Artistas da Escola de Dança do Cefart apresentam o espetáculo “Bento” – 02/07

Com 16 cenas e mais de 100 bailarinos se revezando no palco, montagem explora a riqueza cultural de Minas Gerais por meio da travessia de uma criança pelo Rio São Francisco em direção à sua foz

Nascido na Serra da Canastra, em Minas Gerais, o Rio São Francisco é um curso de água extremamente importante para o abastecimento, a economia e a cultura do país. Desaguando no Atlântico, o rio conecta, de certo modo, Minas ao mar. Pensando nesse percurso, os artistas dos Cursos Básico, Preparatório e Técnico de Dança do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado apresentam o espetáculo “Bento”. A obra tem direção coreográfica, concepção e roteiro de Alan Keller e teve estreia no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes em dezembro de 2024, originalmente em dois atos. Agora, no dia 2 de julho (quarta-feira), às 20h, o espetáculo retorna ao mesmo palco, em versão que inclui uma abertura com as alunas formandas (com coreografia inédita de Rodrigo Gièse) e o segundo ato de “Bento”. Nele, o público será apresentado à história do personagem-título, um menino que descobre que o Mar está triste por não conhecer Minas. O garoto então decide levar as belezas do estado para o oceano, navegando pelo Velho Chico. Em cena, mais de 100 bailarinos se revezam ao longo de 16 cenas. A trilha sonora e a direção musical de “Bento” são assinadas pelo cantor, compositor, multi-instrumentista e ator Sérgio Pererê. Os ingressos para o espetáculo são gratuitos, e podem ser retirados na bilheteria do Palácio das Artes ou no site da Eventim a partir do dia 30 de junho.

“Bento” se apoia na regionalidade e nas riquezas do território mineiro, ressaltando a grandeza das Minas Gerais, sua  natureza e beleza, além da hospitalidade do povo e sua perseverança. Na travessia pelo rio, o protagonista encontra amigos e descobre uma Minas Gerais ainda mais diversa. As coreografias do espetáculo foram elaboradas com a contribuição dos professores do Cefart e de convidados. “Bento” também faz uma referência a “Bentu”, álbum de Sérgio Pererê e Badi Assad lançado em 2024, que celebra a cultura afromineira. A primeira faixa do álbum, “Terra de Cateretê”, é uma das 14 músicas que acompanham os bailarinos ao longo da apresentação.

O espetáculo é uma das atrações do Festival Cefart, que chega para promover apresentações multiartísticas da nova geração de criadores. A programação, totalmente gratuita, atravessa os meses de junho a agosto em diversos espaços do Palácio das Artes e na Funarte, apresentando, ao final desse semestre, o resultado de todo o trabalho desenvolvido nos cursos de Artes Visuais, Dança, Música, Teatro e Tecnologia da Cena. 

“Bento” é realizado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.

A mineiridade em cena – A montagem que encerra o ciclo de aprendizado da turma tem como mote a identidade e a cultura de Minas Gerais. Segundo o diretor e roteirista Alan Keller, ao ser convidado para fazer uma obra que dialogasse com essa temática, outros dois elementos foram importantes para que a narrativa de “Bento” ganhasse vida. “A Priscila Fiorini, diretora do Cefart, ao me convidar, mencionou que a ideia era enfatizar a identidade, a região e a força da cultura mineira. Isso dialoga diretamente com minha história, sou um artista mineiro e literalmente nascido às margens do Rio São Francisco. O rio sempre me encantou profundamente. Ele se transforma em fonte de inspiração, e as músicas de Sérgio Pererê, um artista com quem tive a oportunidade de trabalhar em outros projetos, nos fazem contemplar o processo. Elas não apenas se conectam com a importante estrutura ancestral, mas também com o nosso cotidiano, com a nossa necessidade de falar e de viver o agora”, aponta.

O nome da obra reforça essa parceria com Sérgio Pererê. Para o espetáculo, o músico utilizou tanto composições já existentes, algumas adaptadas para a ocasião, quanto novas músicas. Alan ressalta que a ideia de convidá-lo para assinar a trilha surgiu no início do projeto. “Logo quando fui convidado, pensei: ‘Qual trilha vai cair no meu ouvido e ir direto para o coração?’ Não tinha como pensar diferente se não fosse com o Sérgio, que acolheu a proposta com muito carinho”. Junto de Sérgio, seu filho Imane Rane faz a produção musical do espetáculo.

