Figurinos sustentáveis do Grupo Somos unem arte, consciência e transformação

Pensados para refletir os valores do projeto e minimizar impactos ambientais, figurinos foram desenvolvidos a partir de materiais reaproveitados, customizados e doados, reforçando a importância da arte como instrumento de transformação social e ambiental. Público pode conferir as peças em show do Grupo Somos na Virada Sustentável, em 10 de maio 

Os figurinos utilizados pelo Grupo Somos – formado por 20 jovens participantes do Projeto Somos Comunidade – são exemplos de como a arte pode caminhar lado a lado com a sustentabilidade e o impacto social positivo. Criados com materiais reaproveitados, doados ou reciclados, essas peças vestem os artistas com propósito e consciência, refletindo os valores do grupo e do próprio projeto. O público terá a oportunidade de conhecer estes figurinos no sábado, dia 10 de maio, quando o Grupo Somos se apresentará na Virada Sustentável, no Palco Sapucaí, às 14h30. Outras atividades do projeto também estão previstas com Oficina de Danças Urbanas e Oficina Tambores e Ritmos, que também utilizam materiais reciclados. Outras apresentações estão marcadas para maio e junho. 

A escolha por práticas sustentáveis não é casual: a indústria da moda é atualmente responsável por cerca de 8% a 10% das emissões globais de carbono, segundo a ONU Meio Ambiente, além de consumir grandes quantidades de água e gerar aproximadamente 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano. “Ao optar por técnicas de upcycling e pelo reaproveitamento de materiais, o projeto Somos Comunidade, que tem o patrocínio do Instituto Unimed-BH, contribui para um movimento que busca reverter esses impactos, usando a criatividade como ferramenta de transformação”, explica Lilian Nunes, diretora artística e executiva da Coreto Cultural, realizadora do Somos comunidade.

Sob a direção da figurinista Priscila Gouthier, o processo criativo foi pautado pela responsabilidade ambiental e pela valorização dos talentos locais. Com 12 anos de experiência como figurinista e passagens importantes pelo universo da moda — incluindo formação em Design de Moda, a criação de uma marca própria de acessórios e participações no São Paulo Fashion Week — Priscila elaborou um conjunto de peças que une técnica, sensibilidade e consciência social. “Nosso trabalho é dar vida ao que já existe, transformar e criar com propósito. O figurino representa cada artista no palco e também carrega uma mensagem de consciência e de união”, explica a figurinista que integra o projeto Somos Comunidade, há mais de 10 anos.

Desde a concepção, a equipe optou por materiais reaproveitados, apostando no uso de tecidos reciclados, finais de produção de fábricas, itens com pequenos defeitos (LDs) e pontas de estoque. Nada era descartado: sobras de tecidos foram transformadas em adereços, joelheiras e enfeites de cabelo, ampliando a vida útil dos materiais e minimizando o desperdício.  O projeto também contou com o apoio dos médicos cooperados do Instituto Unimed-BH, patrocinador do projeto, que colaboraram com a doação de roupas como camisas, gravatas e peças jeans. Essas doações foram fundamentais para ampliar o acervo de materiais disponíveis. 

Todo o processo seguiu técnicas de upcycling e reaproveitamento total dos materiais, transformando peças que poderiam ser descartadas em criações únicas e carregadas de significado. Para o espetáculo de cenas curtas que está em circulação com o Grupo somos, por exemplo, os macacões de uma montagem anterior foram reutilizados: tingidos, grafitados e remodelados em novas peças. No figurino das danças urbanas, peças jeans de brechós, outlets e doações também foram customizadas com tecidos de fim de coleção e pequenos retalhos — tudo para evitar o desperdício e ampliar o ciclo de vida dos tecidos. 

Além da preocupação ambiental, o projeto também fortalece os laços com a própria comunidade. Costureiras e artistas locais do Morro das Pedras foram convidados a intervir nos figurinos, grafitando calças e outras peças reutilizadas, agregando identidade e representatividade às criações. Essa participação ativa dos moradores reforça a proposta de coletividade do Grupo Somos, conectando o figurino à cultura e à expressão da própria comunidade que ele representa no palco. 

O figurino não apenas compõe a estética das cenas e músicas apresentadas, mas é parte essencial da narrativa: reforça o conceito de coletividade, a valorização das raízes locais e a importância da responsabilidade ambiental. A escuta atenta aos artistas, outro pilar do processo de criação, garante que cada figurino seja genuinamente representativo — feito a muitas mãos e vozes. “No Projeto Somos Comunidade, arte e sustentabilidade se entrelaçam para mostrar que é possível criar beleza, impactar positivamente o meio ambiente e inspirar mudanças a partir de escolhas conscientes e da valorização do que temos ao nosso alcance”, reforça  Priscila Gouthier.

