Com Patrocínio Master da Nubank, direção de André Paes Leme, músicas originais de Chico César e direção musical de João Milet Meirelles, o espetáculo fala sobre uma alma que queria ser brasileira
O espetáculo musical Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé) encerra a primeira fase de sua turnê pelo Brasil, em duas apresentações no Sesc Palladium, dias 16 e 17 de maio, sexta e sábado, às 20h. Essa é a primeira montagem para o teatro do aclamado livro de João Ubaldo Ribeiro (1941-2014), intitulado Viva o Povo Brasileiro, que completou 40 anos no ano passado, sendo vencedor dos prêmios Camões de Literatura e Jabuti. Esse livro poderoso ainda inspirou o samba-enredo da Império da Tijuca no Carnaval de 1987. Assim como o livro, o musical já venceu importantes prêmios, como o Shell na categoria “Melhor Ator” para Maurício Tizumba, que integra o elenco ao lado de sua filha Júlia Tizumba e foi indicado em mais de três categorias – Música Original e Direção Musical, Melhor Direção e Melhor Figurino. Também foi indicado ao Prêmio APCA nas categorias “Melhor Espetáculo” e “Melhor Ator” e no Prêmio APTR na categoria “Melhor Música”. A turnê tem o patrocínio Master da Nubank.
A versão teatral, dirigida por André Paes Leme, conta com 30 músicas originais compostas por Chico César, a partir de letras inspiradas ou que utilizam parte textual da obra de Ubaldo. Já a direção musical e a trilha original são de João Milet Meirelles (da banda BaianaSystem). No elenco, além de Júlia Tizumba, Maurício Tizumba, estão Alexandre Dantas, Cris Meirelles, Hiane, Hugo Germano, Jackson Costa, Ju Colombo, Jesus Jadh e Sara Hana.
A pesquisa para a montagem de Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé) nasce da investigação de doutorado feita na Universidade de Lisboa pelo diretor André Paes Leme, que já adaptou outros clássicos da literatura para o teatro: ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’, ‘A hora e vez de Augusto Matraga’ e ‘Engraçadinha’.
O desejo de falar do que seria esse povo brasileiro a partir da ótica crítica e do humor de João Ubaldo Ribeiro provocou o nascimento do projeto. “Não há possibilidade de entender o povo brasileiro sem compreender que todos nós somos o povo brasileiro, desde os povos originários até os imigrantes que chegaram muito tempo depois. Criamos esse espetáculo, que praticamente pega um terço do livro, mas traz a essência da obra ligada à ideia de ancestralidade, de espiritualidade, da luta contra a escravidão, por uma igualdade e justiça social. O texto é especialmente conectado à força feminina, que é algo muito forte a partir da personagem da Maria Dafé, que é a grande heroína”, diz André O livro de Ubaldo tem cerca de 700 páginas e percorre 400 anos da história do Brasil. A trama, ambientada em Itaparica, fala de uma alma que quer ser brasileira. Primeiramente, ela encarna em indígenas, até o primeiro personagem, o Caboclo Capiroba, em 1640, que é enforcado pelos portugueses colonizadores, mas tem uma filha que se chama Vu, e dela descendem as mulheres da história.
A alma depois reencarna em um Alferes, em 1809. Esse Alferes sonhava em ser um herói brasileiro e tem morte súbita protegendo Itaparica da invasão portuguesa. Morre cedo, mas consegue ser considerado herói. A alma fica mais desejosa de ser brasileira e vai encarnar na personagem Maria Dafé, que é filha da Vevé (Naê), tataraneta de Vu. Ela foi estuprada pelo Barão, que, quando sabe da gravidez, manda o negro Leléo tirar Vevé de Itaparica. Leléo é um negro liberto, que já tem muito dinheiro e que cuida de Dafé como sua verdadeira neta, dando ensino e escola. Aos 12 anos, Dafé assiste ao assassinato da mãe a facadas, por homens que queriam violentar as duas. Essa tragédia é o gatilho para Dafé virar a heroína da história.
Para cadenciar toda a trama, Chico César compôs 30 canções, que ganharam arranjos de João Milet Meirelles e a colaboração do elenco. No palco, três músicos e dez atores que interpretam, cantam e tocam. Além do elenco fixo, o espetáculo tem um coro composto por atores iniciantes/ estudantes, que ajudarão a dar vida à essa epopeia.
