FESTA DO ROSÁRIO DO SERRO VIRA TEMA DE LIVRO
Celebração religiosa mais antiga do Brasil é retratada em livro que será lançado no próximo dia 8 de dezembro
“O que não está escrito, o vento leva”, foi com essa sábia frase em mente dita por Dona Lucinha, que sua filha, Márcia Clementino Nunes, desengavetou e deu continuidade a um projeto que começou há mais de 30 anos, quando era uma jovem estudante de História pela UFMG.
Nascida na cidade do Serro e acompanhando todos os anos a Festa do Rosário, Márcia, com sua inquietude de pesquisadora e encantada com a magnitude, significado e cultura que o festejo histórico mineiro representa, reuniu no livro “Festa do Rosário do Serro” uma ótica diferente dessa comemoração tricentenária. Compilando histórias, imagens, versos, cantigas, rezingas e memórias, a artista agora apresenta uma reflexão crítica e interrogativa aos sentidos simbólicos da celebração.
O livro de 224 páginas, Festa do Rosário do Serro, ilustra em imagens e texto a complexidade da fé dos negros escravos na Nossa Senhora do Rosário, uma santa de tradição cristã e branca, que se transformou em protetora dos pretos de Minas Gerais. A narrativa explica e exemplifica – pelas lentes do fotógrafo Miguel Aun, a concretização de um rito antigo, que hoje já é patrimônio cultural da história do estado e do Brasil.
A escritora enxerga a devoção escrava, transformada em dança, batidas de tambor, fantasias e música como um universo simbólico riquíssimo e uma forma de superação à escravidão. “A Festa é linda, criativa, cultural… Uma conexão com o sagrado. Me dediquei a compreender os rituais e a importância mitológica dessa celebração anual. Mergulhei fundo e me apaixonei. No livro tento repassar esses sentimentos”, conta Márcia.
A Festa do Rosário do Serro em sua própria representação é um teatro que narra à história colonizadora de Minas Gerais e do Brasil. Nela, três grupos de dançantes – os catopês, os caboclos e os marujos, representando os negros, índios e brancos, as etnias básicas da formação brasileira, com caixas e tambores, armados de arcos e flechas – dançam – pela devoção da Nossa Senhora do Rosário. A autora reflete se esse enfrentamento era mesmo uma forma de aceitação da nova cultura imposta, ou se representava uma maneira de sobreviver e lutar de forma subliminar contra a escravidão.
Além de uma intrínseca pesquisa de campo, Márcia contou com a ajuda da historiadora Doia Freire, a captura das lentes do fotógrafo Miguel Aun, a editoria do jornalista Chico Brant, design de Mariana Brant e a acuidade do revisor Antônio Barreto. A realização é pela Lei Federal de Incentivo a Cultura – Rouanet e tem o patrocínio da CBMM e o apoio da Gasmig, Cemig, Banco BMG, Fundação Guimarães Rosa e AASER.
Autora: Márcia Clementino Nunes
Dia 8/12 –Sábado- das 10h às 15h – R. Padre Odorico, N. 38, Savassi – Calçadões em torno do Restaurante Dona Lucinha
Dia 11/12 – Terça-feira- as 19h – Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa – Praça da Liberdade, 21 – Funcionários.
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