Com jogos de aprendizagem que introduzem os participantes ao universo musical, atividade acontece no dia 8 de maio, no Centro Cultural Vila Santa Rita, e no dia 5 de junho, no Centro Cultural Vila Marçola; inscrições já estão abertas
Contribuir com a democratização do acesso à educação musical por meio de uma atividade formativa qualificada e gratuita, direcionada a professores, artistas e agentes culturais de Belo Horizonte. Esse é o principal objetivo do projeto “Jogos de Musicalização”, do respeitado músico e professor mineiro Kristoff Silva, que oferece, nos próximos meses, duas oficinas em espaços culturais das regiões do Barreiro e do Aglomerado da Serra.
Através de um conjunto de práticas musicais coletivas, tais como os chamados “brinquedos cantados” e jogos de aprendizagem, além de um material pedagógico próprio, a iniciativa visa o aprendizado lúdico e comporta alguma reflexão sobre esses mesmos jogos e brincadeiras. As oficinas acontecem no dia 8 de maio, no Centro Cultural Vila Santa Rita; e no dia 5 de junho, no Centro Cultural Vila Marçola. As inscrições estão abertas e podem ser feitas por interessados acima de 14 anos, por meio de formulário online, neste link.
“Jogos de Musicalização” pretende acolher um público carente de educação musical de qualidade, algo que infelizmente tornou-se privilégio de poucos no Brasil. “Essa falta de acesso a uma educação musical formal pelas camadas menos favorecidas tem relação direta com o sucateamento do ensino público em todos os níveis. Embora a lei preveja o ensino de música na Educação Básica, quando acontece algum projeto nesse sentido é sempre feito de modo muito precário, por alguém que não tem licenciatura em música”, sublinha Kristoff Silva.
“As oficinas, por sua extensão muito curta, não pretendem substituir a formação que aconteceria de modo mais consistente, não fosse esse sucateamento. Mas são uma chance de ter um contato com um tipo de abordagem em que eu acredito que a música possa ser tratada de maneira respeitosa, na sua singularidade enquanto linguagem, mesmo nas mais singelas brincadeiras”, completa o professor, que possui mais de 25 anos de docência e cuja tese de doutorado, voltada para a musicalização de adultos, recebeu o Prêmio de Melhor Tese da UFMG, na área das Ciências Humanas e Artes.
Kristoff Silva frisa que, diferente de outras atividades formativas já ministradas por ele, esta não é uma oficina de musicalização de jovens e adultos, mas uma oficina que trata os jovens e adultos como possíveis educadores musicais, formais ou não formais. “Isso significa que eu tomarei as brincadeiras cantadas e outros jogos voltados para a infância e vamos, além de aprender a brincar daquela maneira, refletir sobre que aspectos musicais essas brincadeiras trabalham de uma maneira lúdica e natural”, explica, ressaltando que sua ligação afetiva com a educação infantil e a composição e interpretação de músicas para crianças norteou o projeto.
Cantor no grupo musical Pé de Sonho, o artista mineiro afirma que a musicalização do jovem e do adulto, sua especialidade, se inclina, em “Jogos de Musicalização”, na direção do universo da criança. “Buscaremos compreender que, em se tratando de criança, primeiro a gente faz, brinca e repete quantas vezes for divertido. Para os jovens e adultos educadores também vale refletir sobre o que está sendo construído consistentemente como um processo de musicalização”, mas enfatiza que esse aspecto teorizante não precisa vir à tona no momento de, efetivamente, abrir a roda e brincar com a criançada.
Práticas e material pedagógico
Sem qualquer outro pré-requisito além da idade mínima, o projeto delineia uma circunstância ímpar, que pode promover a convivência, o diálogo, a troca de experiência e a comunhão entre pessoas que muitas vezes não teriam outra chance com o mesmo potencial transformador. As oficinas se baseiam em práticas musicais coletivas, percussão corporal, canto e recursos pedagógicos mnemônicos de associação entre gestos e sons.
A iniciativa prevê, ainda, a produção de um material pedagógico próprio, além de gravações em estúdio, que serão disponibilizadas no YouTube. A proposta é ofertar um material com descrição das ilustrações e transcrição de partituras em braille, possibilitando a inclusão de pessoas com deficiência visual.
“Será uma espécie de livrinho, onde essas reflexões sobre aspectos musicais trabalhados em jogos elas estarão ali dispostas e bem ilustradas, com partituras em braille. Além disso, haverá, no Youtube, uma pequena playlist (não listada) vinculada a esta publicação, na qual eu preparei, para cada brincadeira, duas versões, uma com vozes e outra somente com a base instrumental. Isso tem por objetivo dar suporte para quem vá trabalhar com as crianças. Serve tanto para a preparação do trabalho quanto para ouvir junto com elas. A ideia é que, ao escutar as melodias dos “brinquedos cantados” em um registro mais agudo, característico da criança, os participantes das oficinas tomem consciência de que essa questão do registro vocal é importantíssima para que as crianças se reconheçam quando escutarem as músicas e possam cantar e encontrar a afinação de maneira mais natural”, explica Kristoff.
O professor afirma ter esperança de que o projeto impactará positivamente em seu ambiente cultural, podendo gerar desdobramentos associados ao aprendizado de habilidades musicais. “Eu faço este movimento em direção aos centros culturais que nos acolhem carinhosamente na esperança de que o projeto, por mais curto que seja, possa tocar os participantes de alguma forma, seja reverberando de forma positiva nos projetos educativos dos quais eles já fazem parte, seja estimulando-os a buscar uma formação musical mais extensa”, finaliza.
Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Oficina “Jogos de Musicalização”, com Kristoff Silva
Quando. Dia 8 de maio de 2025, quinta-feira, às 18h
Onde. Centro Cultural Vila Santa Rita
(Rua Ana Rafael dos Santos, 149 – Vila Santa Rita – Barreiro)
Quanto. Atividade gratuita. Inscrições até dia 5 de maio neste link
Quando. Dia 5 de junho, quinta-feira, às 18h
Onde. Centro Cultural Vila Marçola
(Rua Mangabeira da Serra, 320 – Vila Marçola – Aglomerado da Serra)
Quanto. Atividade gratuita. Inscrições até dia 2 de junho neste link
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