Casa Fiat de Cultura apresenta novo olhar sobre a arte pré-histórica na exposição “Rupestres” – 23/07 a 08/09

Exposição reconstrói a arte rupestre por meio de bordados e esculturas têxteis

As pinturas pré-históricas encontradas em utensílios e nas paredes das cavernas ganham uma releitura na nova exposição da Casa Fiat de Cultura. Em cartaz de 23 de julho a 8 de setembro, “Rupestres”, do artista visual cearense Higo José, apresenta 16 obras, entre bordados e esculturas têxteis, que traduzem pinturas rupestres nacionais, especialmente aquelas encontradas na Serra da Capivara (Piauí) e no Vale do Peruaçu (Minas Gerais). A exposição foi escolhida no 7º Programa de Seleção da Piccola Galleria. A abertura será realizada no dia 23 de julho, às 19h30, em um bate-papo com o artista seguido de visita mediada. Toda a programação é gratuita.

Para o artista, a exposição é uma espécie de trabalho arqueológico, em que ele faz a catalogação poética de peças. Aqui, as tradicionais pinturas rupestres ganham novas formas, com animais organizados a partir de uma visão subjetiva, pensando cores e a disposição das figuras de forma minuciosa. Uma nova narrativa linear é criada para cada obra e, assim, surgem novas histórias para se contar. “O sentido dessas obras será completado através da experiência do público na galeria”, reflete Higo José.

Em “Ruprestes”, linhas entrelaçadas e tecidos despertam novos interesses, por meio de trabalho que, além do peso da história, carregam a tradição do bordado. Assim, o diálogo entre a arte da pré-história, esculturas têxteis e as peças bordadas resultam em uma mostra contemporânea, cheia de simbolismos e carregada de afeto. O artista cresceu em São Benedito, cidade que faz divisa com a Serra da Capivara. “Foi nesse lugar que aprendi a bordar, aos 11 anos, com a minha avó Joaquina. Agora, trago esses elementos para meu trabalho, propondo uma série de reflexões sobre a nossa relação com o passado, o presente e o futuro”, instiga.

Para a crítica de arte e pesquisadora Sylvia Werneck, que assina o texto curatorial da mostra, “Rupestres” dá margem a paradoxos interessantes. “Ao caráter de eternidade das figuras originais, feitas sobre pedra, os bordados de Higo respondem com a efemeridade do tecido, a maciez da linha e a qualidade diáfana do suporte.” Ao assumir a persona de um arqueólogo, o artista recria a arte primeva com materiais industrializados do século XXI. Assim, de acordo com Sylvia, o artista primordial e o contemporâneo compartilham uma atividade exclusivamente humana: “a criação de formas simbólicas a que damos o nome de arte”.

A exposição “Rupestres” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra, da Usiminas e da Sada. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.    

Sobre as obras

A mostra apresenta nove bordados e sete esculturas, que fazem referência a diferentes lugares do Brasil. As obras representam animais e seres humanos, bem como a relação entre eles – que era uma questão de sobrevivência.

Alguns trabalhos apresentam a técnica de policromia – mistura de duas ou mais cores –, que chegou a ser encontrada em alguns desenhos rupestres, embora em menor ocorrência. Outras obras são construídas em camada, uma representação para a própria ideia do tempo, que se entrelaça entre o presente, o passado e o futuro, criando novas histórias.

Lista de obras

  • Humano natureza (2023)
  • Bichos sobrepostos (2024)
  • Onça no mato (2023)
  • Voo (2023)
  • Olha o pássaro (2023)
  • Dois veados (2023)
  • Entre bichos (2024)
  • No mato (2024)
  • No rio (2024)
  • Tatu (2024)
  • Mamífero (2024)
  • Pinguim (2024)
  • Antropólito (2024)
  • Ave (2024)
  • Artefatos (2021)
  • Circular (2022)

Abertura

Seja na arte rupestre, produzida há milhares de anos em cavernas pré-históricas, seja na arte contemporânea, que ganha diferentes formatos e sentidos, os artistas buscam um ponto em comum com a suas obras: criar formas simbólicas. 

No dia 23 de julho, às 19h30, esse tema será explorado pela Casa Fiat de Cultura em um bate-papo com Higo José, para marcar a abertura de “Rupestres”. Ele vai contar sobre o processo de criação das obras, curiosidades sobre a exposição e as reflexões promovidas por “Rupestres” sobre a importância de preservar e valorizar o patrimônio histórico e cultural. Após o bate-papo, haverá visita mediada com o artista.

A participação é gratuita, sem a necessidade de inscrição.

Oficina de bordado

No dia 27 de julho, às 15h30, a Casa Fiat de Cultura realiza a oficina “Bordado Arqueológico com Higo José”.