O potencial transformador do Velho Chico – Minas Gerais é o único estado da região Sudeste do Brasil que não se encontra com o mar. Em “Bento”, esse desencontro é o fio condutor da narrativa. A escolha de uma criança como a responsável por promover essa reunião expressa a forma simples e poética a partir da qual enxergamos o mundo durante a infância. “Minas são muitas, mas, dentro do imaginário infantil, são infinitas. A nossa ideia, como a de uma criança, é que o mar pudesse conhecer o nosso estado, e que isso fosse um privilégio para ele [o mar]. O encontro das Minas Gerais com a imensidão do oceano traduz o desejo de reafirmar que as riquezas do território são reconhecidas de forma transcontinental. E o Rio São Francisco é, sem dúvida, o rio mais mineiro e maneiro, como o próprio texto do ‘Bento’ menciona. Isso porque é o maior rio totalmente brasileiro. Portanto, o Velho Chico conhece nossas terras, e nada mais bonito do que essa criança fazer essa viagem incrível por todo esse território”, explica Keller.

Por outro lado, o diretor aponta que essa jornada só é possível através da combinação da inocência e esperança da criança com a experiência e sabedoria do rio. “O Velho Chico carrega toda a essência, a história, a trajetória e a força dos povos ribeirinhos. Além disso, carrega também as riquezas, o desenvolvimento e a economia. A criança, por sua vez, carrega consigo a esperança. O rio se torna quase o ancião dessa jornada e a coragem do menino é o combustível”.

A viagem do protagonista em direção ao mar também representa, para Keller, uma metáfora do processo formativo das alunas e alunos do Cefart, que ao final do curso se tornam profissionais. “Isso dialoga com a vida dos artistas que estão na Escola, que entram ali como crianças para navegar por um rio durante um bom tempo e chegar à vida profissional, na imensidão do mercado cultural, que por vezes é difícil de navegar. Olhar para o mundo depois de se formar, olhar para esse mar e dizer: ‘Agora eu tenho uma nova jornada’, preparando-se para essa nova história”, reflete o diretor do espetáculo.

FICHA TÉCNICA DO ESPETÁCULO 

Direção geral: Priscila Fiorini 

Direção Coreográfica, Concepção e Roteiro: Alan Keller 

Direção Musical e Trilha Sonora: Sérgio Pererê 

Direção de Atores: Paulo Maffei 

Assistente de Direção: Erika Rosendo 

Coordenação Geral: Sarah Lignani 

Dramaturgia: Amora Tito 

Produção Musical: Imane Rane 

Figurino: Janaina Castro 

Cenografia: Par Espaços Criativos – Bruna Cosfer, Marina Góes e Thatiana Abdo 

Cenotécnicos: Antônio Lima e Helvécio Izabel 

Coordenação de Produção: Sarah Lignani

Assistente de Produção: Marcella Pinheiro

Iluminação: Gato de Luz – Régelles Queiroz e Dyaná de Souza 

Operação de Luz: Régelles Queiroz 

Operação de Som: Cahuê Teixeira 

Confecção de Figurino e Costureiras: Adriano Borges, Thiago Silveira – Studio204, Belmiro e Carolina Cordeiro

Maquiagem e Caracterização: Amanda Silva Lopes e Katarina Gabriela de Souza 

Projeção: Daniel Librelon e Tarcísio Magno 

Assistente de Ensaios: Halina Paulino

Ensaiadores: Anna Vitória Alves, Bete Arenque, Camila Magalhães, Jéssica Borges, ⁠Marcos Elias, Marina Campos, Nicole Blach, Patrícia Werneck, Rodrigo Antero, Rodrigo Gièse, Rose Cantarini, Sarah Lignani

CEFART – O Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, da Fundação Clóvis Salgado, é responsável por promover a formação em diversas linguagens no campo das artes e em tecnologias do espetáculo. Referência em formação artística, o Cefart possui amplo e inovador Programa Pedagógico para profissionalizar e inserir jovens talentos no mercado de trabalho da cultura e das artes. Diversas gerações de artistas e técnicos foram formadas ao longo dos quase 40 anos de atividades, com forte impacto no fazer artístico de Minas Gerais. São oferecidas, gratuitamente, oportunidades democráticas de acesso à formação cultural diversa, por meio de Cursos Técnicos, Básicos, de Extensão e Complementares, com grande repercussão social.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete, entre outros diversos equipamentos. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

Espetáculo “Bento” – Escola de Dança do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart) da Fundação Clóvis Salgado

Data: 2 de julho de 2025 (quarta-feira)

Horário: 20h

Local: Grande Teatro Cemig Palácio das Artes

(Avenida Afonso Pena, 1537, Centro – Belo Horizonte)

Classificação indicativa: Livre

Entrada gratuita, com retirada de ingressos na bilheteria do Palácio das Artes ou no site da Eventim a partir do dia 30 de junho.