Grupo Somos

Há mais de uma década, o programa Somos Comunidade promove empreendedorismo, economia criativa e transformação social em Minas Gerais, com atuação nas comunidades do Morro das Pedras, em Belo Horizonte, e em Contagem. A partir de uma audição, 20 jovens de escolas públicas formaram o grupo experimental “Somos”, que estreou em 2024 no festival homônimo. Neste ano, o grupo segue em formação com aulas de diferentes estilos de dança — como Jazz, Hip Hop, Street Dance e Clássico — e circula por festivais da cidade com cenas curtas do espetáculo apresentado no Parque Municipal, ampliando a capacitação técnica, a versatilidade e a visibilidade dos participantes. 

Programa Somos Comunidade

Em ciclos alternados de mapeamento, sensibilização, formação e apresentações artísticas, o programa Somos Comunidade envolve uma média anual de 1.000 agentes culturais – entre artistas e postos de trabalho – e já contemplou quase 65.000 pessoas de público direto presencial. Desde 2014, viabilizou mais de 50 atividades de sensibilização e formação artística, produziu quatro espetáculos com seis apresentações e média de elenco de 400 pessoas cada, lançou um documentário espetáculo, Não Há Sol a Sós (2021), gravado e encenado pelos moradores do aglomerado do Morro das Pedras e contou com as participações de Lô Borges, Toquinho, Elza Soares, Carlinhos Brown, Mônica Salmaso, Fernanda Takai, Tizumba, Adrianna Moreira, Marcelo Veronez, Pedro Morais e Chama o Síndico em suas edições.

Entre 2022 e 2023, o Somos Comunidade expandiu suas atividades para a cidade de Contagem, com a realização de oficinas presenciais sobre técnicas dos bastidores das artes cênicas – maquiagem, cabelo, figurino, cenário, audiovisual, produção, divulgação e escrita de projetos, além de mostras no Parque Américo Renné Giannetti em Belo Horizonte e no Parque Fernão Dias em Contagem, com a coprodução do espetáculo “A Máquina do Mundo” em parceria com o Instituto Cultural CircoLar (ICC).

Iniciado em 2024, o Ciclo III viabilizou em 12/10 um festival especialmente produzido para o Dia das Crianças no Parque Municipal de Belo Horizonte. O evento contou com apresentações de Thiago Delegado (Sambaby) e Pé de Sonho, além do espetáculo Somos Todos Um” e diversas atividades de sensibilização artística, como oficinas e apresentações de projetos parceiros. A formação do grupo experimental, iniciada no mesmo ano, tem agora sua continuidade em 2025, com aulas e práticas formativas que incluem a circulação de cinco cenas curtas em sete importantes festivais da região metropolitana. Até o fim do ciclo em curso, o programa promete também entregar quatro oficinas artísticas de até 12 horas, abertas ao público, com temas a serem definidos a partir da escuta nos territórios de atuação.

Somos Comunidade na Virada Sustentável

Além da apresentação das cenas curtas do Grupo Somos, o projeto Somos Comunidade participa da programação da Virada Sustentável com duas oficinas no Palco Sapucaí. No sábado, dia 10/05, das 14h às 14h30, será realizada a Oficina de Danças Urbanas, ministrada por Marlon Castro. Ex-aluno de projetos sociais, Marlon atua como professor e coreógrafo nas turmas de danças urbanas da Escola de Artes Instituto Unimed-BH e do Arautos do Gueto, com sedes no Morro das Pedras. Na atividade, ele e seus alunos conduzem uma prática interativa com coreografias e figurinos confeccionados com materiais reciclados nas oficinas do projeto.

No domingo, dia 11/05, das 14h às 15h, acontece a Oficina de Tambores e Ritmos, com Anderson Silva, conhecido como Dodó. Com trajetória semelhante, Dodó é professor, regente e gestor de iniciativas como Arautos do Gueto, Agbara e Bloco do Arautos. Ele também coordena as turmas de percussão da Escola de Artes Instituto Unimed-BH. A oficina apresenta tambores produzidos com materiais recicláveis nas oficinas do Somos Comunidade e propõe ao público uma vivência musical com técnicas de customização e ritmos percussivos. Os participantes poderão levar os instrumentos confeccionados durante a atividade.

Agenda Grupo Somos

17/5, sábado, 10h, na Praça da Assembléia, na programação do Meu Vizinho Pardini 

07/06, sexta, no Festival de Outono, em Betim

14/06, sábado, no C.A.S.A (sede Cia Suspensa + Armatrux), no Festival 4 Estações, em Nova Lima 

Instituto Unimed-BH

O Instituto Unimed-BH completou 22 anos em 2025 e conta com o apoio de mais de 5,7 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente, através de projetos patrocinados em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura.