Mostra Ficção Científica Anos 50 22/01 01/03

FICÇÃO CIENTÍFICA ANOS 1950

Quarenta títulos compõem a seleção que ainda conta com os clássicos do cinema mundial a serem exibidos na História Permanente do Cinema  

A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, apresenta a Mostra Ficção Científica Anos 50. Com cerca de 40 filmes selecionados, a mostra apresenta longas do gênero ficção científica produzidos durante os anos 1950, período considerado como a Era de Ouro do gênero. O contexto social e político da década está impresso no conjunto de filmes apresentados, especialmente os dilemas da Guerra Fria.

A ficção como metáfora – Uma conjuntura histórica por si só bastante conflituosa, aparece de maneira explicita nas narrativas dessas obras. De acordo com Bruno Hilário, da Gerência de Cinema do Cine Humberto Mauro e um dos curadores da mostra, “os filmes selecionados permitem discutir o ‘estado da arte’ do cinema realizado na época e o diálogo estabelecido com o público em um contexto de produção muito especifico. O clima paranoico pós 2ª Guerra Mundial, o medo de ataques nucleares, a corrida espacial, a incerteza sobre o futuro e a disputa entre URSS e Estados Unidos”.

Para Vitor Miranda, da coordenação do Cine Humberto Mauro e que também assinada a curadoria da mostra, “as produções são marcadas por um tom sensacionalista, grotesco e, muitas vezes, por causa do amadorismo dos filmes, elas são chamadas de ‘filmes b’. Mas uma análise mais criteriosa desse conjunto de obras mostra toda a pulsão criativa desses artistas e seu potencial de entretenimento. Através de monstros, alienígenas, viagens no tempo, mutantes, robôs, universos paralelos, viagens espaciais e atividades paranormais esses filmes refletem anseios e incertezas que o mundo convive e são filmes que, de certa maneira, ainda dialogam com o nosso contexto político e social atual”.

Destaques – Os filmes que compõe a mostra podem ser divididos em diferentes vertentes, sendo as principais: a corrida espacialcontato com seres alienígenas invasores ou infiltrados e desastres ambientais provocados pela ação humana (acidentes nucleares, atômicos). Bruno Hilário comenta que, por causa do contexto da guerra, “surge o medo do estranho, que aparece na figura do alienígena, naquele que está infiltrado, reflexos daquele período que passava a humanidade”, pontua.

Filmes como Godzilla (1954) de Ishirô Honda, que mostra um gigantesco réptil mutante que surge em virtude de testes nucleares e que destrói Tóquio, ou O Incrível Homem que Encolheu (1957) de Jack Arnold, cujo protagonista é atingido por uma nuvem radioativa e começa a encolher, são exemplos de experiências nucleares que deram errado e influenciaram diversos outros filmes e franquias que se seguiram na história do cinema.

Na vertente dos invasores e infiltrados, O Dia em que a Terra Parou (1951) de Robert Wise acompanha a chegada do alienígena Klaatu, e seu fiel robô Gort, à Terra. O objetivo da visita é deixar uma mensagem de paz a todas as lideranças do planeta. Porém, ao ser recebido como uma ameaça, o alienígena que tem aparência humana, resolve conviver durante algum tempo com uma típica família de classe média, para decidir se vale a pena ou não salvar o nosso planeta.

Na década de 1950, Hollywood vivia um período conhecido como Macartismo, em que ocorria uma forte “caça às bruxas” aos artistas que supostamente mantinham atividades de espionagem, explica Bruno Hilário. O filme Vampiros de Almas (1956) de Don Siegel faz uma referência não explicita a essa situação paranoica ao contar a história de uma invasão alienígena em que habitantes de uma pequena cidade apresentam estar possuídas ou alienadas com o objetivo de dominar o mundo.

Por fim, a mostra contempla adaptações de clássicos da literatura de ficção cientifica como A Guerra dos Mundos (1953), baseado no livro homônimo de H.G. Wells; 1984 (1956), de George Orwell;Viagem ao Centro da Terra (1959) e 20000 Léguas Submarinas (1954) de Jules Verne.

Ficção científica produzida no Brasil – Representantes brasileiros da ficção científica produzida na década de 1950 também foram incluídas na mostra. O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga, narra as aventuras de um homem que pensa ter encontrado o satélite russo Sputnik 1 no telhado de sua casa. No elenco principal, nomes como Oscarito, Zezé Macedo, Norma Benguell e Jô Soares. Outra produção nacional é Simão, o Caolho (1952) de Alberto Cavalcanti, que acompanha Simão, um personagem caolho e as experiências científicas às quais ele se submete para receber um novo olho com poderes especiais.

História Permanente do Cinema – As sessões da História Permanente do Cinema, sempre às quintas, às 17h, exibiram grandes clássicos da ficção científica mundial no período da mostra. No dia 25/1,Metrópolis (1927) de Fritz Lang; 15/2, Planeta dos Macacos (1968) de Franklin J. Schaffner; 22/2, 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968) de Stanley Kubrick e para fechar a programação, no dia primeiro de março, Tropas Estelares (1997). Todas as sessões serão comentadas.

 

Mostra FICÇÃO CIENTÍFICA ANOS 50

Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes

Endereço: Av. Afonso Pena, 1.537

Período: 22 de janeiro a 1º de março

Entrada gratuita

Informações para o público: (31) 3236-7400