Museu Inimá de Paula recebe exposição Reinado de Chico Calu a 28/01

O Museu Inimá De Paula recebe até o dia 28 de janeiro exposição sobre os repertórios sagrados da Irmandade Os Carolinos, tradicional reinado negro da capital mineira. Fotografias, fardas, altares, santos de devoção, mastros, andores, cruzeiros e outros objetos compõe a mostra “Reinado de Chico Calu – Repertórios Sagrados da Irmandade Os Carolinos”.  A exposição homenageia o centenário da Irmandade e dá visibilidade a essa manifestação cultural e religiosa que evidencia a riqueza da tradição afro-mineira em Belo Horizonte. A entrada é gratuita.

Através de uma narrativa estética que reproduz um terreiro de congado, o público terá acesso a mais de 30 fotografias das guardas da Irmandade impressas em tecidos e emolduradas com estandartes. Elas são registros dos últimos cinco anos de festejos e foram feitas pelo antropólogo e fotógrafo Patrick Arley e pelo fotógrafo Netun Lima. Além das imagens, a mostra apresenta um conjunto de objetos que remontam à religiosidade e sua celebração, instigando um olhar para o presente e o passado, para a cultura de matriz africana que se conformou no Brasil e seus rituais, e para o louvor e a tradição que se mantém por gerações. “Reinado de Chico Calu – Repertórios Sagrados da Irmandade Os Carolinos” faz parte de um projeto aprovado no edital do Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais e traz para o público a memória de uma das mais tradicionais irmandades da cidade, que vem se perpetuando, principalmente, por meio da história oral. O Museu Inimá de Paula tem sua manutenção patrocinada pelo Banco Santader através de incentivos da Lei Rouanet.

Os Carolinos

No começo do século XX, por volta de 1917, Francisco Carolino (o Chico Calu) funda uma guarda para louvar Nossa Senhora do Rosário, a Guarda de Moçambique e Congo Sagrado Coração de Jesus – Irmandade Os Carolinos. Nas cercanias do recém-criado município de Contagem, na divisa com Santa Quitéria — hoje, Esmeraldas — o lugarejo de Chico Calu era um pequeno arraial quase todo formado por fazendas até pouco tempo escravagistas. Lá, as origens do congado remetem a um passado muito mais distante e inexato. Sabe-se que existia ali uma lagoa grande que há muito secou, conhecida como Lagoa Seca, ponto de encontro de poderosos capitães da região. Em 1937, a guarda migra para Belo Horizonte com o filho de Chico Calu, Luiz Carolino, e firma sua sede no Bairro Aparecida, onde se encontra até hoje.

Hoje, a guarda fundada por Chico Calu é a terceira mais antiga da capital ainda em atividade. Trata-se de uma história de fé e de resistência. Há 100 anos, os descendentes de Francisco Carolino mantém a tradição afro-mineira e realizam festejos em homenagem a Nossa Senhora do Rosário, aos demais santos do panteão congadeiro, aos reinos negros e à ancestralidade. Eles também lutam pelo reconhecimento como Patrimônio Imaterial de Belo Horizonte, pelo tratamento de um córrego poluído que corta suas terras e pelo direito ao território sagrado que habitam, ameaçado por um projeto que prevê a remoção da comunidade e a construção de uma avenida no local.

Fotógrafo

Patrick Arley é antropólogo e fotógrafo. Atualmente, cursa doutorado em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Possui mestrado em Antropologia e graduação em Ciências Sociais pela mesma instituição. Com ampla experiência no campo da antropologia visual, possui diversos trabalhos no Brasil e em África (Moçambique), que dialogam com as culturas negras e populares. Já participou de exposições no Brasil, Moçambique e França.

Congado em Belo Horizonte

Os reinados/congados negros com suas guardas (ou ternos) de moçambique, congo, caboclo, marinheiro, vilão e catopé, reapresentam nas ruas o mito fundador da retirada de Nossa Senhora do Rosário do mar pelos negros escravizados. Esses grupos e irmandades estavam aqui bem antes do surgimento de Belo Horizonte, nas fazendas escravagistas que conformavam o antigo Curral Del Rey. A tradição dos congados também migrou para a cidade com a mão de obra operária vinda do interior para construir a nova capital. Atualmente, dezenas de reinados/congados com suas guardas mantém nas periferias da cidade a riqueza desta tradição afro-mineira e por meio de festejos e visitas mútuas realizam o Ciclo Anual do Rosário na capital.

Data: 09 de dezembro a 28 de janeiro

Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1201 – Centro).
Horários: terça, quarta, sexta e sábado: 10h às 18h30
quinta: 12h às 20h30
domingo: 10h às 16h30

Entrada Gratuita
Mais Informações: (31) 3213-4320