abrindo uma colaboração artística incomum, onde os corpos traziam sentidos e subvertiam a forma. Com seus kene escritos no corpo (yura), descobriam novas maneiras de contar antiguidades no palco.
(…) Seu olhar parabólico avistou as florestas e seus mundos cheios de sentido, se inspirando para levar até as Terras Indígenas Kaxinawa, onde vivem os Huni Ku?, um espetáculo, em que, pela primeira vez atores indígenas sobem no palco para encenar seu Caderno de Acontecimentos – um ensaio de verdade, uma aula-ensaio aberta, uma oficina que içou João das Neves ao tórrido calor do Acre.
Sobre o projeto
O “Sempre um Papo – TCE Cultural” é uma realização conjunta do Tribunal de Contas de Minas Gerais e da Associação Cultural Sempre um Papo, com curadoria de Afonso Borges. A iniciativa aproxima literatura, cidadania e fiscalização pública, conectando os oito eixos prioritários de atuação do TCE-MG a temas sociais e culturais contemporâneos. Em 2025, o projeto recebeu nomes como Mia Couto, Itamar Vieira Junior e Conceição Evaristo, consolidando uma nova forma de diálogo entre o Tribunal e a sociedade mineira.
Sempre um Papo – TCE Cultural com Ailton Krenak
Tema: Justiça Climática e Territórios em Transição
Data: 10 de dezembro de 2025 (terça-feira), às 19h
Local: Auditório do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais
(Av. Raja Gabáglia, 1.315 – Luxemburgo – Belo Horizonte/MG)
Entrada gratuita, por ordem de chegada
Patrocínio: Copasa | Realização: Sempre um Papo e TCE-MG |
Lei Rouanet – Ministério da Cultura




Adicionar Comentários