Os participantes aprenderão a técnica do bordado de ponto russo e serão incentivados a explorar o bordado sob a perspectiva da arqueologia, em uma espécie de catalogação de figuras, como plantas, objetos e animais. A oficina proporcionará, ainda, uma reflexão sobre o passado ancestral e questões afetivas relacionadas aos antepassados dos participantes.

A participação é gratuita, sujeita à lotação do espaço. Os interessados podem se inscrever na oficina 15 minutos antes do seu início, na recepção da Casa Fiat de Cultura.

Artista

A prática artística mais recente de Higo José concentra-se na utilização do bordado e da escultura como meios de representar figuras e símbolos encontrados no período pré-histórico. Essa abordagem tem sido adotada como maneira de explorar sua fascinação pelo passado e pela história da humanidade. 

No contexto do bordado, Higo encontra inspiração nas figuras rupestres do período paleolítico, que constituem representações artísticas presentes em cavernas e abrigos por todo o mundo. Tais figuras frequentemente retratam animais e seres humanos, representando algumas das primeiras manifestações artísticas conhecidas. Através do bordado, o artista busca recriar essas figuras sobre tecidos. Na esfera da escultura, explora os monumentos megalíticos do período neolítico, que correspondem a estruturas de pedra construídas por antigas comunidades em diversas partes do mundo. Tais monumentos, como os icônicos menires e dolmens, carregam consigo uma rica carga simbólica e cultural, sendo considerados marcos significativos no desenvolvimento humano. Com a utilização de materiais como pedra, argila ou madeira, ele  cria esculturas que evocam a essência desses monumentos, buscando capturar tanto sua forma quanto seu significado em suas obras de arte. 

Essas escolhas artísticas carregam uma conexão pessoal profunda para Higo José, uma vez que ele nasceu em uma cidade próxima à Serra da Capivara, um dos principais sítios arqueológicos da América Latina. Desde sua infância, ele foi imerso nessa rica herança cultural e arqueológica, o que despertou nele um interesse genuíno pela pré-história e suas expressões artísticas.

Piccola Galleria    

O espaço é destinado a artistas da cena contemporânea e foi criado em 2016, com o intuito de incentivar a produção nacional e internacional. Os artistas são selecionados por uma comissão de especialistas, que, nesta 7ª edição, contou com o curador, pesquisador e educador Bitu Cassundé; a professora, artista e pesquisadora Telma Martins; e a artista e professora Leonora Weissmann. O processo se realizou 100% online, de modo a facilitar a inscrição de pessoas de todo o Brasil. No total, mais de 200 trabalhos foram enviados, e a avaliação dos jurados também se deu no formato virtual.   

A proposta é apresentar e destacar trabalhos inéditos – pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias, instalações, performances e/ou videoarte – de artistas locais, brasileiros ou estrangeiros. Além de Higo José, outros cinco artistas foram selecionados na 7ª edição, e serão exibidos na programação de 2024/2025. 

As exposições selecionadas contam com ações do Programa Educativo, desenvolvidas em conjunto com a curadoria de cada mostra. São realizadas visitas mediadas para públicos agendados e espontâneos, além de ações especiais de comunicação em todos os canais da Casa Fiat de Cultura. A mediação é feita com recursos de acessibilidade, para ampliar o acesso do público e a visibilidade dos artistas.  

Nas seis edições já realizadas, o Programa de Seleção da Piccola Galleria apresentou o trabalho de 35 artistas, abrigou mais de 400 obras e recebeu um público de 500 mil pessoas. A sala expositiva é um ambiente dedicado às artes visuais e sua criação marcou os 10 anos da Casa Fiat de Cultura. Situada ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari, no hall principal da Casa Fiat de Cultura, o pequeno recinto é destinado a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. Local intimista e com grande circulação de público, conta com a chancela da Casa Fiat de Cultura e do Circuito Liberdade, um dos mais importantes corredores culturais do país.   

A Casa Fiat de Cultura   

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 80 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 18 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 4 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 700 mil participaram de suas atividades educativas.  


Exposição “Rupestres”, de Higo José, na Casa Fiat de Cultura  
Período expositivo: 23 de julho a 8 de setembro de 2024
Visitação presencial: terça-feira a sexta-feira das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras)  
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br    

Bate-papo e visita com o artista
23 de julho, às 19h30, na Casa Fiat de Cultura 

Oficina | Bordado Arqueológico com Higo Jose
27 de julho, às 15h30, na Casa Fiat de Cultura

Casa Fiat de Cultura   
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG 
Circuito Liberdade 

Horário de Funcionamento
Terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h  
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h    

Informações  
www.casafiatdecultura.com.br   
casafiatdecultura@stellantis.com  
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YouTube: Casa Fiat de Cultura