Combinando trabalho coletivo com arte, educação ambiental e cultura, de 1 a 7 de setembro, Festival da Onça celebra intervenção de grande impacto: a transformação do terreno às margens da Cachoeira do Ribeirão Onça, no Bairro Novo Aarão Reis; confira a programação gratuita
Com o sonho de um dia voltar a nadar e brincar no Ribeirão do Onça, o Festival da Onça, chega em sua segunda edição no Bairro Aarão Reis, zona Norte da capital mineira, com programação que une mutirões de limpeza, construção de mobiliário urbano e extensa programação cultural entre os dias 1 a 7 de setembro. Em 2025, em continuidade às intervenções que visam a transformação de territórios ao longo do Ribeirão Onça, a área escolhida tem um motivo: a existência da maior queda d’água em leito natural dentro de uma capital brasileira.
A programação dos dias 1 a 5 de setembro será dedicada a oficinas, visitas mediadas, mutirões e o lançamento do livro “Lembra: isto é Rio – Histórias do Ribeirão da Onça”. Já nos dias 6 e 7 haverá celebração e programação cultural no espaço transformado com mais de 15 atrações, entre elas show de MC Dodo, Fran Januário convida Dona Elisa, Uai Sound System, Swing Safado, Baile Charme, além de feira gastronômica, festival de pipa, cortejos com a Orquestra Popular Terno de Binga, As Grandes Figuras e Boi da Manta e atividades na Tenda da Cultura com biblioteca para leitura e troca de livros. Acompanhe o Festival no Instagram: Festival da Onça (@festivaldaonca).
Em fotografias de 30 anos atrás é possível ver pessoas felizes brincando e nadando nas águas do Ribeirão do Onça, rio que nasce em Contagem, atravessa Belo Horizonte e deságua no Rio das Velhas na divisa de Santa Luzia, região metropolitana. Movidos pelo sonho de voltar a nadar, pescar e brincar no Onça – realidade já é possível no Rio Sena, em Paris, França, que, após 100 anos foi despoluído -, o festival, em parceria com a comunidade e movimentos, luta por qualidade de vida, pela valorização do rio e do meio ambiente. Letícia Ribeiro, coordenadora de mobilização e articulação do projeto, explica que em 2024, na primeira edição do Festival da Onça, “o local recebeu as primeiras intervenções e ganhou um mirante e um escorregador. Neste ano,o objetivo é dar continuidade às ações no território para a construção coletiva do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão Onça, um corredor verde com quase seis quilômetros de extensão em leito natural com áreas de lazer, cultura e convivência.”
Após a desocupação de famílias devido aos riscos, a área localizada às margens da cachoeira estava cheia de entulhos e sendo usada como bota fora. Em parceria com o Conselho Comunitário Unidos Pelo Ribeiro de Abreu (Comupra), o Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa e o Projeto Manuelzão, foram feitas conversas entre equipe, moradores e apoiadores sobre as propostas de intervenção que serão executadas por meio de mutirões.
Arte, cultura e meio ambiente
Com pesquisa, criatividade, persistência e cooperação, a partir da criação de vivências comunitárias, as ações começaram em articulação com a comunidade para desenhar os melhores caminhos para o projeto, em conjunto. Depois, em julho, veio o cercamento da área para conter o descarte irregular de entulhos, e o nivelamento do terreno, com o auxílio de máquinas. “Com projetos de mobiliários realizados por estudantes da UFMG e selecionados via edital, realizamos a transformação do mirante da cachoeira, por meio de mutirões com os moradores, em um espaço de encontro, descanso e brincadeira contribuindo para o senso de comunidade e pertencimento na região do Novo Aarão Reis”, afirma, Débora Tavares, coordenadora de mutirões.
Programação
Shows no Mirante da Cachoeira celebram a inauguração do Mirante da Cachoeira – No sábado, 6, a partir das 17h40, se apresentam as atrações selecionadas via edital exclusivo para artistas das regiões Norte e Nordeste da capital. São eles: Tio Caco, Neghaum e convidados e Talita Silva e banda Lance Livre. Com suas músicas autorais que tratam de autoestima, autovalorização e questões cotidianas, Tio Caco sobe no palco do festival com Neghaum e convidados. Na sequência, Talita artista Neo Soul brasileira emerge como uma voz imponente na cena musical contemporânea. Suas composições são profundas ao abordar temas fundamentais como amadurecimento, superações diárias, estratégias de sobrevivência e saúde emocional. A artista inaugura uma nova etapa do seu trabalho: sua banda Lance Livre.
Muito Samba com Fran Januário! A sambista e compositora, que é uma das maiores vozes do samba mineiro em uma junção de musicalidade e sofisticação, se apresenta junto à Dona Eliza, a madrinha do Samba de BH. A compositora e sambista é uma das maiores representantes da velha guarda do Samba da capital. A apresentação acontece a partir das 16h. O sábado também será de muito Funk com MC Dodo e Swing Safado – Misturando funk mineiro, pagodão baiano, brega e reggaeton, às 19h30, o Swing Safado promete entregar muita energia e alegria. Logo após, MC Dodo, encerra a noite celebrando a cultura periférica com seu funk consciente. Morador da comunidade do Alto Vera Cruz, o MC, que é referência do Funk consciente, com vontade de expressar os sentimentos e dramas vividos junto a seus companheiros nas periferias e favelas, começou a compor e cantar. Entre os shows de Swing Safado e Mc Dodo haverá oficina Baile Charme com May Martins e discotecagem com Uai Sound System e DJ Guto Borges.
