Exposição Real de Pedro Neves 23/11 a 20/12

Rodrigo Ratton Galeria apresenta obras de Pedro Neves na exposição ‘Real’

A mostra acontece do dia 23 de novembro a 20 de dezembro com criações que reforçam a relevância da memória para a construção da cultura brasileira

Falar do cotidiano, das línguas, da memória e da importante valorização dos negros na história mundial. Esses são alguns dos motes da mostra ‘Real’, do artista visual Pedro Neves, nascido no maranhão, mas morador de Belo Horizonte, que tem um forte trabalho na linguagem da pintura, escultura e fotografia em suportes variados. A exposição, que contará com 8 obras inéditas, acontece do dia 23 de novembro a 20 de dezembro na Rodrigo Ratton Galeria (Rua Alagoas, 1314, loja 27c, Shopping 5ª Avenida, Savassi, Belo Horizonte/ MG). A mostra tem entrada gratuita, mediante agendamento prévio pelo WhatsApp 31 99981-9281.

De acordo com Pedro Neves, a exposição ‘Real’ quer buscar o interior da memória de cada visitante. Ou seja, de uma forma que eles se prendam a importância da história da população negra em variados contextos. “Real é sobre a ressignificação da nossa memória, sobre uma busca pela realeza que acontece no cotidiano. Ou seja, o que tem de real no nosso mundo passa longe de regalias da monarquia, já que nossos barracos são castelos e nossa carruagem é um ônibus lotado, com tantas outras realezas que servem a um rei sem face. ‘Real’ é tentar aprender a nossa língua materna, um resgate identitário do povo brasileiro, que nasceu para servir, mas não aguenta mais viver assim”, comentou.

Segundo o artista, ele quer mostrar, também, a importância de ser ter o conhecimento de outras línguas. Para ele, esse é ponto importante para a formação de pensamento. “Em uma conversa com minha amiga Eliza, ela me disse que aprender outra língua é aprender outra forma de pensamento. Assim, nessa linha de raciocínio, os muene kongo e sua corte, outrora composta por quendaimes, bonizames, narquim, subão, canator, cusame e acunda, se ressignificam na maneira eurocatólica de monarquia, abandonando as nomenclaturas congolesas para assumir a posição de reis e rainhas dos bailes de congo”, completa.

Memórias

Ainda para o artista Pedro Neves, ao tirar a língua de um povo, se fragiliza sua cultura, filosofia, crenças e identidade. “Apesar de tudo, o corpo guarda memórias que a mente não consegue ler. A cultura popular denuncia isso, nas cortes dos reinados, reisados, maracatus, cabindas pernambucanas, cacumbis cariocas, baião de princesas maranhense e uma infinidade de culturas e tradições. A memória de quem fomos permanece viva no corpo, no canto, danças, lutas e festas, mas e no dia-a-dia? Assim, ‘Real’ é ver que como a estrutura colonial se reproduz”, salienta.

“Falo de negros de ganho trocando seu tempo e saúde por trabalhos fatídicos, artistas negros sendo exibidos como troféus, mas nunca sendo respeitados como pessoas, mulheres negras sendo vendidas como pedaço de carne, com povos indígenas tendo seus terrenos incendiados e desapropriados. ‘Real’ é ver que 500 anos de Brasil e o Brasil aqui nada mudou, nossa realeza é a memória da identidade que tentaram deixar do outro lado da calunga, mas o corpo guarda”, conclui Pedro Neves.

Convite

De acordo com o galerista Rodrigo Ratton, sua galeria trabalha com poucos artistas, mas o trabalho de Pedro Neves chamou sua atenção. “Neste ano, convidei o Pedro pra fazer parte do time de artistas representados por nós. Ele tem um trabalho que se identifica muito com a nossa proposta. Apesar do pouco tempo de carreira, percebi muitas qualidades e um potencial incrível que merece ser conhecido pelo público”, destaca.

Pedro Neves

É nascido de imperatriz Maranhão e morador de Belo Horizonte. Seu trabalho circula pela linguagem da pintura, escultura e fotografia em suportes variados, partindo da necessidade de repensar a história do povo brasileiro, através de representações de culturas tradicionais, cotidiano periférico, relações familiares e quais sequelas foram herdadas do colonialismo e imperialismo ainda presentes no Brasil republicano. Sua pesquisa consiste em contar uma história tendo como ponto de partida suas vivências, onde os atravessamentos históricos sociais representam grande peso nos pequenos problemas do cotidiano.

Local: Rodrigo Ratton Galeria – Rua Alagoas, 1314, loja 27c, Shopping 5ª Avenida, Savassi, Belo Horizonte/ MG

Data: 23 de novembro a 20 de dezembro

Entrada gratuita (mediante agendamento prévio pelo WhatsApp 31 99981-9281).

Classificação livre

Mais informações ao público:

Instagram da Galeria Rodrigo Rattonhttps://www.instagram.com/galeriarodrigoratton