Especialistas indicam rótulos com mais corpo e complexidade para harmonizar com pratos de inverno e explorar o melhor da estação
O friozinho deu as caras em Belo Horizonte, trazendo junto aquela vontade de comidas mais aconchegantes e generosas taças de vinho. Este outono já está frio, e a expectativa é que o inverno continue na mesma toada. Com o clima mais ameno, cresce a busca por vinhos que ofereçam mais estrutura, intensidade e presença — especialmente os tintos, que costumam dominar as escolhas da estação. Mas o frio também pode ser um convite para explorar rótulos menos óbvios como brancos mais encorpados, blends surpreendentes e até espumantes de perfil mais gastronômico, que harmonizam perfeitamente com os sabores do inverno. “Quando as temperaturas caem, o público naturalmente procura vinhos mais estruturados e complexos, independentemente do estilo. É uma oportunidade de ir além dos rótulos habituais, explorar sim os tintos mais potentes, mas ainda brancos de mais corpo e até espumantes que fazem bonito à mesa”, explica Pablo Teixeira, sommelier e sócio do Rex Bibendi e do Cabernet Butiquim, dois endereços que se destacam pela curadoria versátil e acessível.
Para facilitar a escolha de vinhos ideais para os dias mais frios, que realçam e enriquecem a experiência à mesa, reunimos indicações dos sommeliers de alguns restaurantes da capital mineira. A seguir, confira uma seleção de rótulos cuidadosamente escolhidos, destacando como cada um se conecta ao clima, aos sabores e à personalidade de cada ambiente.
Cabernet Butiquim
Rua Levindo Lopes, 22 – Savassi
@cabernetbutiquim
Localizado na Savassi, o Cabernet Butiquim combina um ambiente informal de boteco com uma carta de vinhos cuidadosamente selecionada. Entre as opções indicadas por Pablo Teixeira, destaca-se o branco português Sericaia, da Serra de São Mamede, no Alentejo, conhecido pela frescura e caráter mineral, pouco comuns na região, ideal para acompanhar o Stinco de porco com arroz sujo e vinagrete de tomates. Outra recomendação é o tinto espanhol Señorio de Sotillo, da Bodegas Arroyo, Ribera del Duero. Produzido integralmente com uvas Tempranillo e envelhecido em barricas de carvalho, o vinho apresenta aromas de frutas negras maduras e baunilha, sendo indicado para pratos mais intensos, como Filé ao Molho de Cebola, Risoto de provolone e crocante de parmesão.
Rex Bibendi
R. Antônio de Albuquerque, 917 – Funcionários
@orexbibendi
No Rex Bibendi, no bairro Funcionários, a inspiração vem da figura que selecionava as bebidas para os imperadores romanos. A casa combina tradição e inovação ao apresentar rótulos como o Mar de Morros Blend 2023, elaborado com Cabernet Franc, Syrah e Cabernet Sauvignon. O vinho se destaca pelo frescor, acidez equilibrada e notas de frutas negras, cogumelos e café. Sua versatilidade permite harmonizações como o Rigatoni de cogumelos, burrata e espinafre — uma massa com molho funghi, cogumelos refogados, espinafre, burrata, crocante de funghi e avelãs tostadas. Outra aposta é o Maria Maria Isabela Syrah, produzido na Serra da Mantiqueira. Com taninos macios e acidez pronunciada, é ideal para acompanhar o tradicional Arroz de Pato da casa, arroz bomba caldoso com pato desfiado, ervilha torta e compota de laranja bahia; compondo experiências gustativas marcantes e adequadas para os dias mais frios.
Terraço Niê
R. Rio de Janeiro, 471 – 25 andar – Centro
@terraco.nie
No Terraço Nie, a vista panorâmica do hipercentro de Belo Horizonte é um atrativo à parte. Mas é na carta de vinhos que o sommelier uruguaio Roman Cordero revela a riqueza do terroir brasileiro, com rótulos selecionados para refletir a diversidade e a qualidade da produção nacional. Um dos destaques é o Los Hermanos, blend de Malbec e Tannat da vinícola gaúcha Garbo. Trata-se de um tinto seco com personalidade marcante e taninos firmes, ideal para quem aprecia vinhos estruturados. Já da Serra da Mantiqueira vem o Bárbara Eliodora Gran Reserva F Syrah 2021, que amadurece por 12 meses em barricas de carvalho francês da renomada tanoaria François Frères — referência que inspira a letra “F” no nome. Com estilo potente e untuoso, apresenta notas de frutas vermelhas e negras em compota, acidez refrescante e madeira bem integrada. É um vinho robusto que pede pratos à altura, como o ossobuco de vitelo ao molho bourguignon, compondo uma harmonização intensa e elegante.
Nino Cucina
R. Curitiba, 2090 – Lourdes
@ninocucina
Para harmonizar com os pratos italianos do Nino, o sommelier Henrique Alves selecionou rótulos que equilibram frescor, estrutura e tipicidade, facilitando a escolha do vinho ideal para cada receita. Uma das sugestões da casa é o Vinho Nino, elaborado a partir das uvas Sangiovese e Cabernet Sauvignon. Leve, frutado e fresco, tem corpo médio e acompanha bem massas mais delicadas, como o “Alfredo” al Tartufo, nhoque com parmigiano, manteiga de trufa e cogumelos. Para pratos mais intensos, como carnes ou molhos encorpados, a indicação é o Braccale, um vinho com perfil mais estruturado, feito com 80% de Sangiovese e 20% de Merlot. Com bom equilíbrio entre taninos e acidez, é ideal para receitas tradicionais como o Brasato di Manzo, corte bovino macio e suculento, cozido em vinho tinto e caldo de vitela, servido com purê de batata cremoso, proporcionando uma experiência gustativa intensa e acolhedora para os dias de frio.
Ninetto
BR-356, 3049 – Belvedere
@ninettotrattoria
No Ninetto, cada detalhe do ambiente remete ao aconchego das tradicionais casas italianas, e a carta de vinhos segue essa proposta, valorizando rótulos clássicos que intensificam a experiência à mesa, especialmente nos dias mais frios. Entre as sugestões da casa está o Braccale, um tinto de bom corpo, com predominância de Sangiovese e perfil estruturado, ideal para acompanhar massas com molhos intensos. É a escolha certa para pratos como o Conchiglioni con ragù alla diavola, conchas recheadas com ragù de linguiça picante, fonduta de queijos e molho pomodoro. Outra boa pedida para as baixas temperaturas é o Montepulciano d’Abruzzo, vinho típico da região central da Itália, conhecido pela acidez equilibrada e pela boa estrutura. Harmoniza com pratos de carnes e queijos curados, como o Tortelli di cotoletta al forno, massa fresca recheada de costela, fonduta de queijos, gema mole e crocantes de presunto cru. Completam a seleção rótulos que também se destacam pela intensidade: o Chianti Bonacchi, um clássico da Toscana; o argentino DV Catena, encorpado e elaborado com uvas selecionadas; e o chileno Ventisquero Cabernet Reserva, com taninos marcantes e notas intensas, perfeito para acompanhar o Chorizo con Risoni, corte especial de contrafilé de angus servido com risoni mantecado com tutano assado, salada de ervas e fonduta de queijos.
Montê
Praça Rui Barbosa, 104 – Centro
@monte.beaga
No Montê, o ambiente descolado pede vinhos que acompanhem essa proposta, sem abrir mão da intensidade necessária para aquecer nos dias mais frios. Uma das apostas da casa é o Burdizzo Primitivo, tinto italiano encorpado, com perfil quente e frutado na medida certa. A harmonização com o Filé com Nhoque ao molho de Gorgonzola é certeira, criando uma combinação envolvente, ideal para quem busca conforto e sabor. Para quem prefere um estilo mais clássico, a sugestão é o La Gran Bastide Bordeaux. Aromático, equilibrado, com boa estrutura e taninos macios, é um vinho versátil que acompanha com elegância o Steak Chorizo com Fritas crocantes, resultando em uma experiência que alia tradição e intensidade, perfeita para o friozinho.
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