Letra em cena on-line. Como ler Carlos Drummond de Andrade 22/03

Como ler Drummond
Primeira sessão do Letra em Cena em 2022 apresenta José Miguel Wisnik analisando a obra de Drummond, no YouTube
A primeira sessão da edição 2022 do programa literário do Centro Cultural Unimed-BH Minas, “Letra em cena. Como ler…”, será com o ensaísta, professor, escritor e músico José Miguel Wisnik, sobre a obra do poeta maior, Carlos Drummond de Andrade. A conversa entre Wisnik e o jornalista e curador do programa literário, José Eduardo Gonçalves, será exibida no canal oficial do Minas Tênis Clube no YouTube, dia 22, terça-feira, às 20h.

A leitura de poemas de Drummond será feita pelo ator mineiro Odilon Esteves. Não é necessário inscrição.Autor do livro “Maquinação do Mundo – Drummond e a Mineração”, Wisnik afirma que “a obra de Drummond é inseparável da mineração”. Em 2014, José Miguel Wisnik foi até Itabira, cidade que fica a 105 km da capital mineira. “A Vale minerou o pico [do Cauê] até ele virar uma cratera.

A mineração fez a Igreja tombar. E a fazenda da família de Drummond virou um campo de rejeitos [de minério] da Vale”, disse Wisnik, em uma palestra concedida na Universidade Federal da Bahia (UFBA) intitulada “Poetas que pensaram o mundo: Drummond e a maquinação do mundo”. Essa primeira visita de Wisnik à cidade de Itabira foi impactante. Ele já era um profundo conhecedor da obra de Drummond, e ver o local destruído pela mineração foi muito perturbador. Depois de visitar a cidade, a obra de Drummond ganhou um novo formato para Wisnik. “Foi uma transformação, uma coisa radical e definitiva”, disse o professor.  
De acordo com o curador do “Letra em cena. Como ler…”, José Eduardo Gonçalves, está presente na poesia de Drummond a questão da mineração de forma muito intensa. “A mineração impactou muito a obra dele, durante toda a sua vida ele combateu a exploração da cidade de Itabira por conta da exploração do minério de ferro. Não só em sua poesia, mas também como cronista”, observa o jornalista.

José Eduardo aponta que a análise da obra drummondiana por José Miguel Wisnik foi para um lado pouco explorado. “Drummond é um poeta que absorve a história e ele percebeu o impacto da atividade mineradora na transformação total da geografia da sua cidade natal. O poeta tentou responder pela poesia, pela crônica e pelo debate jornalístico essas questões e Wisnik percebeu isso, e afirma que a obra de Drummond é pioneira na observação e na denúncia dessas ações em Itabira”, ressalta o curador do programa literário. 

Wisnik aponta que Drummond percebia que a destruição da sua cidade impactava na construção e no novo desenho do mundo. “Em um poema de Drummond chamado América, tem um verso que diz assim: ‘Uma rua começa em Itabira, que vai dar no centro da terra’. Itabira se comunica com o mundo. Há um sentimento do mundo em Itabira, que imaginamos ser uma cidadezinha pequena e pacata, e que de repente entra no centro de grandes disputas mundiais”, disse Wisnik. 

O que torna Drummond um poeta diferente é que ele foi marcado pela tensão permanente entre a experiência provinciana e o desejo de entender o mundo moderno. “Drummond tinha, segundo Wisnik, uma fome de mundo. O poeta se colocava diante do mundo, uma das palavras mais presentes na obra do autor, segundo o palestrante. Drummond não tinha medo, se colocava inteiro ali, mesmo com todas as suas contradições, ambiguidades e complexidades. Ele se dispôs a viver isso”, conta o curador do Letra em cena.


Letra em cena on-line. Como ler Carlos Drummond de Andrade, por José Miguel Wisnik
Data: 22 de março, terça-feira.
Horário: 20h.
Local: no canal do Youtube do Minas Tênis Clube.
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