Feriado é no Mirante da Cachoeira – O feriado da Independência da República, no domingo, 7, começa com a Orquestra Popular Terno do Binga que apresenta o lançamento do repertório para o Carnaval 2026. Fruto do encontro entre o efervescente movimento das fanfarras belorizontinas e os grupos percussivos que pesquisam as Culturas Populares Tradicionais brasileiras na cidade, resultando numa orquestra diferente, cuja maior inspiração são as Cirandas da Zona da Mata Norte pernambucana e as Orquestras de Frevo de Olinda. A concentração inicia em frente à praça em frente a Escola (Av. Detetive Eduardo Fernandes, 320) às 9h e segue para o Mirante da Cachoeira com apresentação de As Grandes Figuras, bloco de carnaval em Nova Lima, que desfila em homenagem a personalidades históricas através de bonecos gigantes; e o Boi-da-manta – com mais de 70 anos de história, ocorre anualmente entre os dias 1º e 13 de maio como parte das celebrações da Festa de Nossa Senhora do Rosário, no bairro Concórdia.
Destaques da programação
Programação de abertura – Na segunda-feira, 1º, Dona Helena conduzirá a oficina de Doce de Laranja com Dona Helena – a atividade é aberta ao público com inscrições pelo perfil do Instagram do Festival da Onça.
Exposição de Botânica – No dia 2, terça-feira, a Exposição De Botânica Desidratada de 14 às 16h . A exposição é resultado das atividades da oficina Elementos da Natureza ofertada a alunos da Escola Municipal Herbert José de Souza (PEI). Local: Pergolado da Horta (Rua 50A, 48 – Novo Aarão Reis).
Cinema – No dia 3, às 19h, interessados em documentários, poderão assistir à Arrancados das Raízes – Vivências de um Território Vulnerável, de João V. Vilete e João V. Fagundes, que registra depoimentos de ex-moradores próximos ao Ribeirão Onça em meio ao processo de desapropriação de áreas de risco. Por meio de entrevistas, reportagens e fotografias pessoais, o filme conta histórias de quem vivenciou na pele os dias de perda causados pelas inundações, mas também viu sua luta por dignidade gerar frutos. Haverá uma roda de conversa com os diretores. Local | Escola Municipal Herbert José De Souza: Av. Detetive Eduardo Fernandes, 320 – Novo Aarão Reis
Vai ter corrida com Calma Clima! Na quinta-feira, 4, às 19h, o grupo de corrida e caminhada informal Calma Clima soma ao Festival da Onça. O grupo surgiu em Belo Horizonte em 2017 com o objetivo de promover a ocupação do espaço urbano e o contato com a paisagem através da corrida, caminhada e meditação. O local será divulgado na véspera. Para mais informações, acompanhe o Festival no Instagram: Festival da Onça (@festivaldaonca).
Lançamento de Livro – No dia 5, acontece, às 19h, o lançamento do livro “”Lembra: isto é Rio – Histórias do Ribeirão da Onça” organizado por Isabela Izidoro, André Siqueira e Elisa Marques com apoio de moradoras do Ribeirão da Onça. Haverá uma roda de conversa com educadoras e moradoras da bacia, para trocarmos experiências e imaginarmos futuros para o ribeirão. Pensado como um álbum de histórias, o livro reúne memórias, fotografias, roteiros de atividades e mapas produzidos ao longo de 2023 com comunidades da bacia do Onça. Local: Escola Municipal Herbert José De Souza: Av. Detetive Eduardo Fernandes, 320 – Novo Aarão Reis.
Programação completa em: https://www.festivaldaonca.com.br/
Capital dos rios – Belo Horizonte pode ser chamada de a capital dos rios: com seus quase 700 quilômetros de cursos d’água que atravessam a cidade. Infelizmente, grande parte está poluída e a maioria está escondida embaixo de concreto e do asfalto. Esse processo de degradação teve início com a construção da cidade, com momentos de maior intensidade: da metade do século XX pra cá, a associação de carros e vias asfaltadas com a ideia de progresso e modernização ganhou força. Além disso, com a ocupação humana muito próxima às suas margens e a canalização transbordam causando enchentes.
A luta é por uma cidade que, com rios limpos, acompanhe as curvas livres de suas águas. Uma cidade para se viver junto, pra brincar, nadar, andar de bicicleta no espaço público. Uma cidade para todo mundo, que seja realmente compartilhada, com mais parques públicos e áreas verdes; com mais transporte coletivo e menos carros.
Sobre o Festival
O Festival da foi criado em 2024, pela Escola de Arquitetura da UFMG, por meio do projeto de extensão sob coordenação do professor Roberto Andreas, e, em parceria com o Conselho Comunitário Unidos Pelo Ribeiro de Abreu (Comupra), o Movimento Deixem o Onça Beber Água Limpa e o Projeto Manuelzão. O Festival da Onça – 2ª Edição é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Desta mobilização, conduzida pelo Comupra, surgiu também um projeto grandioso: o Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão Onça, que vai acompanhar o caminho do rio, a parte que ainda está aberta e em curso natural. Com hortas, quadras, ciclovias e outros espaços de convivência, o parque vai proteger o rio e as comunidades do seu entorno, criando um ambiente ecologicamente saudável, um local para encontros e uma área mais segura para a comunidade.
O Festival da Onça é um convite para você também fazer parte disso. Porque transformar o local é mudar o mundo. Porque viver e agir em comunidade dá força pra cada um de nós e aponta caminhos pra gente seguir em frente. Vamos juntos fazer de BH a capital dos rios!
Festival da Onça
Data: 1 a 7 de setembro de 2025
Programação completa: https://www.festivaldaonca.com.br/
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