“Esse é meu terceiro trabalho com a Sarau. Nós fizemos ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’ e ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’. Para compor as músicas, eu parti da palavra do escritor e busquei a sonoridade da escrita. Trouxe muito da minha formação intuitiva da música negra, brasileira, baiana, porque o livro se passa em Itaparica e Salvador. Fiquei feliz quando soube que era o João Meirelles quem seria o diretor musical, porque o BaianaSystem é o grupo com maior expressão dessa contemporaneidade da música negra brasileira”, conta Chico César.
Em seu segundo trabalho com o teatro musical, João Milet Meirelles trouxe para ‘Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)’ uma construção coletiva com referências da música baiana contemporânea e da tradicionalidade. “Existe também um apontamento para o futuro. Tem muita percussão, cordas, sanfona, piano. São três músicos e um elenco também muito competente musicalmente. Tem essa diversidade como uma linha que vai conduzindo tudo. É uma construção coletiva com o processo de experimentação”, define João.
Sinopse
Baseada em livro de João Ubaldo Ribeiro, a montagem é ambientada em Itaparica, na Bahia, e percorre o período de 1647 a 1977, acompanhando uma alma em busca da identidade brasileira, que encarna em personagens invisibilizados pela história. Ao longo desses 400 anos, a construção dos abismos sociais é mostrada através das figuras de Caboclo Capiroba, o Alferes e Maria Dafé, que transformam suas dores em heroísmo e demonstram a força da ancestralidade que percorre a formação do nosso povo.
Sobre o diretor
André Paes Leme é encenador formado na UNIRIO, Mestre e Doutor em Estudos de Teatro pela Universidade de Lisboa. Já realizou mais de 50 espetáculos, entre peças teatrais, concertos musicais, óperas e eventos comemorativos de relevância cultural. Suas últimas encenações foram: A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa (2020),Agosto (2017), Esperança, de César Mourão (2015), Amigo Cyro muito te admiro, de Rodrigo Alzuguir (2014). O Lugar escuro, de Heloisa Seixas (2013). Arresolvido, de Erida Castello Branco (2012). Um Rubi no Umbigo, de Ferreira Gullar (2011). Hamelin, de Juan Mayorga (2009), pelo qual recebeu o Prêmio APTR/2010 de melhor direção. Candeia, de Eduardo Rieche (2008). A hora e vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa (2007). Uma última cena para Lorca, de Antônio Roberto Gerin (2005). Grande Othelo, de Douglas Dwight (2004). Chega de sobremesa, de Stela Freitas (2002). Engraçadinha, de Nelson Rodrigues (2001). Pequenos trabalhos para velhos palhaços, de Matei Visniec (2000).
Ficha Técnica
Da obra de João Ubaldo Ribeiro / Diretor e dramaturgo: André Paes Leme / Elenco: Alexandre Dantas, Cris Meirelles, Hiane, Hugo Germano, Jackson Costa, Ju Colombo, Júlia Tizumba, Maurício Tizumba, Jesus Jadh e Sara Hana/ Músicas originais: Chico César / Direção musical e trilha original: João Milet Meirelles/ Direção de produção e produção artística: Andréa Alves / Diretora de projetos: Leila Maria Moreno / Diretor Assistente: Anderson Aragón / Consultoria: Ynaê Lopes/ Desenho de som: Gabriel D’Angelo/ Iluminação: Renato Machado / Cenografia: Natália Lana / Figurino: Marah Silva / Preparação corporal e direção de movimento: Valéria Monã / Visagismo: Cora Marinho / Coordenador de Produção: Hannah Jacques/ Produção Executiva: Cissa Moreira / Produção local: Rubim Produções/ Assessoria de imprensa: Luz Comunicação – Jozane Faleiro
Viva o Povo Brasileiro (de Naê a Dafé)
Dias: 16 e 17 de maio de 2025 – sexta e sábado, às 20h
Local: Sesc Paladium – Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro – BH
Ingressos pelo Sympla ou bilheteria do teatro:
PLATEIA I – Inteira R$ 100,00 – Meia entrada R$ 50,00
PLATEIA II – Inteira R$ 80,00 – Meia entrada R$ 40,00
PLATEIA III – Inteira R$ 60,00 – Meia entrada R$ 30,00
Link ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/103657/d/305688
Adicionar Comentários